Questionado
sobre a marca de 600 mil mortes por causa da Covid-19, no Brasil, o presidente da República reagiu com irritação e pediu aos repórteres para ele não ser aborrecido.
O
presidente brasileiro respondeu, de forma estúpida, perguntando: “Qual país
não morreu gente? Qual país não morreu gente? Qual país não morreu gente?
Responda! Olha, não vim me aborrecer aqui, por favor”.
O
presidente do país ainda afirmou que ele não negacionista, em razão de o governo
ter desembolsado recursos para a compra de imunizantes contra o novo
coronavírus, tendo alegado: “Não me chamem de negacionista, porque, só em dezembro,
em Medida Provisória, foi um ‘checão’ de R$ 20 bilhões para tomar a vacina.”.
O
Brasil contabilizou, no último dia 8, a trágica marca de 600 mil mortes pela
Covid-19, em cujo período mais crítico da doença o país chegou a registrar mais
de 4 mil óbitos por dia.
Convém
se ressaltar que os erros mais graves atribuídos ao governo, no combate à pandemia
do coronavírus, à vista de opinião de especialistas, estão a negação da
gravidade da situação catastrófica da doença, o atraso na compra de vacinas e o
desestímulo às medidas básicas para conter às disseminações do vírus, a exemplo
do uso de máscaras.
Ou
seja, a liberação de verbas para a compra da vacina não diz absolutamente nada,
para justificar a negação de negacionista, porque isso teria que ter feito de
qualquer modo, mesmo que não tivesse a suspeita de negacionismo, por se tratar
de dinheiro necessário à compra das vacinas, estritamente em conformidade com o
dever institucional do Estado brasileiro.
A
verdade é que os atos que confirmam o negacionismo à gravidade da doença se manifesta
nos poros do mandatário, por meio de seus atos, que são indiscutíveis, conforme
a exposição deles pela imprensa.
Assim,
na contramão dos sentimentos sobre a primazia da saúde pública, o presidente brasileiro
chegou a reclamar de medidas sanitárias, como o passaporte da vacina, que é
assunto abominável para ele, como se todo mundo tivesse a sua estrutura de
ferro, quando a realidade é exatamente outra, à vista de mais de 600 mil mortes,
fato este que expõe a contrariedade à concepção de higidez defendida por ele.
Vejam-se
que, no último domingo, o presidente do país disse, em forma de desabafo e indagação:
“Por que cartão, passaporte da vacina? Eu queria ver o jogo do Santos. Agora
me falaram que tem que estar vacinando. Por que isso? Eu tenho mais anticorpos
de que quem tomou a vacina”, talvez fazendo referência a possível
impedimento dele para assistir ao jogo do Santos.
Não
obstante, o Santos nega que o presidente do país ou equipe dele tenham entrado em contato com o clube para ele ver a
partida contra o Grêmio, na Vila Belmiro.
Importe
se notar que depois da marca de 600 mil mortes por Covid-19, até o momento, o presidente do país não fez pronunciamento sobre
o assunto, mas apenas já demonstrou que esse importante assunto o aborrece, razão
de ter afirmado muito claro nesse sentido.
Na
qualidade de principal autoridade da República, seria de bom alvitre que o
presidente da nação tivesse a diplomacia, em forma de sensibilidade humana, de
se pronunciar perante o povo, mostrando o seu sentimento de pesar junto às famílias
que perderam entes queridos por doença tão desconfortável.
Essa
maneira de sentimento teria o condão de funcionar como verdadeira demonstração de
carinho e solidariedade, em forma de pesar neste momento que a nação lamenta
profundamente tantas mortes absolutamente fora da curva, como se isso fosse
normal por parte do sentimento do chefe da nação, porque ele já chegou a dizer,
em público, que todos vamos morrer mesmo e nada é capaz de sensibilizá-lo, como
visto, nem mesmo diante de mais de 600 mil mortes.
Agora,
não deixa de ser muito estranho que a autoridade que é tida como o príncipe da República
demonstre irritação quando lhe foi feita pergunta completamente normal, que não
custava nada que ele aproveitasse e até agradecesse a oportunidade para falar
de assunto que tem sido extremamente doloroso e preocupante para o resto dos
brasileiros, em se tratando que apenas uma morte pela Covid já seria motivo para
muita tristeza no coração dos brasileiros, quanto mais em se tratando em
centenas de milhares, que é algo extremamente penoso e desagradável, em termos
humanitário.
O
que ficou mais decepcionante nessa história foi a maneira deselegante como o presidente do país se colocou diante da
pergunta, quando a sua indelicadeza não permitiu que assunto extremamente
relacionado com sentimentos humanitários fosse, de pronto descartado, sob rechaço,
em afirmação de que isso seria objeto de irritação, quando o presidente deixou
muito claro que “(...) não vim me aborrecer aqui, por favor”.
Além
disso, o presidente foi enfático em tentar justificar tantas mortes no Brasil,
sob argumento de que em todos os países morreu gente, ou seja, seria somente estranho
para ele tantas mortes no Brasil se em algum outro país não tivesse havido
morte por conta da Covid, fato este que demonstra verdadeiro contrassenso,
porque nada pode justificar a aceitação, em estado de conformismo em razão
apenas porque a Covid-19 matou em todas as partes do mundo.
À
toda evidência, esse triste raciocínio de insensibilidade é extremamente lamentável
para o nível da autoridade do país, que tem a obrigação, como estadista, de ser
sensível às tragédias, não importando o que possa acontecer no resto do mundo,
diante da total desvinculação dos fatos desastrosos havidos além-fronteiras.
Em
síntese, resta a certeza para o presidente da República de que ninguém teria
sido melhor do que o seu governo para combater a desgraça que se abateu sobre
as cabeças dos brasileiros, conquanto o lamentável e trágico resultado de mais
de 600 mil mortes, para o presidente do país, não deve ter o menor significado
para as vítimas e seus entes queridos, em termos de perdas humanas, tendo como principal
consolo que houve mortes no resto do mundo, causadas pela Covid-19.
Trata-se,
como se vê, de lúcida evidenciação de sentimento de pessoa que faz questão de
se distanciar dos problemas humanos, dando a entender que há algo muito mais
importante para ser tratado na República do que a discussão sobre a preservação
de vidas das pessoas, diante do entendimento de que se falar sobre mortes
somente aborrecem.
Brasília,
em 13 de outubro de 2021
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