Continuam
repercutindo intensamente as duras críticas feitas ao governo federal pelo arcebispo de Aparecida, São Paulo, da Igreja Católica, exatamente no feriado de 12 de outubro, que é dedicado à Padroeira
do Brasil.
Diante
disso, houve desencadeamento de desaprovação ao presidente da República que vem
crescendo entre fiéis e religiosos dessa instituição, cuja rejeição ao
mandatário foi avaliada em cerca de 56%, segundo dados do Datafolha.
De
acordo com opinião de estudiosos do catolicismo, a política armamentista e o
descaso com as vítimas da pandemia podem contribuir para explicar a enorme reprovação
ao presidente do país, com relação a este segmento religioso.
O
fato é que, por ocasião da missa em homenagem à padroeira, aquele bispo disse,
evidentemente em recado direto ao presidente do país, que se encontrava
presente ao evento religioso, que, “para ser pátria amada, não pode ser
pátria armada”, tendo acrescentado: “nem com mentira e fake news”,
opiniões estas que foram consideradas fortes desagravos, em especial, às
políticas armamentistas do governo.
Nesse
caso, nem precisava ter sido citado o nome do presidente do país, porque o
religioso quis realmente atingir a sua autoridade, por ter feito referência à expressão
“Pátria amada”, que é o slogan do governo, que ele faz forte defesa do
armamento civil, chegando à insensatez de mandar o povo comprar fuzil, ao invés
de feijão.
De
acordo com pesquisa do Datafolha, a reprovação dos católicos ao presidente do
país é numericamente maior que a taxa da população geral, mas acompanha a mesma
curva de crescimento, segundo o exemplo de que, em janeiro último, 42% dos
católicos achavam o governo péssimo ou ruim, enquanto na última pesquisa,
divulgada em 16 de setembro último, esse índice chegou a 56%, cujo percentual quase
se confunde com a opinião da população geral, que também teve crescimento de
40% para 53%.
Essa
avaliação negativa do presidente do país não é só reflexo da sua política
armamentista, porque há outros fortes fatores que ajudaram a comprimir fortemente
para baixo a popularidade do mandatário, a exemplo da gravidade da pandemia e da
crise econômica, onde as ações do governo explicam o degelo da sua aceitação
junto aos brasileiros em geral.
Se
há a constatação do avanço da impopularidade do presidente entre católicos,
fato idêntico inverso ocorre também com relação à perda de apoio a ele entre os
evangélicos, com o indicativo da desaprovação decrescente, que foi de 40% para
29%, entre janeiro e setembro últimos.
Nesse
aspecto, é preciso notar que o eleitorado adepto do cristianismo nutre certa
simpatia ao presidente do país, porque ele normalmente menciona ser “presidente cristão”, o que pode
até ser verdade, porque ele usa o nome de Deus em slogan e cita com frequência versículos
bíblicos, a exemplo do bordão: “Conhecereis a verdade e a verdade vos
libertará”.
No
estrito cumprimento do dever institucional, o presidente precisaria ficar
atento quanto à necessidade de se fazer o serviço completo, em estrito
cumprimento do regramento constitucional, que incumbe a segurança pública,
evidentemente na sua plenitude, ao dever primacial do Estado, conforme estipula
o art. 144 da Lei Maior do país, ao dizer que “A segurança pública, dever do
Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
seguintes órgãos: (...)”.
À
toda evidência, a meta armamentista do presidente do país é um dos projetos de destaque
do governo e que incomoda bastante o eleitorado católico, segundo os
especialistas da área, principalmente por faltarem ações efetivas no
cumprimento das obrigações constitucionais, cuja omissão é mais do que notória.
É
de se notar que os assuntos relacionados com a violência têm forte preocupação no
âmbito da Igreja Católica e a ação do governo acena justamente na contramão
dessa narrativa, com a prevalência apenas da proposta de armamento da sociedade,
que pode sim ensejar acirrada discussão tanto para a sua defesa como para a sua
rejeição, a depender exatamente do ponto de vista despertado sobre as consequências
quanto ao armamento quase que descontrolado da sociedade, quando não existe a
menor preocupação para o desarmamento da criminalidade, que só aumenta e vive
na maior tranquilidade.
Ressalte-se
que é sempre muito chocante se deparar com a cena de o presidente da República
colocando, sobre seus ombros, criança com arma na mão, mesmo que ela seja de brinquedo,
mas isso é absolutamente impactante e repugnável, por se tratar do envolvimento
em programa de governo sobre armamento de ser humano inconsciente sobre questão
representativa da maior gravidade nacional, que o bom senso e a sensatez aconselhariam
que isso jamais pudesse acontecer em um país com o mínimo de seriedade e reponsabilidade
cívicas.
Pois
bem, no caso de o governo reconhecer que é preciso armar a sociedade,
permitindo que ela use à vontade armas e mais armas de fogo e fecha os olhos logo
para o combate ao uso de armas pelos bandidos, ele diz, implicitamente, que é
preciso que cada cidadão se defenda contra a violência, com os próprios meios e
armas.
Nesse
caso, é precisamente o Estado que tem a incumbência constitucional de manter a
ordem e a segurança públicas, ou seja, de defender a sociedade das agressões
danosas da violência, ficando muito claro que a autoridade máxima da nação contribui
sim para a disseminação da insegurança, por deixar de agir e cumprir o dever constitucional
do Estado, quando diz que os brasileiros podem se armar, para se defender da
criminalidade.
Nesse
ponto, fica muito claro que a incumbência do governo se transfere, com isso, diretamente
para a sociedade, cuja constatação é da maior gravidade, por se entender que
ela paga exorbitantes tributos já estando embutida neles, necessariamente, a contraprestação
da segurança pública, que deixa de ser feita a contento por quem de direito e
isso é simplesmente incontestável, diante dos fatos.
Esse
triste e deplorável fato é preciso sim ser denunciado, como forma de se chamar
a atenção para a gravidade das políticas erráticas extremamente irresponsáveis
do governo, que poderia sim se permitir normalmente, no âmbito do saudável sentimento
democrático, que a sociedade digna e honrada possa se armar, se quiser e puder,
posto que a arma de fogo é cara e inacessível às pessoas pobres, também notoriamente
carentes de segurança pública.
O
armamento permitido à sociedade se justificaria como mecanismo de eventual
defesa pessoal e do seu patrimônio, mas o governo, antes de tudo e de maneira
prioritária, tem o efetivo dever legal de promover o completo desarmamento da
criminalidade, por meio de programas das maiores consistência e abrangência,
para a manutenção e a proteção da sociedade.
O
desarmamento compreende, entre outras medidas urgentes, o rígido controle da
entrada de armas pelas fronteiras brasileiras e o combate rigoroso e severo contra
as organizações criminosas, que possuem arsenal muito mais poderoso do que os
policiais e contra essa aberração da notória insegurança o presidente do país
não se dispôs a fazer, até o momento, absolutamente nada, conforme mostram os
fatos, pelo menos não se tem conhecimento sobre planos, projetos e ações dele cuidando
de questão de extrema importância.
Convém sim que a sociedade em geral, inclusive
os religiosos igualmente todos, se conscientizem de que o presidente da
República tem plenos direitos de permitir que a sociedade possa se armar, à
vista da liberdade ínsita nos saudáveis princípios democráticos de fazer, agir
e até se defender, ficando muito clara a obrigação cogente do Estado, e por assim
dizer do governo, de promover, de forma prioritária e efetiva, a segurança
pública dos brasileiros, à luz do disposto no art. 144 da Constituição Federal.
Brasília,
em 18 de outubro de 2021
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