As manobras para mudar a regra fiscal do teto de
gastos do governo, somado à rolagem de parte das dívidas dos precatórios e
outros possíveis gastos para a melhoria da popularidade do presidente da República,
já apontam o rombo de gastos extra em aproximadamente R$ 100 bilhões.
Com essa finalidade, o ministro da Economia já
trabalha com avaliação de pedido ao Congresso Nacional, para a ampliação do
teto orçamentário, de modo que ele seja implodido e permitido que o governo possa
gastar mais, evidentemente para satisfazer aos auspiciosos planos da sua ala
política, que aceitou normalmente romper o aludido teto, sem a menor resistência.
É preciso ficar bem claro que o teto de gastos é,
pasmem, a principal regra fiscal do país, que obriga o governo a ser austero ao
máximo em todos os sentidos, em relação às despesas públicas.
A área econômica já admitia que, a partir da
mudança no cálculo do reajuste do teto, o rombo nos gastos do governo, no
exercício de 2022, passará de R$ 40 bilhões.
Investidores e instituições financeiras veem clara deterioração
nas contas públicas em marcha, em que o governo passou a priorizar o projeto da
reeleição, que será beneficiado com dinheiro aparecendo com a maior facilidade,
embora ele inexista para, por exemplo, a ciência e tecnologia, que recém foi
descapitalizado, causando enorme prejuízo para os programas e atividades tecnológicos
do próprio governo, o que só demonstra falta de prioridade administrativa, em evidência
de falta de compromisso com o interesse da sociedade, que fica prejudicada, em
se tratando que tecnologia é a base para se alcançar o progresso socioeconômico.
Há poucas semanas, se aceitava novo programa social
que pagasse R$ 300 a 17 milhões de famílias, que seria custeado com as mudanças
no imposto de renda e na regra de precatórios, mas, à vista da necessidade de
melhoria da imagem do presidente do país, esse valor, agora, já saltou para R$
400, independentemente da votação da mudança prevista no Imposto de Renda.
Ou seja, mesmo sem a injeção dos recursos
proveniente da reforma do Imposto de Renda, o governo se encontra mais do que entusiasmado
em fomentar a melhoria na área social, porque isso ajuda a turbinar a reeleição
do presidente do país.
Com isso, o problema orçamentário tende a se agravar
ainda mais, exatamente porque acredita-se que os aliados do presidente do país
não irão parar por conta disso, porque ele afirmou que irá ajudar os caminhoneiros afetados pela alta do diesel, também tendo visível finalidade eleitoreira, porque o governo pretende agradar a a ala que rende bons votos e a perda deles é prejuízo eleitoral certo.
Para
tanto, o Congresso deverá aprovar o “vale-gás”, logo em breve, que vai custar ao governo algo
em torno de R$ 6 bilhões, mas isso é apenas “fichinha” se comparado à retirada
de somente a “bagatela” de R$ 600 milhões do Ministério da Ciência e
Tecnologia, que ficou a pé, no meio da estrada orçamentária, com a perda dessa
merreca, mas o governo se empolga e se empenha em gastar 6 bilhões de reais
para manter os votos dos caminhoneiros a seu favor e isso tem nome, mas ele é
impublicável, em respeito à liberdade de expressão e da grandeza das relações sociais.
A situação em comento parece que se complica ainda
mais, porquanto há a indicação de que quem dá as cartas dos gastos públicos no
país é, nada mais, nada menos, o famigerado Centrão, principal aliado do
governo no Congresso, que simplesmente fez com que os juros futuros chegassem
às máximas, e interrompeu negociações de títulos públicos, tendo importante reflexo
nos mercados financeiros, onde já se falava em risco de recessão, em futuro bem
próximo, fato este que é muitíssimo grave para governo que perde progressiva
popularidade, quando deveria ser o contrário, em ano pré-eleitoral.
A injustificável mudança nas regras do teto orçamentário,
eis que os fatos motivadores não atendem ao interesse público, mas sim serve
para resolver causa visivelmente eleitoreira do presidente do país, ou como se
diz no jargão político: verdadeiro “casuísmo”, é vista também mais como gigantesco artifício orçamentário
para a criação de espaço para gastos que interessam exclusivamente ao presidente
do país do que ajuste imprescindível para a melhoria da norma em si e dos
gastos públicos, que precisam se fundar em explicações e justificativas plausíveis,
em termos de satisfação das necessidades públicas, que não são o caso, nem de
longe.
A despeito da questão do teto de gastos, um
importante especialista em finanças públicas disse que “O governo parece ir
a uma feira de regras fiscais, escolhendo a cada dia a que convém para aquele
momento. Não há credibilidade que resista” e isso tem enorme reflexo nos
mercados financeiros nacionais e internacionais.
Por conta dessa desastrada e inaceitável posição presidencial,
que contraria os princípios essenciais da despesa pública, quatro importantes
secretários do Ministério da Economia pediram exoneração de seus cargos, mas o
presidente já disse que o ministro continua no governo, o que seria normal, exatamente
porque ele vem concordando com o desastre protagonizado pelo Palácio do
Planalto, com a verdadeira esculhambação promovida contra o rigor dos gastos
públicos, que somente resolve questões pontuais de interesse do presidente do
país, sem qualquer reflexo na conjuntura geral da nação, tendo como pano de
fundo muito mais a questão eleitoreira, que chega a ser bastante indiscutível.
À toda evidência, isso é realmente inadmissível
para os padrões de competência, eficiência, moralidade e decência na realização
das despesas públicas, principalmente diante dos reflexos desses atos sobre os
ombros dos contribuintes, que são obrigados a arcar com a irresponsabilidade do
gestor público, com a sua clara aderência aos gastos apenas por conveniência
político-eleitoreira, de maneira visivelmente em detrimento do interesse da
sociedade em geral, conforme mostram os fatos, tendo por exclusiva finalidade benefício
pessoal, com o uso de dinheiro público.
A sociedade, cônscia das suas responsabilidades
cívica e patriótica, precisa protestar e denunciar os gastos extremamente desnecessários
e prejudiciais ao interesse público, como nesse caso do fura teto, em que as causas
da extrapolação da rígida norma orçamentária tem por propósito tão somente a
satisfação de interesse eleitoreiro, fato que caracteriza crime de lesa-pátria,
à vista do desvio de recursos públicos, e mais ainda irregular por ser acima do
teto legal, para outros fins que não a satisfatoriedade das causas da população
em geral, ficando muito clara a prática abusiva e irresponsável da autoridade
da República.
Brasília,
em 22 de outubro de 2021
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