O programa Fantástico
da Rede Globo de Televisão apresentou retrato vivo e irretocável sobre a
famigerada corrupção no Brasil, tendo por base a participação de pessoas
envolvidas nas irregularidades e tramoias engendradas no âmbito da política.
Segundo levantamentos promovidos por um juiz de Direito, o “Político não tem remorso. Político tem conta
bancária”. Político não sabe o que é ter escrúpulos: “Existem várias formas de desviar dinheiro público”. Essa “É a representação de parlamentares que
existem, que ocupam grande parte das cadeiras parlamentares do Brasil e que
precisam deixar de existir. Não
precisa fazer muita coisa para ter o voto porque a população não tem força nem
segurança para contestar nada. Para
ser eleito é preciso pagar, comprar apoio político, e que é essa a base dos
gastos de campanha”. Segundo o programa, o Brasil é recordista mundial da
gastança nas campanhas eleitorais, onde são feitas as campanhas mais
extravagantes e caras do planeta, proporcionalmente à riqueza do país. Na
última eleição, foram gastos mais de R$ 4,5 bilhões, com recursos oriundos, na sua
expressiva maioria vindos de três empreiteiras, mas a dinheirama também é levantada
por “baixo dos panos”. Foi revelado pelo juiz “O uso da agiotagem como fundo de dinheiro para política, que me
surpreendeu”, cujos empréstimos ilegais serão “pagos” depois da posse. Segundo
um assessor, com o mandato endividado com os gastos de campanha, o político
utiliza dinheiro que seria destinado à educação, que não será notado nem mesmo
pelos órgãos de controle e fiscalização, como os tribunais de contas, que são
considerados cúmplices com as falcatruas. Já no caso das empreiteiras, que
contribuíram com o financiamento das campanhas, foi dito que serão criadas
licitações fraudulentas, para a realização de obras superfaturadas e que "As empresas, elas não doam. Elas antecipam
um dinheiro que será depois obtido e multiplicado por muitas vezes através de
contratos dirigidos e direcionados". Um especialista disse que “Uma relação de causa e efeito entre o ato de
doar e o que pode vir depois, contratos com poder público”. O assessor
afirmou que a relação com os agiotas tem consequência danosa: "Aparenta uma doação, mas, na verdade, é um
empréstimo que será pago a duras penas pela sociedade. Incrível o que eles
relatam: 10% a 20% ao mês de juros. O
agiota recebe o cheque da conta pública. É um sistema perverso. Quem paga é a
população, não é o prefeito”. Uma promotora de Justiça disse que os
moradores de uma cidadezinha do Maranhão sentem na pele os efeitos das
falcatruas dos políticos, haja vista que “As
investigações conseguiram demonstrar que foram feitas diversas transferências
bancárias com recursos públicos para conta da campanha”, fato esse que
causou a falta da merenda escolar e a evasão de um terço dos alunos, no ano da
eleição para prefeito. Segundo o juiz, as famosas emendas parlamentares
alimentam maior parte dos recursos, que são desviados por meio das liberações
das verbas aprovadas nos orçamentos públicos, mediante projetos destinados a
obras de seu interesse: "Eles vinculam
a destinação da emenda à retenção de uma importante parcela do valor daquela
emenda. Uma porcentagem que, segundo todas as minhas fontes, é de no mínimo
20%. E que pode chegar a parcelas bem maiores de 30% e até 50%". O assessor assegurou que “Os deputados que eu conheço, todos pegam
retorno das suas emendas. Se ele põe R$ 1 milhão, na faixa de uns R$ 300 mil
fica para a campanha do deputado.”. O restante da verba ainda sofre desfalque,
resultando muito pouco para a aplicação na sua verdadeira destinação, causando
significativo dano ao interesse público. O juiz garante que "O desvio é feito de duas formas. Uma:
o superfaturamento da obra que é apresentada um valor maior do que realmente
deveria ter. Ou então com a execução da obra em padrão distinto daquele
tecnicamente definido. Além de superfaturar, ainda se constrói abaixo dos
requisitos técnicos". Já um procurador declarou que “Muitas vezes isso é disfarçado de obras que
parecem legítimas, sem que saibamos como a obra foi feita. Possivelmente com irregularidade
e falhas técnicas”. É induvidoso que os fatos mostrados pelo Fantástico são
gravíssimos e comprometedores, por denunciar a forma espúria e inescrupulosa
como os recursos públicos são desviados dos cofres públicos, num processo
ardiloso, sob o manto de completa irregularidade, para o financiamento de
campanha dos profissionais da política. As declarações apresentadas no programa
parecem confirmar o que se suspeita sobre a agressiva maneira como os
parlamentares aprovação e impuseram a obrigatoriedade de o governo liberar os
recursos pertinentes às emendas por eles aprovadas para os seus projetos,
quando se sabe, a teor do princípio constitucional, que a aplicação dos orçamentos
públicos é da competência exclusiva do Executivo. Agora, é muito grave que não
haja a devida fiscalização a cargo dos órgãos de controle sobre a execução das
despesas pertinentes aos recursos destinados aos projetos dos políticos. Não há
dúvida de que, caso sejam confirmados os fatos denunciados, fica caracterizada a
inobservância dos princípios da dignidade, moralidade, probidade e honestidade por
parte dos homens públicos que são eleitos com a exclusiva finalidade de
representar o povo e não a si próprio nem de defender seus interesses. Também é
injustificável que a sociedade não se interesse em acompanhar e fiscalizar a
atuação dos políticos eleitos com o seu voto. O povo brasileiro precisa, com
urgência, se conscientizar sobre a sua importância de fiscalizar a atuação dos
homens públicos que, em tese, deveriam ser seus representantes constitucionais,
e exigir que eles exerçam os cargos públicos eletivos em estrita observância
dos princípios da ética, da moral, da probidade, do decoro e da honorabilidade.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 11 de junho de 2014
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