sábado, 23 de outubro de 2021

Só a ideologia do bem?

 

Em crônica que fiz reflexão sobre a fome que toma conta do país, onde as famílias se unem em busca do que comer, uma conterrânea expôs a sua preocupação com essa grave e calamitosa situação, tendo escrito a seguinte mensagem: Vejo um País destroçado pela pandemia, pelo descaso, não sei o que virá, como vamos lidar com o que restou, muito triste, horizonte é sombrio, sequelados sem poder trabalhar, governo perdido em seus estertores pra se garantir no poder, o povo com fome, sem recursos para o minimamente possível... desculpem, sem estrutura pra levar adiante ... Boa tarde amigo, Jesus lhe abençoe sempre.”.

Na verdade, o que se percebe é que, contra os fatos, só existe a prevalência da macambúzia ideologia, que enxerga bondade, fartura e competência em tudo, com os melhores horizontes como se nunca jamais eles tivessem sido vistos no passado, quando a realidade brasileira é a mais cinérea que se possa imaginar, com o país jogado literalmente à lona, completamente relegado à falta de iniciativa por quem precisa agir, com rapidez, seriedade e responsabilidade.

O país se encontra dominado pela incompetência que se permite realizar somente o mínimo das incumbências institucionais, sem nada de destaque que se permita aplauso em absolutamente nada, exatamente porque falta a realização de algo diferente.

Resta a sensação de se implorar para que o tempo corra, em louca e incontrolável disparada, evidentemente na esperança de que a mediocridade que abarca e consome chegue logo ao fim e possam surgir melhores perspectivas para o porvir, com o afastamento das desgraçadas, infelizes e abomináveis ideologias da direita e da esquerda, que são verdadeiros cânceres que somente contribuem para consolidar a estagnação do progresso do Brasil.

A tristeza maior é a de se perceber que nem adianta muito se pensar em dias melhores, porque o quadro político brasileiro não se renova e tem sido marcado pelo perfil predominante da mesmice, com a configuração da pior qualidade que se possa imaginar, com a vil tendência e confirmação da deplorável polarização entre duas forças políticas que são da pior qualidade possível, conforme mostram os acontecimentos, pelo menos por parte de quem pensa diferentemente das ideologias de direita e esquerda e não concorda nem com uma ou a outra.

É muito difícil para se compreender como o Brasil, com dimensão indiscutivelmente continental, seja permanentemente castigado pela existência de políticos de qualidade de mediana para inferior, quando a sua grandeza de nação, em todos os sentidos, bem que já merece, desde há bastante tempo, melhor sorte, a se contar com governo com vocação apenas em cuidar das questões relacionadas com o interesse do povo.

Ao contrário do atual governo, que nem ainda começou a funcionar para valer a sua gestão, mas o titular só pensa e se alimenta da inquietante reeleição, preocupado com a sombra do fantasma de candidato que somente teria condições de ganhar a disputa eleitoral para concorrente extremamente medíocre, em todos os sentidos, porque as condições morais dele são absolutamente incompatíveis com a governança que se pretende para o país com as grandezas do Brasil, ante a nítida decadência moral dele.

O político da estirpe do principal concorrente do atual presidente somente seria candidatável na pior republiqueta da face da Terra, porque o seu currículo policial impede que ele se incumba de tratar de assunto da maior importância, como a de presidir o Brasil, pelo menos enquanto ele estiver envolvido com casos tramitando na Justiça, diante das exigências constitucional e legal de imaculabilidade e conduta ilibada, pré-condição que não consegue preencher e isso impede qualquer pretensão dele de se candidatar, em termos de seriedade  e moralidade, que precisa fazer parte dos verdadeiros brasileiros.       

Os brasileiros sérios e honrados esperam que as atividades políticas sejam praticadas somente por homens públicos interessados exclusivamente na defesa do interesse público, com embargo da sempre condenável “velha política”, que tem como prevalência os seus projetos políticos e as causas partidárias, evidentemente em detrimento do conjunto maior da nacionalidade e do povo, que sempre foram e são relegados a planos secundários, conforme mostram os fatos, que são notórios, à saciedade.

Infelizmente essa é a realidade política brasileira, em que a desgraçada polarização tende novamente a ditar os destinos dos brasileiros, exatamente em razão da falta de quadro político de qualidade, que permite que homens públicos com algum desvio de conduta, de ideologia ou de apego a algo que não agrada à maioria dos brasileiros, sejam os únicos a se candidatarem, tendo, em cada situação, arraigado fanatismo que não se justificam senão pela extremada ideologia de direito ou de esquerda, em clara demonstração dos interesses do Brasil, que, para tanto, o que vale mesmo é o parâmetro da idolatria, em detrimento do que mais importa, que seriam o mérito e as reais qualidades do político, em termos de competência e zelo pela coisa pública, a depender do concorrente.

O ideal mesmo seria uma revolução pacífica na política brasileira, tendo por finalidade o surgimento de movimento em busca de alguém que se destronasse dos seus apegos e das suas vaidades pessoal e partidária, para seguir rigorosa e fielmente a liturgia da verdadeira prática política, no sentido de somente pode se candidatar a relevante cargo público eletivo que, tiver a dignidade e o altivez de ser escravo e defensor, a um só tempo, das causas públicas, ou seja, aquele que for eleito, não importando a relevância do cargo, precisa honrar e dignificar o seu único compromisso de trabalhar exclusivamente para o bem da população.    

Não se trata de nenhum favor nem de se exigir sacrifício, exatamente porque esse penhor público é apenas a obrigação de todos os homens públicos de defenderam as causas da sociedade, com embargo de seus interesses pessoais e partidários, exatamente o contrário do que vem sendo feito na atualidade, em que todos os políticos, sem exceção, se elegem para o aproveitamento do poder e das suas múltiplas influências, levando vantagem em tudo que se envolver, conforme mostram os fatos do cotidiano.

Urge que os brasileiros reflitam sobre a necessidade de mudanças radicais na escolha de seus representantes políticos, no sentido de que eles sejam obrigados a confessarem uma única ideologia que seja a de defender os interesses da sociedade, ficando terminantemente proibidos de quaisquer outras ideologias, sob pena de serem execrados na próxima eleição, porque é sabido que a punição mais violenta que se pode aplicar ao homem público é a rejeição do voto e é isso precisamente que deve ser feito, para o bem das atividades políticas.

Brasília, em 23 de outubro de 2021

Nenhum comentário:

Postar um comentário