sábado, 30 de outubro de 2021

Vexame brasileiro?

 

O presidente da República brasileiro se encontra em Roma, na Itália, para participar da reunião do G20, neste fim de semana.

O presidente brasileiro está enfrentando resistência para visitar a basílica de Santo Antônio, em Pádua, por parte de religiosos, conforme nota da diocese local, que afirma que não está disposta a recebê-lo de maneira oficial.

A diocese deixou bem claro que, caso o presidente brasileira queira visitar a basílica, será como qualquer outro peregrino, sem nenhuma pompa oficial de praxe normalmente dedicada às autoridades de outros países.

A aludida medida é apoiada pelo prefeito de Pádua e pelo bispo local, o que bem demonstra o desprestígio do mandatário brasileiro, pelo menos, nessa região.

A diocese paduana ainda destacou, em reforço no seu comunicado, que alguns religiosos da região, como, por exemplo, dois ex-padres, foram assassinados no Brasil.

Os bispos, segundo a nota, têm denunciado a "violência, a exploração da religião e devastação ambiental, além de severa crise de saúde", com sinalização de que esses fatos não condizem com a imperiosidade de reverência ao mandatário brasileiro.

Na nota, a diocese de Pádua também pede que o presidente brasileiro "promova políticas que respeitem a Justiça, saúde e meio ambiente", tendo dito, por fim, que a homenagem que se planeja ao brasileiro criou "um forte embaraço diante da voz de tantos que sofreram".

Além da recusa da visita oficial ao presidente brasileiro, há movimentos sociais de Pádua que planejam a realização de protesto em rechaço à visita do mandatário brasileiro.

Ainda na Itália, conselheiros regionais de oposição no Vêneto reivindicaram a revogação da cidadania honorária concedida ao presidente brasileiro pelo município de Anguillara Vêneta, a 80 quilômetros de Veneza, sob o argumento de que essa forma de homenagem deve ser conferida somente a "personalidades de altíssimo valor", evidentemente dizendo com isso que o presidente brasileiro tem apenas valor relativo a qualquer outro cidadão, não merecendo nenhuma distinção honorária.

O aludido título de cidadania honorária foi concedido ao presidente brasileiro sob o argumento de que um bisavô dele teria nascido nessa pequena cidade de pouco mais de 4 mil habitantes.

O comunicado dos conselheiros assinala, em forma de indagação: "Quais méritos pode ter um presidente acusado de crimes intencionais na gestão da pandemia em seu país? Além da gestão da pandemia, o presidente se distinguiu negativamente por ter dado o impulso para o desmatamento da Amazônia. Existem todas as condições para que a cidadania honorária a Bolsonaro seja retirada".

À toda evidência, trata-se de mais demonstração de reprovação internacional ao presidente brasileiro, que muito envergonha o povo comandado por ele, que coleciona manifestação de repúdio e desprezo, em razão de suspeita de má gestão, pelo menos aos olhos da opinião pública do exterior, tendo reflexo na imagem gloriosa do Brasil, por ser governado por pessoa que se permite que se façam juízo de valor bastante negativo sobre o seu desempenho à frente dos negócios brasileiros, não havendo a menor reação à altura, em forma de contestação por meio do governo.

Em termos de competência, esperava-se que o governo reagisse e não aceitasse que a imagem do presidente brasileiro fosse tão maltratada com adjetivações representativas do negativismo e de atitudes contrárias aos interesses da humanidade, fatos estes que precisam ser contestados, com veemência, para o fim de se mostrar a realidade dos fatos, como reafirmação em contrário daquelas alegações desagradáveis de pura inferiorização do governo brasileiro.    

Não há a menor dúvida de que é extremamente desagradável o presidente brasileiro deixar de ser recebido oficialmente em importante templo religioso, no exterior, o que bem demonstra a péssima condução da diplomacia tupiniquim, que permite que a principal autoridade do Brasil seja tratada com extremo desprezo fora do país, quando deveria merecer o máximo de respeito, justamente porque ele representa o país com toda a sua grandeza.

O Itamaraty tem obrigação institucional de cuidar e diligenciar com presteza e bastante antecedência, providenciando todas as medidas capazes de demover quaisquer suspeitas sobre maculabilidade atribuída ao presidente brasileiro, de modo a se evitar tamanho constrangimento moral, como efetivamente acontece nessa viagem e ficar tudo por isso mesmo, como se aceitando as graves suspeitas referentes aos fatos motivadores do inadmissível impedimento, no âmbito da normalidade.

Na verdade, a vergonha nem é tanta para o presidente do país, que demonstra conformismo e insensibilidade até mesmo para caso singelo como esse, em ele ser barrado dessa forma degradante e desrespeitosa, sob alegação da prática de atos contra a humanidade, mas sim aos brasileiros, que estranham e ficam perplexos por serem comandados por pessoa que tem o dever de bem representá-los, também no exterior.

O presidente da República precisa se conscientizar de que os acontecimentos com a sua pessoa têm reflexo direto com a imagem do Brasil e, nesse caso, não é diferente, justamente porque a sua presença no exterior, como nesse caso, não é bem aceita em situação bem particular, é verdade, em forma de protestos, mas mesmo assim em total dissonância com os princípios republicanos que somente se harmonizam com as melhores relações diplomáticas.

Ou seja, se a imagem do presidente não a das melhores também no exterior, é muito possível que realmente algo errado está acontecendo, propriamente com ele, se confirmando com as suspeitas sobre a existência de fatos cuja autoria é atribuída à pessoa dele, ou com a diplomacia brasileira, que deixa de tempestivamente rechaçá-las, por meio dos devidos esclarecimentos da verdade, acompanhados da comprovação pertinente, com vistas a nunca se chegar a tamanha humilhação de ele não ser recebido em importante instituição católica, por suspeitas de práticas erráticas na sua gestão.

É preciso que a importante lição seja aprendida pelo governo, com vistas a se evitar desastre semelhante, no futuro, porque não é bom que o Brasil volte a passar por desnecessária e desagradável humilhação.       

          Brasília, em 30 de outubro de 2021

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