sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Em quem votar?

 

Circula, nas redes sociais, um vídeo onde consta a mensagem, em forma de indagação, nestes termos: “VOCÊ VOTARIA NELE (mostrando a foto de um candidato) SE AS ELEIÇÕES FOSSEM HOJE?”.

Por agradável coincidência, a referida mensagem foi compartilhada no Facebook por respeitável irmão de caserna, a quem eu disse, em tom de brincadeira, com sentido de verdade, que ele, como causídico tarimbado, sabe perfeitamente que campanha fora da hora contraria a legislação eleitoral pátria, fato este que significa que a sua gentileza da pesquisa é intempestiva e até prejudicial à imagem do candidato lançado à reeleição, exatamente porque muitas eleitores preferem conhecer os reais pretendentes à Presidência da República, para votarem com a consciência mais sintonizada com os interesses nacionais.

Há eleitores que podem dizer que vota em determinado candidato agora, mas isso não significa que a sua preferência vai se manter quando for o pega para ver, porque não se sabe se o governo consegue melhorar de desempenho, porque pior do que está não é mais possível, tendo em vista que ele ainda não foi capaz de melhorar a qualidade  da educação, da saúde - com quase 600 mil mortes, por causa da Covid-19, da segurança pública - salvo a liberação de almas, enquanto a criminalidade continua armada até os "dentes", para o que já deveria ter algo para o combate ao desarmamento dos bandidos.

Ressalvado o belíssimo trabalho do Ministério da Infraestrutura, com muitas obras importantes inauguradas, no território nacional, o que também não chega a ser nenhuma novidade, porque todo governante se elege para produzir o melhor para o país e muitas obras em benefício da população, o desempenho dos demais ministérios não se destaca em nada de bons exemplos que mereçam aplausos e, o pior, o governo não se movimenta nem se mobiliza para exigir que os órgãos conformados com a rotina administrativa apresentem projetos importantes e até revolucionários, em termos de, ao menos, justificar a existência de mais de vinte ministérios, que deveriam ter a iniciativa de mostrar serviços em benefício da sociedade.

A esperança de muitos brasileiros é a de que o presidente da República se desperte da letargia que o dominava até o dia 7 de setembro, quando ele demonstrava forte sentimento de golpismo à vista, a ponto de dizer que não cumpriria mais decisões de ministro do Supremo e outras aleivosias improprias de verdadeiro estadista.

Vejam-se que o presidente do país chegou a anunciar, no discurso alusivo ao Dia da Independência do Brasil, que reuniria, no dia seguinte, o Conselho da República, que teria, em princípio, a função de aconselhamento para que ele pudesse adotar as medidas já decididas em mente, evidentemente depois de decretar o Estado de Sítio, que é ato considerado constitucional, apenas quando isso se faça necessário para a satisfação do interesse público e tenha reais motivos para se agir por meio de atos extremos, o que não seria o caso da atual normalidade democrática.

Na verdade, em absoluto, não era o caso disso, como realmente não foi, porque o bom senso e a racionalidade aconselharam o presidente do país à assinatura da "Declaração à Nação", que sinaliza que ele teria readquirido o juízo e a consciência de que as suas inúteis e injustificáveis agressões a ministros do Supremo Tribunal Federal somente aprofundavam a crise institucional.

Ou seja, as agressões presidenciais estavam levando o seu governo às amargurantes profundezas do abismo, com as consequências mais terríveis para os brasileiros, diante dos péssimos reflexos, em especial, na economia, que já vem com as penas cambaleantes, em razão da crise causada apela pandemia do coronavírus, além da definitiva destruição do essencial canal de relacionamento com os poderes Legislativo e Judiciário, que, por piores que possam ser, eles, com o Executivo, formam o tripé estabelecido em termos constitucionais, como o principal fundamento de sustentação da democracia e da República.

Enfim, embora elogiando o nobre interesse do amigo, peço vênia apenas para dizer que tudo tem o seu tempo e a campanha eleitoral para a Presidência da República ainda pende do principal ingrediente, que é a composição dos candidatos, o que impossibilita a decisão sobre o voto, uma vez que é da maior importância o conhecimento dos currículos de todos.

Na verdade, há grande expectativa que sempre marca o eleitor, quanto, em especial, ao fiel cumprimento das promessas de campanha, quando todos só garantem a realização de grandes e importantes projetos em benefício da população, mas nem sempre as cumprem e ainda há outros que conseguem incorrer em calotes eleitorais, no sentido de que, por exemplo, no “meu governo não haverá aumento de impostos”.

O atual governo fez exatamente isso, certamente porque entendia que o povo não aguenta mais aumento de impostos, mas, mesmo assim, ele acaba de aumentar, com a cara mais dura, o Imposto sobre Operações Financeiras - IOF, tão somente para destinar, pasmem, ao pagamento do Bolsa Família, precisamente no momento em que a sua popularidade despencou a patamar insuportável e o governo simplesmente esqueceu a promessa de campanha e tascou aumento de imposto.

Ou seja, o governo não teve a dignidade sequer de justificar aos seus eleitores a razão de mais um calote eleitoral, porque o primeiro aconteceu quando o presidente do país se abraçou, de forma indecente e bisonha, com o Centrão e depois o colocou no seu colo, quando ele prometeu, na campanha eleitoral, que jamais cometeria tamanha desgraça.

A experiência dita por parte de brasileiros que convém que todos lutem por mudanças e mais mudanças na administração do Brasil e que apareçam os bons homens públicos possuidores dos atributos de moralidade, competência, eficiência, equilíbrio, tolerância, sensibilidade, racionalidade, compromisso com a verdade, entre outros que possam se harmonizar com o desempenho do estadista que tanto o Brasil carece para cuidarem exclusivamente da defesa dos interesses da população e ainda sobrar bastante tempo para que eles possam revolucionar a gestão pública, com a execução de muitas e importantes obras de impacto, porque estas são indispensáveis à propulsão do desenvolvimento socioeconômico do Brasil.

Brasília, em 1º de outubro de 2021

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