quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Combate à corrupção?

 

Em conformidade com pesquisa Quaest/Genial, divulgada no último dia 5, o ex-presidente da República petista foi considerado favorito, na opinião das pessoas consultadas, para combater a corrupção.

O aludido levantamento mostra que o petista foi indicado o melhor para 28% dos entrevistados sobre o tema, enquanto, na sequência, por incrível que seja, aparecem o atual presidente do país, com 24%, e o ex-ministro da Justiça e então responsável pela Operação Lava-Jato, com 14%.

Os mesmos entrevistados, questionados sobre qual político seria o melhor para controlar a economia, o petista também aparece à frente da pesquisa, com 44%, enquanto o atual presidente teve 18%.

Nessa pesquisa, o ex-presidente petista também foi indicado como o melhor candidato para resolver todos os problemas expostos pela pesquisa, a exemplo de criminalidade e segurança pública, tendo competência para acabar com as brigas políticas e as questões relacionadas à saúde.

É evidente que a pesquisa normalmente se restringe à quantidade mínima de pessoas, por volta de pouco mais de duas mil, em que é normal a prevalência de opiniões um tanto desfocada da realidade, em possível demonstração de desconhecimento sobre a realidade brasileira, que parece ser o caso, salvo melhor juízo, ante o que se pode entender como seja o absurdo dos absurdos que alguém envolvido, de corpo e alma atolado em denúncias sobre improbidade administrativa ter a preferência para combater corrupção.

À toda evidência, a pesquisa em tela mostra que poucos brasileiros estão vivendo em planeta distante do nosso, por ignorarem a situação política brasileira da atualidade, em que um cidadão completamente desestruturado no âmbito dos princípios da moralidade ainda consegue ser eleito como aquele capaz de combater a corrupção na administração pública.

Como é sabido, o referido político é apenas o verdadeiro símbolo desse câncer no serviço público e não conseguiu esclarecer, nas condições juridicamente válidas, provar a sua inocência, em especial nos dois processos nos quais ele já foi julgado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, por já ter sido, conforme as provas constantes dos autos, devidamente levantadas à luz da legislação penal brasileira, condenado a mais de vinte anos de prisão, tendo cumprido mais de ano de reclusão, o que mostra a sua índole exatamente contrária ao combate à corrupção, diante dessa gritante disparidade de sentimento claramente antagônico à conduta da moralidade.

A bem da verdade, as referidas condenações foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal, não tendo por base o exame de mérito dos atos delitivos pertinentes, mas sim pelo absurdo entendimento de que o juízo onde o político foi sentenciado não era competente, em termos de jurisdição, para julgar os atos inquinados de irregulares, o que vale dizer que os atos denunciados à Justiça, como sendo suspeitos de delituosos, permanecem completamente válidos e deverão ser objeto de novo julgamento, se assim, obviamente, as autoridades judiciais permitirem.

Em síntese, o que importa mesmo, nesse lamentável episódio, é ficar registrado que quem se encontra bastante envolvido com a Justiça, respondendo a vários processos penais, não merece o crédito para cuidar do combate à corrupção, que é algo da maior importância de cidadania, porque isso não passa de pensamento das piores depravação e demência morais, em termos de civilidade digna de respeito.     

Nesse caso, o mínimo que se poderia imaginar seria que o paladino da moralidade fosse aquele político que teria a incumbência de combater uma das piores chagas que corrói o princípio da moralidade, na administração pública, mas, infelizmente, esse político íntegro e probo jamais poderia ser aquele que já mostrou, à saciedade, a sua enorme fraqueza moral, diante das facilidades no controle do patrimônio público, conforme mostram os fatos fartamente investigados pela Polícia Federal, placitados pelo Ministério Público Federal e julgados, em parte, pelo Poder Judiciário, tudo na forma da legislação brasileira, à luz do direito constitucional à ampla defesa e ao contraditório.

No país com o mínimo de seriedade, o cidadão tem o compromisso de cidadania de defender os princípios capazes da sustentação do Estado em pleno desempenho das suas atividades estruturadas institucionalmente, na crença da integridade política, apoiada nos fundamentos da moralidade, do decoro, da dignidade, entre outras condutas ínsitas do verdadeiro homem público, capaz de bem representar os anseios de honorabilidade do povo.

Na atualidade, informado e inconformado com o que se observa pelos desvios do padrão de moralidade na gestão pública, o cidadão precisa cada vez mais defender a fidelidade aos princípios ético e moral próprios dos homens públicos, que devem ser avaliados segundo o seu merecimento, em especial quanto ao aspecto da moralidade, tendo por base os seus antecedentes e à vista dos fatos que estão em jogo, que são os interesses maiores do Brasil, país que não merece, no caso, ser governado por pessoa que não esteja cabalmente avaliada sob às exigências da integral reputação moral, no que diz, especificamente, com as suas atividades na vida pública.

Na verdade, o valor moral de uma nação se mede exatamente tendo por base o sentimento de moralidade exposto por seu povo, que é o pior possível quando parcela dele tem a demência de eleger político completamente enrolado nas teias da Justiça, por fundada suspeita da sua participação em atos irregulares, para cuidar do combate à corrupção, o que somente mostra o tanto de incoerência e de pobreza dessas pessoas, que precisam compreender que o verdadeiro grau de responsabilidade de quem tem a incumbência de combater a bandidagem na administração pública.

A avaliação que se pode fazer, tendo por base o resultado da pesquisa em apreço, é a de que ele não passa de opinião absolutamente desacreditada e sem utilidade para coisa alguma, senão para as próprias pessoas consultadas, que se concentram em mundo que não é o desejável para os brasileiros sérios e honrados, que ainda acreditam em dias melhores para o Brasil, que não pode continuar sendo avaliado com base nesse sentimento extremamente distanciado da realidade que interessa para a população de boa índole e se esforça para que o melhor sempre aconteça na administração do país.   

Enfim, é preciso que os brasileiros se esforcem em compreender que o Brasil não pode mais perder tempo para ser urgentemente passado a limpo, principalmente no que diz respeito aos princípios republicanos da moralidade, da ética, da honestidade, da probidade, da transparência, entre outros que devem prevalecer quando se trata da administração do país, que não tem mais espaço para pessoas que já demonstraram a sua real personalidade na gestão pública, de quem se espera apenas que elas esclareçam devidamente os fatos denunciados, como condição para a sua readmissão no seio da sociedade honrada e desejosa de que nada mais de errado volte a atormentar os interesses dos brasileiros.                   

Brasília, em 7 de outubro de 2021

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