Os acontecimentos do
Itaquerão, em que a presidente da República foi sonora e desrespeitosamente xingada
com palavra de baixo calão, nunca pronunciada, em público, contra autoridade da
importância da presidente da República, certamente são reflexo do momento
político brasileiro, resultante do posicionamento ideológico adotado pelo
governo. Vejam que a presidente, com o beneplácito do seu partido, se empenha ostensivamente
em dividir o país em duas classes distintas, sendo uma privilegiada,
considerada por ela como oprimida, pobrezinha e somente digna do merecimento dos
programas assistencialistas, consistentes nas bolsas e nas cotas raciais e
sociais, e outra tida por burguesa, elite, à qual é injustamente considerada pelo
governo de oposição ao sistema socialista em curso. Os fatos mostram que a
administração do país privilegia os programas assistenciais, com notório
desprezo às demais políticas públicas, a exemplo de segurança pública, saúde
pública, educação, transportes, saneamento básico etc., que não prejudicam
somente a denominada elite, mas, sobretudo, toda população indistintamente,
ante a notória precariedade da prestação dos serviços públicos, com destaque, entre
tantas deficiências, quanto à assistência à saúde pública, que é verdadeira
lástima visível, menos para o governo. É inadmissível que o ex-presidente da
República petista tenha atribuído a culpa pelo infausto episódio à elite
brasileira, que teria sido incentivada pela imprensa, que é outro segmento
malquisto pelo governo, por ser responsável pelas frequentes denúncias de
malversação de recursos públicos, com origem na administração do país. Não
deixa de ser inconcebível que o principal responsável pela manutenção das
políticas públicas do governo, a quem é impingida uma das maiores cargas
tributárias do planeta, seja tachada de prepotente, arrogante e contrária ao
direito de os pobres terem condições de serem assistidos condignamente. No
caso, o próprio governo nutre a divisão entre os brasileiros, quando, ao
contrário, ele tem o dever constitucional de uni-los num só propósito em busca
do progresso e do desenvolvimento da nação. À toda evidência, essa surpreendente
lição de insensibilidade ideológica e filosófica de governo jamais
deveria ser defendida num país eternamente considerado emergente, que
nunca se desenvolverá social e politicamente enquanto houver essa mediocridade
e irracionalidade de dividir seu povo em classes, com a demonstração de que uma
deva ser privilegiada, sob as razões que são sobejamente sublimadas nos
cristalinos projetos de perenidade do poder, enquanto a outra classe não passa
de pessoas consideradas empecilhos aos anseios políticos, de quem desrespeita
os sublimes princípios republicanos e democráticos, por se posicionar como
partido que governa prioritariamente para o bem de sua base de sustentação do
governo e para a classe pobre, como se o país não fosse a união, o conjunto,
dos brasileiros, indistintamente sem essa medíocre mentalidade política de
privilégio de classe, que apenas tem o condão de disseminar o desentendimento e
ódio entre os patrícios. Talvez o episódio do Itaquerão possa servir para as
classes políticas dominantes refletirem quanto à urgente necessidade da
avaliação sobre esse projeto de socialização, que poderia ser substituído por
entendimento nacional no sentido de que as políticas públicas devessem ter por
objetivos apenas o desenvolvimento do país, com embargo de se privilegiar senão
a ideologia capaz de serem beneficiados os brasileiros indistintamente, no seu
conjunto, de modo que as políticas públicas passem a ser ajustadas às
peculiaridades da nação e que sejam respeitados os salutares princípios
republicanos e democráticos de que os cidadãos são iguais em direitos e
obrigações, não sendo justo que nenhum governante decida administrar a nação
tão somente visando à melhoria de parcela de brasileiros, principalmente quando
as motivações para isso são ridicularmente tendenciosas e interesseiras. É
evidente que jamais teria havido xingamentos se os fatos políticos não tivessem
desembocado nessa infeliz ruptura optada pelo governo de privilegiar alguns e
de declarar guerra contra outros, em acintosa disputa somente prejudicial aos
interesses nacionais. Não há dúvida de que ainda falta muita maturidade e
inteligência aos homens públicos brasileiros para vislumbrar que a modernidade
política precisa, com urgência, tornar-se realidade no país, como forma de
apascentar as ideias do entendimento e da convivência pacífica entre os
brasileiros, por serem fatores capazes de contribuir para o verdadeiro
desenvolvimento social, político, econômico e democrático da nação. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de junho de 2014
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