Há mais de três meses, o presidente da República indicou pessoa da confiança dele, sob o estranho rótulo de “terrivelmente evangélico” para ocupar o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal.
O
que seria ato normal do presidente do país passou a ser terrivelmente problema
para ele, à vista da intromissão de interesses políticos nesse jogo sujo que
sempre permeou a indicação para tão importante cargo da República, que segue o
padrão nebuloso do apadrinhamento, do interesse e das recompensas, próprios das
piores republiquetas, que simplesmente ignoram, com naturalidade, os sublimes
princípios republicanos da decência, da transparência e, enfim, da dignidade que
precisa imperar na administração pública.
É de se notar que logo
o Centrão, grupo político de histórico polêmico, depois de todo esse tempo,
agora, quer indicar novo nome, passando para trás a pessoa indicada pelo
presidente do país, para ocupar o mencionado cargo, fato este que tem como
consequência a abertura de crise entre o presidente do país e as lideranças dos
últimos redutos fiéis de popularidade dele, os chamados evangélicos.
Há
a articulação dos principais ministros do grupo que comanda a Câmara dos
Deputados, integrantes do Centrão, que busca viabilizar a indicação do
presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que tem seu
nome defendido pelos ministros da Casa Civil, da Secretaria de Governo e das Comunicações,
todos líderes daquele grupo, cujo tema foi debatido em dois jantares de alto nível.
O
nome indicado pelo presidente do país, que é considerado "terrivelmente
evangélico", tem apoio firme entre alguns dos principais líderes do
segmento evangélico, mas a forte movimentação do Centrão fez explodir a
insatisfação que impera em torno dessa vaga, que agora se tornou objeto de
interesse político.
Essa
nova situação mostra, com muita clareza, o submundo da engrenagem existente na composição
do poder, quando entra em jogo a disputa de interesses pelos principais cargos
da República, ficando nítida exposição para a opinião pública a forma espúria e
interesseira para se nomear alguém para importante cargo pessoa que sabidamente
é a mais adequada para a satisfação da vontade de grupos políticos, na certeza
de que ela será cediça aos seus interesses na corte, porque, do contrário, não
haveria qualquer disputa pela indicação.
Trata-se
de situação terrivelmente vergonhosa que pessoa indicada para ocupar cargo
público relevante, como o de ministro do Supremo, se transforme em objeto de
terrível disputa, posto que, nesse caso, deve prevalecer, ao final, a força de
quem tem mais cacife ou poder político, que não há a menor dúvida de que o
vencedor será aquele que for indicado pelo Centrão, exatamente porque o presidente
do país, por ser refém desse grupo, logo cederá e encontrará desculpa honrosa
para entender que o novo indicado é muito mais “terrivelmente evangélico” do
que o seu indicado.
É
preciso ficar muito claro que é terrivelmente forma de esculhambação se indicar
nome para cargo público relevante, como o de ministro do Supremo, tendo por
critério o vergonhoso e descabido qualificativo de ser “terrivelmente
evangélico” ou somente “terrivelmente o que for”, além de ainda pesar
negativamente a aproximação funcional intima dele com o presidente do país,
quando ele ocupava cargo de ministro e isso é terrivelmente contrário aos
princípios da transparência, da imparcialidade e da gestão da coisa pública, à
vista do sublime princípio da impessoalidade.
Em
um país com o mínimo de seriedade e evolução, em termos político-jurídico-administrativos,
o nome indicado para ocupar o mencionado cargo somente seria aceito se
preenchesse os requisitos exigidos pela Constituição e tivesse reconhecida
capacidade jurídica, sem nenhuma vinculação com nenhum grupo de interesse, como
nesse caso extremamente indecente e repugnante de ser “terrivelmente evangélico”,
por isso é terrivelmente inaceitável para uma nação com o mínimo de dignidade e
respeito aos cidadãos honrados e dignos.
Os
brasileiros honrados precisam menosprezar terrivelmente os homens públicos que
somente enxergam terrivelmente seus interesse, como nesse caso da indicação do
novo ministro do Supremo, quando o nome é de pessoa “terrivelmente evangélica”,
tendo por objetivo exclusivo agradar, de maneira escrachada e terrivelmente
explícita o segmento evangélico, em claríssima demonstração de falta de
critério fundado em princípios de dignidade e decência republicanas, que têm
por base o atendimento primário da impessoalidade e da satisfação do interesse
público.
Urge
que o nome indicado para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal seja
de pessoa que, efetiva e terrivelmente, preencha os requisitos exigidos pela
Constituição Federal, que demonstre terrivelmente capacidade na área jurídica e
que não seja terrivelmente amigo do presidente da República, não pertença ao
Centrão, não seja terrivelmente ligado a segmento algum da sociedade e que se
comprometa a trabalhar só e terrivelmente em defesa do interesse público,
mandando terrivelmente para o merecido lugar todos aqueles que utilizam o
serviço público para a satisfação de seus interesses, como está terrivelmente muito
claro no presente caso, onde certamente o nome indicado tem o dever de
recompensar por tão terrível magnanimidade pelo prêmio do cargo.
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