Contando
com a confirmação do consórcio de veículos de imprensa, o Brasil atingiu, neste
dia 8 de outubro, à triste e pesarosa marca de 600.077 mortos causadas pela Covid-19,
desde o início da terrível pandemia do
novo coronavírus.
Felizmente,
no momento, a média de mortes diárias pela Covid é de 438, o que já é bastante
preocupante, mas bem menor, em quantidade, desde novembro de 2020, tendo boas
perspectivas de tendência constante de queda.
A
redução de mortes tem como consequência direta o resultado da imunização das
pessoas, que já teria atingido a 69% da população vacinada com, pelo menos, uma
dose, enquanto 45% dos brasileiros já estão com o esquema vacinal completo, ou
seja, em dose dupla.
Fato
curioso foi registrado quando o Brasil registrava 300 mil mortes, porque demorou
apenas 36 dias para se atingir à absurda marca de 400 mil óbitos pela Covid.
Depois
disso, se passaram mais 51 dias até o número bater nos 500 mil mortes, mas,
desta feita, o número de dias mais que dobrou, demorando exatos 111 dias para
acumular mais 100 mil mortes e isso mostra a extraordinária força da vacina na prevenção
da doença, fato que traduz em melhores condições de controle e combate ao vírus.
Convém
se registrar que a 1ª morte por Covid, no Brasil, foi contabilizada no dia 12
de março de 2020 e, depois disso, houve progressiva evolução do quadro de
mortes, exatamente nessa desastrada escalada: a) 100 mil mortes: 8 de agosto de
2020; b) 200 mil mortes: 7 de janeiro de 2021; c) 300 mil mortes: 24 de março
de 2021; d) 400 mil mortes: 29 de abril de 2021; e) 500 mil mortes: 19 de junho
de 2021; e f) 600 mil mortes: 8 de outubro de 2021.
Em
que pese a melhora no cenário destruidor de vidas humanas, o Brasil ainda é o
terceiro país com a maior média diária de mortes, vindo atrás somente dos Estados
Unidos da América e da Rússia.
Também
serve como marca bastante negativa para o Brasil o fato de que ele foi o país que
teve mais mortes em decorrência da Covid-19, no corrente ano, com a triste marca
de 405 mil registros.
Sem
dúvida, esse horroroso fato histórico é lembrado, em especial, em Brasília e Rio
de Janeiro, onde manifestantes demonstraram pesar pelas vítimas da Covid-19, no
Brasil, e fizeram fortes críticas à gestão do governo, quanto ao combate à
pandemia do coronavírus, cuja possível negligência é alvo de investigações pela
Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado Federal.
No
momento, a vacinação tem como principal alvo os jovens a partir dos 12 anos,
enquanto os idosos, profissionais da saúde e imunossuprimidos estão recebendo a
dose de reforço.
No
entusiástico discurso proferido na Assembleia Geral da Organização da Nações
Unidas (ONU), o presidente da República brasileiro prometeu que, até novembro
vindouro, os brasileiros que optarem pela vacina estarão totalmente imunizados.
Não
há a menor dúvida de que a imunização foi de suma importância para a salvação
da humanidade, ao trazer enorme benefício também para os brasileiros, porque a catástrofe
teria sido ainda bem maior, considerando o atual montante de 600 mil pessoas
que já perderam a vida por causa dessa letal e inevitável doença.
Realmente,
há muitas críticas fundadas ou não à possível negligência do governo federal,
que pode ter contribuído para esse estrondoso número de mortes, embora não se tenha
elementos consistentes e decisivos para fundamentá-las, em termos jurídicos, para
a confirmação da parcela de culpa de quem quer que seja nessa tragédia do
século.
O
que se pode sentir, por se tratar de realidade materializada com a evidência
dos fatos, é que o governo fez somente a parte que lhe competia, no estrito cumprimento
do seu dever constitucional da prestação da saúde pública básica e normal aos brasileiros,
com destaque para a liberação de recursos, o que não foi suficiente para
minimizar a tragédia humanitária.
À
toda evidência, a verdade é que, diante da gravidade da crise pandêmica, se exigia
do governo a adoção de medidas extremamente revolucionárias, como forma de
combate agressivo e decisivo às causas da doença.
A
evidência maior do descaso no combate à pandemia em causa ficou por conta da
ausência de pessoa competente, com amplos e gerais conhecimentos e experiências
nas áreas de saúde pública ou sanitarismo, para cuidar diretamente das questões
pertinentes à Covid-19, de modo que a competência, a eficiência, a efetividade
e a sensibilidade se unissem e se completassem com o único propósito de firme e
preciso combate à ação agressiva e virulenta do vírus, fato este que bem
demonstrava maior interesse do governo de cuidar, com, maior efetividade, da saúde
dos brasileiros.
Ao
contrário disso, um general com especialidade em estratégia de suprimento de
quartéis teve a pachorra de comandar o principal órgão incumbido
constitucionalmente de cuidar das políticas relacionadas com a saúde dos
brasileiros e essa falta de especialista com competência comprovada em
sanitarismo pode ajudar a compreender um pouco a terrível estatística de mais
de 600 mil vidas tragadas pela Covid-19, em tão pouco tempo.
O
governo federal também foi absolutamente incapaz de liderar mobilização nacional,
com a participação conjunto de especialistas e autoridades envolvidas com o combate
à pandemia, contando com as unidades da federação, da sociedade civil e de quem
mais tivesse condições de contribuir para o maior esforço no combate à doença,
à vista de se tratar de gravíssimo problema que afetou a todos os brasileiros.
Ao
contrário das boas e saudáveis ações que poderiam ter sido originadas do
governo federal, houve momento em que o próprio presente do país se destacou na
politização das questões de saúde, em baixíssima e injustificável disputa de
poder, notadamente na condução da compra das vacinas, quando o interesse da população
ficou em planos secundários, tendo ela que pagar pela incompetência nessa
gestão vacinal, com o sentido atraso de quase um mês do início da imunização.
Há
ainda quem comemore e aplauda o governo pelo estágio avançado da vacinação, o
que é realmente louvável, mas é preciso se compreender que isso é apenas o
mínimo que se exige de governo com sensibilidade e responsabilidade administrativas,
que jamais seria perdoado se não se esforçasse na imunização do seu povo, tão
carente dos serviços de saúde de qualidade.
Convém
atentar que a população, que paga escorchantes tributos, merece os melhores
tratamentos em todas as áreas governamentais, com destaque para a saúde pública,
que deve ser priorizada, diante da importância da vida humana, até mesmo nos
tempos da normalidade, quanto mais em caso de crise sanitária, quando o
governante tem obrigação de mostrar qualidades extraordinárias exatamente para
justificar o grau da sua competência e do seu penhor em proteger a população
contra os inimigos da saúde, como nesse caso da Covid-19.
Enfim,
é com muita tristeza que os brasileiros presenciam o registro de mais de 600
mil mortes causadas pela Covid-19, na esperança de que esse fato extremamente
doloroso sirva de importante lição para que os homens públicos possam sentir no
coração a mesma dor das famílias das vítimas, no sentido de que seja aflorada,
por conta disso, forma de valorização, ao grau máximo, do sentimento humanitário,
de modo a possibilitar maior e preciso interesse na priorização da proteção da
vida humana.
Brasília, em 9 de outubro de 2021
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