A
última eleição municipal suscitou a urgente necessidade da renovação das lideranças
político-partidárias, de modo a possibilitar também a mudança da mentalidade
dos homens públicos, no sentido de entender que a representação popular tem
como pressuposto a plena e exclusiva satisfação do interesse público.
Os
brasileiros anseiam por que sejam sepultadas, o quanto antes, as habituais
manobras políticas deletérias associadas à consciência malformada dos velhos
caciques, que já se habituaram com o completo desleixo político que impera nos
seus atos voltados para a reafirmação das práticas oportunistas em defesa de
suas conveniências e seus interesses, em claro detrimento das causas da população.
O
que se pretende mesmo é a urgente eliminação das arraigadas práticas segundo uma
das quais os retrógrados políticos elegeram seus partidos como suas verdadeiras
propriedades, nos quais somente são aceitos como filiados aqueles que confessarem
fidelidade às ideologias de seus donatários, não havendo facilidade para quem
se disponha a trabalhar para o bem-estar da população, em defesa do interesse
público, que tem tão somente essa finalidade.
Há
enorme expectativa quanto à futura administração da cidade de São Paulo, que
elegeu candidato novo na política e teve como mérito para vencer seus
adversários a coragem de afirmar, reiteradamente, que não tinha os nefandos ranços
dos calejados políticos tupiniquins, sendo, ao que tudo indica, a senha para
concluir o processo eleitoral logo no primeiro turno, sem necessidade de
demonstrar capacidade para o enfrentamento dos graves problemas da grande
capital.
Em
São Paulo, pelo menos, o primeiro e importante passo foi dado, na direção
correta da escolha de candidato que realmente pode representar mudança da
mentalidade existente nas velhas raposas políticas, que sempre prometem para os
eleitores as mil maravilhosas como plano de governo, mas nem sempre ou nunca as
cumprem, ficando tudo no que era ou ainda até pior, como no caso do atual
prefeito, que foi reprovado nas urnas, em retumbante derrota, certamente por
ter deixado de realizar boa gestão.
O
prefeito eleito de São Paulo poderia muito bem se espelhar no atual prefeito daquela
capital, para fazer tudo ao contrário dele, tendo em vista que o petista prometeu
ser “diferente”, conforme o seu slogan de campanha, mas, na realidade, nada de
novo foi implementado e o resultado do seu trabalho foi traduzido com
fidelidade nas urnas, com baixíssimo índice da preferência ou aceitação do
eleitorado, que disse em bom e claro português que ele não conseguiu passar além
do “poste” criado pelo todo-poderoso.
A
eleição de São Paulo serviu para mostrar que a população pretende realmente
introduzir mudanças significativas na representação política, por meio da
substituição de políticos que já mostraram a sua incompetência administrativa,
a exemplo das candidaturas do atual prefeito e das duas ex-prefeitas daquela
cidade, que, juntos, conseguiram somente um punhado de votos, em consonância
com suas medíocres passagens como prefeitos da maior capital do país, que não
deixaram a mínimo saudade, conforme registram os votos por eles recebidos.
O
prefeito eleito de São Paulo é a esperança de renovação na política, por já ter
incutido na cabeça dos eleitores, durante a campanha, que não era político, que
foi forma de marketing estrategicamente inteligente destinada que parece ter dado
certo, com vistas à exploração do imaginário do eleitorado ávido por real mudança
da classe política.
Agora
é curioso se perceber que a fórmula imaginada para a criação de “portes” em São
Paulo somente muda de lado, uma vez que, agora, foi a vez de o governador
daquele estado criar o seu “porte”, imitando a invenção pioneira do petista, na
campanha passada, e ambos foram vitoriosos, bastando torcer para que o futuro
prefeito tenha luz própria e consiga se iluminar para que sua gestão seja
efetivamente profícua e demonstre competência para demover de seu currículo
esse péssimo título, que, até aqui, tem combinado muito mais com as pechas de precariedade
e ineficiência.
Não
há a menor dúvida de que o quadro atual, que é forte a prevalência do poder dos
velhos caciques, existe desalento com a política e isso fica muito claro com
relação aos eleitores jovens, que anseiam por significativas mudanças da
politicagem destruidora dos princípios da eficiência e da modernidade
administrativas, que devem acompanhar os avanços e as conquistas da humanidade.
É
evidente que a maneira mais produtiva para a realização de mudanças na política
seria a promoção de reformas gerais e abrangentes, como forma de contar com a
colaboração dos eleitores jovens, que têm muito a contribuir para o processo de
mudança que se impõe com urgência, por meio do que se podem operar o
aperfeiçoamento e a modernidade dos sistemas político-partidários, tendo como
premissa a completa extinção das obsoletas práticas políticas, que somente
beneficiam clubes de políticos de mentes deformadas que miram senão a
realização de seus interesses e seus sonhos políticos de dominação e de poder.
À
toda evidência, os eleitores mais jovens não se identificam, em hipótese
alguma, com as velhas práticas impostas nas cartilhas dos atuais partidos, uma
vez que a sua ideologia pragmática não condiz com a evolução da tecnologia e da
ciência, que se traduz em verdadeira conquista da humanidade, conquanto as práticas
políticas dos caciques tupiniquins a ignoram, diante da possibilidade perda do
domínio e do poder.
Urge
que haja reformulação da atual concepção dos partidos políticos, que precisam passar
a atuar e funcionar como verdadeiros representantes da sociedade, na forma
existente nos países sérios, civilizados, responsáveis e evoluídos econômico e
democraticamente, deixando de ser simples entidades que servem como instrumento
para a implementação dos interesses de seus donatários, de modo que as novas
lideranças sejam capazes de lutar pelo bem comum, criar novas funções sociais e
repudiar qualquer prática contrária ao atendimento das aspirações da sociedade, porque estas se harmonizam com os reais princípios humanitário e democrático. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 1º de novembro de 2016
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