O presidente da República, em perfeita harmonia com
o seu pensamento negacionista, em live, dias atrás, citando notícia falsa,
disse, pasmem, que as vacinas estão antecipando a Aids nas pessoas.
Por incrível que possa parecer, mas é verdade que o
presidente do país tenha dito que “As pessoas totalmente vacinadas estão
adquirindo Aids antes do previsto”.
Caso o estudo citado tivesse sido verdadeiro, o
conteúdo da matéria era totalmente mentiroso, inverossímil, porque jamais seria
possível vacina causar ou “antecipar” o contágio de doença que se adquire por
meio de sangue contaminado, como é o caso da Aids, conforme é do conhecimento
do mundo leigo.
O fato mais esdrúxulo de tudo isso seria o
significado da notícia em si, quando se anuncia que as pessoas estariam “adquirindo
Aids antes do previsto”, dando a entender, com absoluta clareza, que elas, mais
adiante, fatalmente serão contraminadas com a terrível doença, que tanto
martirizou e ainda preocupa as pessoas infectadas por ela.
À toda evidência, trata-se de notícia absolutamente
insensata e até desumana, principalmente partindo da principal autoridade do país,
que tem o dever constitucional de somente dá boas notícias ou mesmo de ficar
calada e tranquilizar a população em geral.
Não há a menor dúvida de que é possível se contrair
doença virótica, mas existe algo muito trágico na firmação presidencial sobre a
contração de Aids por pessoas que se vacinarem contra a Covid e mais grave ainda
é esse perverso efeito colateral causador de Aids, que é algo absolutamente imaginável
e impossível, no mundo da ciência.
O
presidente do país, pelo tanto de atos protagonizados de negativismo sobre a
Covid-19, já deveria ter aprendido, para o bem dos brasileiros, que a desinformação
tem o condão de causar péssimo serviço à sociedade, o que recomenda que ele
tenha o mínimo de sensibilidade para evitar fazer afirmações desagradáveis e absurdas
como essas, porque elas são contrárias aos princípios da seriedade e da
humanidade, que devem permear a credibilidade do verdadeiro estadista.
É deplorável que o presidente da República não
tenha a menor sensibilidade para perceber o tamanho da monstruosidade que isso
significa, quando se produz informação totalmente desvirtuada da realidade
científica, exatamente porque muitos ingênuos, seguidores ou não dele, podem
acreditar em absurdo como esse, totalmente fora da realidade científica, que
terminam deixando de tomar vacina ou desaconselhando pessoas em não tomarem,
cujo resultado é o pior possível para a população.
Convém que o presidente da República se conscientize
de que ele precisa se ausentar completa e definitivamente dos assuntos que não
lhe dizem respeito e passar a cuidar exclusivamente das questões relacionadas
com as funções do cargo, porque assim ele passa a prestar o normal serviço para
o qual ele foi eleito.
Aliás, isso é apenas a obrigação primacial dele,
porque não faz o menor sentido que a principal autoridade do Brasil fique, a
todo instante, se imiscuindo em assuntos que precisam ser cuidados apenas por
especialistas e autoridades incumbidas da prestação da saúde pública de qualidade.
Finalmente, convém que seja ressaltado o princípio humanitário
segundo o qual “a melhor forma de educar é pelo exemplo”, afirmação esta
que foi ampliada pelo médico francês Albert Schweitzer, que recebeu o Prêmio
Nobel da Paz, em 1945, que disse: “Dar o exemplo não é a melhor maneira de
influenciar os outros: é a única.”.
Na verdade, os bons exemplos não são disseminados somente
por meio de palavras, mas, sobretudo, mediantes atitudes e comportamentos dignos
de enobrecimento dos princípios humanitários, até mesmo quando há a prevalência
do silêncio sobre assuntos que não estão sob o domínio da autoridade pública,
como no caso em comento, em especial com relação aos temas da ciência, porque eles
podem ter importante influência na vida humana.
Espera-se que o presidente da República se desperte
dessa demência intelectual, o quanto mais breve possível, de modo a compreender
a importância das reais funções institucionais destinadas ao verdadeiro
mandatário do Brasil, no sentido mais puro do atendimento sobre os anseios dos
brasileiros, com o espírito de nobreza de somente praticar o bem comum,
evitando se imiscuir em questões fora da sua competência institucional.
Brasília,
em 27 de outubro de 2021
Nenhum comentário:
Postar um comentário