Diante de crônica que
escrevi sobre a divulgação do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito da
Covid, que conclui por pedido do indiciamento de muitos agentes públicos, à
vista dos fatos investigados, inclusive o do presidente da República, um atento
brasileiro que defende, com ardor, os princípios democráticos, disse, em mensagem,
o seguinte: “Pena mano véio Adalmir, que a CPI do CABARÉ chegue ao seu fim
sem ter apurado os reais implicados na prática da corrupção e desvios das
verbas públicas, mas que se assistia era mais do que um palanque eleitoral.
Muito triste...”.
Ao
contrário de muitas críticas, muitas das quais recheadíssimas de revolta pela
existência da CPI em si, seria muito interessante que as pessoas inteligentes,
sensatas e competentes tivessem a sensibilidade para compreender exatamente o
sentido e a dimensão dos fatos da vida.
Na
minha modesta opinião, não faz o menor sentido se revoltar contra o trabalho
produzido pela CPI, porque ele foi criado para a apuração de atos e fatos definidos,
não importando quem precisamente deveria cuidar dessa importantíssima tarefa,
mas sim o seu resultado, que precisa ser fiel aos acontecimentos, ou seja, para
o governo ou a sociedade, não faz o menor sentido se os membros da comissão honestos
ou desonestos, competentes ou incompetentes, gênios ou monstros, mas sim que o
resultado seja fidedigno aos fatos ocorridos.
Agora,
nesse ponto, há sim o fato da maior importância a ser discutida, que é indiscutivelmente
o debate sobre os fatos apurados, principalmente aqueles que tem relação
exclusivamente com os interesses da sociedade, objetivo principal das investigações,
independentemente de quem os tenha levantados, porque o que interessa é o seu
resultado.
Neste
momento, compete ao governo competência, digno, eficiente, sensato e responsável
procurar compreender a exata dimensão dos resultados obtidos e cuidar de
rebater, com o devido respeito e absolutamente em obediência aos princípios da
administração pública, como se espera que seja procedido nos países sérios,
evoluídos e civilizados, ponto a ponto dos casos investigados e das suas
conclusões.
A
importância da seriedade do governo é exatamente prestar contas à sociedade,
tendo por finalidade mostrar para o Brasil e mundo a verdade sobre os fatos acontecidos,
comprovando as suas alegações, de modo a esclarecer todos os levantamentos da
CPI, inclusive evidenciando as contradições, apenas em ambiente de seriedade, respeito
e competência, exatamente para demonstrar as motivações tendenciosas da
comissão, no caso da comprovação dos exageros por ela cometidos, porque os
fatos falam por si sós e, conforme os argumentos apresentados em contestação
pelo governo, a sociedade pode fazer as suas avaliações sobre o que realmente
há de verdade sobre o que realmente houve em relação ao combate à Covid-19, no
Brasil.
Por
seu turno, as reais práticas de corrupção podem muito bem ser investigadas e
apuradas por órgãos competentes, a exemplo da Corregedoria Geral da União, do
Tribunal de Contas da União, da Polícia Federal, com o adjutório da
Procuradoria Geral da União, a despeito de elas não tenham sido apuradas pela
CPI, que imagino que não faz falta alguma, precisamente diante da existência
desses órgãos que têm competência privativa para promover as devidas apurações,
na forma das suas incumbências constitucionais e legais.
Ou
seja, compete ao governo, que suspeita de irregularidades com o emprego de recursos
públicos, adotar as devidas medidas legais, solicitando ou determinando, conforme
o caso, as apurações de praxe, sem necessidade de se ficar culpando a possível
omissão da a CPI, que entendeu de não incursionar nesse assunto, que é de suma
importância, mas existem, como vimos acima, órgãos que podem perfeitamente
realizar a sua incumbência de apurar e julgar os casos de malversação dos
recursos do povo.
Se
isso ainda não foi feito ou se nada foi feito nesse sentido, penso que o
governo fica dormindo de toca, no jargão popular, e aproveita o ensejo para culpar
por algo que tem muito mais sob a sua incumbência constitucional, do que
propriamente da CPI, que teve por origem a apuração se houve negligência do
governo no combate à pandemia do coronavírus.
Fica-se
a imaginar o quanto de incompetência se passa na administração pública, que
poderia, ao contrário do que se imagina, se beneficiar desses trabalhos de
investigações produzidos por CPI e outros meios pertinentes ao governo, para se
elevar em termos de moral e competência, no sentido exclusivamente de mostrar a
verdade sobre todos os assuntos levantados e imputados a ele.
Bastaria
que o governo tenha o devido cuidado de evidenciar a verdade que aconteceu com
relação aos fatos denunciados contra ele, caso por caso, tendo por propósito derrubar
todos os argumentos produzidos nos documentos acusatórios.
Ao
contrário disso, o governo, a exemplo desse caso da CPI, prefere eleger a
lindeza de esculhambar o relator e os membros que concordam com ele, ficando
evidenciado, com nitidez, apenas o seu nivelamento pobre, anacrônico e rasteiro,
que não se compatibiliza com a relevância do seu cargo, quando, nessa situação,
a sua atitude nada republicana só contribui para a perda de credibilidade
perante muitos brasileiros com o mínimo de seriedade, justamente pela clara demonstração
da falta de equilíbrio emocional e competência.
O
mandatário do pais poderia se conscientizar sobre a real importância do seu
cargo de dirigente do Brasil, que exige muita seriedade, competência e
responsabilidade, tendo o cuidado de tratar todos os assuntos em alto nível do
interesse nacional, para apenas mostrar a verdade sobre eles, porque isso é faz
parte do seu dever institucional de prestação de contas sobre seus atos de
gestão.
Lembrando,
que até seria até desnecessário, ante a evolução dos princípios democráticos,
que a normal atitude de truculência eleita para a tentativa de justificar
qualquer denúncia contra o governo não faz parte da precisa liturgia do cargo,
exatamente porque isso somente contribui para acentuar o sentimento de incompetência,
quando é sabido que o trunfo para o sucesso da gestão pública tem vinculação com
a transparência e a verdade sobre os fatos que acontecem na vida pública.
Ou
seja, governo competente cuida de discutir, examinar e resolver as questões
inerentes à gestão pública no seu devido lugar, sem necessidade de ser
agressivo, desequilibrado e muito menos desrespeitoso, porque nada disso condiz
com as grandezas inerentes ao verdadeiro estadista.
É
pena que o homem público permita, por pura insensatez, se nivelar por baixo,
quando ele poderia aproveitar a inteligência humana para mostrar que tem
condição de superar todos os obstáculos em nível de racionalidade e competência
compatíveis com a importância atribuída à República.
Os
brasileiros que realmente torcem pela melhoria da administração pública têm
esperança de que as avaliações críticas do governo e de seus fiéis seguidores
sejam feitas em alto nível compatível com a grandeza do Brasil, de modo que
seja afastado o pensamento nefasto que permeia a gestão pública, exatamente
porque a mentalidade positiva precisa fazer parte do sentimento de brasilidade
da nação e do seu povo, no sentido de se cultuar os bons princípios de conduta
e se permitir o império da transparência e da verdade, com embargo das inúteis
e pueris críticas revanchistas e agressivas, porque elas são próprias da
incompetência e do atraso.
Brasília,
em 24 de outubro de 2021
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