domingo, 15 de junho de 2014

Condenável divisão entre os brasileiros

Os acontecimentos do Itaquerão, em que a presidente da República foi sonora e desrespeitosamente xingada com palavra de baixo calão, nunca pronunciada, em público, contra autoridade da importância da presidente da República, certamente são reflexo do momento político brasileiro, resultante do posicionamento ideológico adotado pelo governo. Vejam que a presidente, com o beneplácito do seu partido, se empenha ostensivamente em dividir o país em duas classes distintas, sendo uma privilegiada, considerada por ela como oprimida, pobrezinha e somente digna do merecimento dos programas assistencialistas, consistentes nas bolsas e nas cotas raciais e sociais, e outra tida por burguesa, elite, à qual é injustamente considerada pelo governo de oposição ao sistema socialista em curso. Os fatos mostram que a administração do país privilegia os programas assistenciais, com notório desprezo às demais políticas públicas, a exemplo de segurança pública, saúde pública, educação, transportes, saneamento básico etc., que não prejudicam somente a denominada elite, mas, sobretudo, toda população indistintamente, ante a notória precariedade da prestação dos serviços públicos, com destaque, entre tantas deficiências, quanto à assistência à saúde pública, que é verdadeira lástima visível, menos para o governo. É inadmissível que o ex-presidente da República petista tenha atribuído a culpa pelo infausto episódio à elite brasileira, que teria sido incentivada pela imprensa, que é outro segmento malquisto pelo governo, por ser responsável pelas frequentes denúncias de malversação de recursos públicos, com origem na administração do país. Não deixa de ser inconcebível que o principal responsável pela manutenção das políticas públicas do governo, a quem é impingida uma das maiores cargas tributárias do planeta, seja tachada de prepotente, arrogante e contrária ao direito de os pobres terem condições de serem assistidos condignamente. No caso, o próprio governo nutre a divisão entre os brasileiros, quando, ao contrário, ele tem o dever constitucional de uni-los num só propósito em busca do progresso e do desenvolvimento da nação. À toda evidência, essa surpreendente lição de insensibilidade ideológica e filosófica de governo jamais deveria ser defendida num país eternamente considerado emergente, que nunca se desenvolverá social e politicamente enquanto houver essa mediocridade e irracionalidade de dividir seu povo em classes, com a demonstração de que uma deva ser privilegiada, sob as razões que são sobejamente sublimadas nos cristalinos projetos de perenidade do poder, enquanto a outra classe não passa de pessoas consideradas empecilhos aos anseios políticos, de quem desrespeita os sublimes princípios republicanos e democráticos, por se posicionar como partido que governa prioritariamente para o bem de sua base de sustentação do governo e para a classe pobre, como se o país não fosse a união, o conjunto, dos brasileiros, indistintamente sem essa medíocre mentalidade política de privilégio de classe, que apenas tem o condão de disseminar o desentendimento e ódio entre os patrícios. Talvez o episódio do Itaquerão possa servir para as classes políticas dominantes refletirem quanto à urgente necessidade da avaliação sobre esse projeto de socialização, que poderia ser substituído por entendimento nacional no sentido de que as políticas públicas devessem ter por objetivos apenas o desenvolvimento do país, com embargo de se privilegiar senão a ideologia capaz de serem beneficiados os brasileiros indistintamente, no seu conjunto, de modo que as políticas públicas passem a ser ajustadas às peculiaridades da nação e que sejam respeitados os salutares princípios republicanos e democráticos de que os cidadãos são iguais em direitos e obrigações, não sendo justo que nenhum governante decida administrar a nação tão somente visando à melhoria de parcela de brasileiros, principalmente quando as motivações para isso são ridicularmente tendenciosas e interesseiras. É evidente que jamais teria havido xingamentos se os fatos políticos não tivessem desembocado nessa infeliz ruptura optada pelo governo de privilegiar alguns e de declarar guerra contra outros, em acintosa disputa somente prejudicial aos interesses nacionais. Não há dúvida de que ainda falta muita maturidade e inteligência aos homens públicos brasileiros para vislumbrar que a modernidade política precisa, com urgência, tornar-se realidade no país, como forma de apascentar as ideias do entendimento e da convivência pacífica entre os brasileiros, por serem fatores capazes de contribuir para o verdadeiro desenvolvimento social, político, econômico e democrático da nação. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de junho de 2014

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