Circula nas redes sociais vídeo bombástico supostamente atribuído a um monsenhor, do Vaticano, que tem como cerne a incitação ao resto do mundo à desobediência civil, tendo por base longa e contundente explanação acerca do combate à pandemia do novo coronavírus, na Itália, onde ele faz cronologia dos fatos e os classifica como tirânicos tudo o que aconteceu naquele país.
O
religioso procura desacreditar, com veemência bem acima do normal, os
procedimentos adotados pelas autoridades de saúde pública da Itália, considerando
desnecessários e absurdos os protocolos médico-hospitalares, o isolamento
social, o uso de máscaras e, de modo geral, as orientações preventivas, por
considerar, pasmem, que a Covid-19 não difere dos demais vírus já existentes,
ignorando completamente a sua terrível letalidade, bem assim as orientações
científicas.
Ou
seja, o monsenhor demonstra monstruosa insensibilidade, por tentar pôr culpa em
tudo que foi adotado naquele país, no que se refere às medidas de controle e combate
à pandemia do coronavírus, não dando crédito a nada do que foi feito em proteção
da população, em especial, pelas autoridades sanitárias da Itália.
Possa até ser que o religioso
esteja correto no seu intento, mas também pode ser que ele esteja divagando de
maneira absolutamente irresponsável e desumana, como parece ser o caso, apenas
por suposições mentais pessoalmente construídas, como outras pessoas fazem
impensadamente, totalmente desprovidas de elementos consistentes, e ainda se
achando os donos da verdade, quando eles apenas contribuem para a conturbação no
que se refere à compreensão sobre os fatos pandêmicos, em especial quanto às
medidas de combate ao vírus, que foram certamente suficientemente importantes para
se evitar muito mais mortes.
É
preciso notar, sobretudo, que o religioso não apresentou nada em concreto, nem
estudo e muito menos trabalho científico, como algo capaz de reforçar as suas colocações, que as considero absolutamente
fora de propósito, insensatas e irresponsáveis, quando os fatos tratados por
ele são estritamente da competência da área da saúde pública ou mais
apropriadamente do sanitarismo, quando provavelmente ele pode até ser, se
muito, especialista em assuntos de religiosidade, em cuja área ele deveria restringir
as suas manifestações e ensinamentos, como forma de contribuir, em princípio,
para o bem da humanidade.
Ao
que tudo indica, o religioso imagina que ele esteja sobre a montanha da sua
verdade, tendo o direito de espinafrar tudo e a todos, ignorando, como muitos
fazem, igualmente pensando que são os únicos certos e donos da verdade, quando
os fatos sobre a Covid-19 falam por si sós, mostrando indiscutível realidade do
é a força mortal desse vírus.
É
preciso que seja levada na devida conta o fato de que se esse suposto religioso
e todas as outras pessoas que pensam como ele sabem ou têm ideia de quantas
vidas humanas foram poupadas da morte com o simples isolamento social, sem se
falar nas demais medidas adotadas pelas autoridades públicas, mundo afora?
Que
tenham sido apenas uma, duas, mil, milhares, nem importa quantas, porque, na
altura da tragédia mundial, a quantidade do tanto de morte que tenha sido
evitada ou que tenha sido apenas uma, já é expressivo lucro, em razão por todo
sacrifício que à sociedade tenha feito, não tendo o menor cabimento o discurso
vazio desse possível religioso, que poderia ter ficado calado justamente em respeito
às boas ações por parte de todos aqueles que participaram efetivamente do
importante trabalho pertinente ao combate à pandemia do coronavírus.
É
de se ficar com tristeza quando pessoa que até demonstra alguma inteligente,
como parece ser o caso desse religioso, apenas resolve descer impiedosas
bordoadas nas autoridades públicas, quando o trabalho delas tenha sido voltado para
a preservação da vida, mas a terrível avaliação de gente como esse monsenhor é
de desprezo por todo sacrifício implementado pelos governantes, tendo por propósito
salvaguardar os princípios econômicos e algo mais que possa ser recuperado de
alguma forma depois, com o decorrer do tempo, porque a vida é tão, mas tão
especial que, depois de perdida, é para sempre, não tendo mais como recuperá-la.
É
sempre muito doloroso quando o pensamento de alguém imagina que seja o dono do
razão e sai em defesa de tese muito mais absurda do que razoável, como a
defendida por esse religioso, porque sem base legal ou científica, apenas tendo
por puro sentimento do simplista “achismo” de que o mundo está totalmente errado,
sem mostrar estudo, vivência sobre a matéria pertinente.
Ou
seja, o religioso não se baseia em nada para sustentar a sua tese que se parece
maluca, porque ele esculhamba com enorme prazer as autoridades da saúde pública
da Itália, que fizeram importante trabalho de salvar vidas, enquanto o seu
desejo espinafrador não se fundamenta em nada plausível.
O
pior de tudo isso é que muitas pessoas ainda preferem aplaudir, precisamente
porque a ideia defendida pelo religioso tem muita semelhança com outras defendidas
por autoridades públicas brasileiras importantes, quando, ao contrário disso,
elas teriam prestado majestosa contribuição à humanidade se tivessem ficado
caladas, enquanto muitos profissionais que são injustamente criticados pelo
religioso davam o maior duro e se sacrificavam no combate à pandemia.
Impende
ficar claro que é preciso que haja respeito à opinião de todos, nos casos de pensamentos
diferentes uns e outros, à vista dos salutares princípios democráticos, sendo
muito importante, pelo mesmo motivo, que haja manifestação em contrário, diante
da necessidade de se mostrar que os fatos da vida merecem ser analisados exatamente
sob a ótica da racionalidade e do respeito aos princípios humanitários.
A
melhor conclusão é a de que o religioso teria prestado importante contribuição
à humanidade se tivesse aproveitado a sua sabedoria e seus conhecimentos e
experiências religiosos apenas para sugerir medidas construtivas, certamente contrárias
àquelas duramente criticadas por ele, sem a menor consistência nem plausibilidade,
precisamente porque ele não provou absolutamente nada e somente jogou conversa
ao vento, condenando o excelente trabalho por bons profissionais da saúde, em especial,
como se ele fosse o dono da verdade, talvez querendo tentar influenciar a
opinião pública mundial.
À
toda evidência, o religioso em apreço poderia ter prestado relevante serviço à
humanidade, evitando fazer pesadas e injustas críticas à linha de frente do combate
à pandemia do novo coronavírus, que, reconhecidamente, prestou relevantes
serviços à humanidade, à vista de que ele só contribuiu para conturbar a melhor
compreensão sobre a verdade dos acontecimentos da vida real, além de que, sendo
ele apenas religioso e não profissional da área médica ou sanitária, tudo que
foi dito por ele carece de
fundamentos científicos, tanto para as afirmações como para as negações.
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