domingo, 2 de janeiro de 2022

O meu voto

 

Um interlocutor me perguntou em quem em votei para presidente da República e foi com muito prazer que respondi à pergunta em que o próprio autor reconheceu a sua indiscrição, pela forma como a formulou, mas a minha intenção foi de gentileza e delicadeza, como me ative, diante do objeto pretendido, que se cinge à intimidade do voto, que é secreto, sob o prisma do foro íntimo, que não é o caso de dizê-lo para ninguém.

Não obstante, por eu entender que, como escriba, tenho o dever de me considerar pessoa pública, que deve satisfação ao público em geral, e nada impede que eu possa dizer em quem votei para presidente do país, na última eleição, em atenção à seguinte pergunta: “Sem querer polemizar irmão, você votou em quem pra presidente?”, não tendo ele, por questão de respeito à minha intimidade eleitoral, declinado a finalidade da sua indagação.

Como não vejo objeção alguma em dizer em quem votei, respondi que o fiz conscientemente depositando na urna o meu voto ao atual presidente do país e não tenho motivo algum para me arrepender, porque, pela pouca experiência política dele, eu tinha precisa consciência sobre as reais condições dele para presidir o Brasil, diante de tudo que ele demonstrava como político apenas mediano, cujo resultado é a enorme rejeição ao desempenho dele, por parte de pessoas consultadas, com o índice alarmante superior a 60%.

Essa ilação se fazia, na época, à vista do preparo dele, se muito, para exercer o cargo de parlamentar sem brilho algum, apenas tendo como objetivos a criação de situações capazes de mantê-lo na mídia, diante da sua pouca produtividade legislativa, em termos de projetos aprovados em forma de reais benefícios para a sociedade, em que pese a sua longeva passagem pelo Parlamento, de quase três décadas, mais do que suficiente para ele demonstrar razoável produtividade em defesa das causas de interesse da sociedade, o que não é o caso, conforme mostram os fatos, à saciedade.

          A propósito, não terei a menor dúvida de que poderei votar nele novamente, apesar dos pesares já havidos, diante de tantos, maléficos e desastrosos reveses que aconteceram na suas gestão e poderiam ter sido evitados, que nem precisa se alongar em tragédias, porque muitas já aconteceram, com destaque para as mais drásticas e imperdoáveis relacionadas com as gravíssimas negligências ocorridas no combate à pandemia do coronavírus, onde houve a prevalência de exacerbado negativismo e de lamentáveis omissões governamentais, que certamente podem ter levado à perda de milhares de vidas de brasileiros, que poderiam ter sido salvas caso tivesse havido extremo esforço para se evitar tamanha tragédia humanitária.

Vejo que o governo consciente sobre a gravidade pandêmica deveria ter centrado todos os esforços no combate ferrenho e revolucionário contra a doença, em especial com o devido e total aparelhamento do Ministério da Saúde, por meio de pessoas altamente qualificadas e especializadas em matéria de saúde pública e sanitarismo, com vista ao melhor estabelecimento de prioridades em termos de normas, estudos, orientações etc., para todo território nacional, sempre sobre o comando do presidente do país, que deveria ter se transformado em verdadeiro marechal da saúde, para se posicionar na linha de frente de todos e quaisquer casos que incidissem sobre os brasileiros, não permitindo nenhuma crítica que fosse sobre omissão por parte do governo, diante, repita-se, de pandemia que é sinônimo de calamidade, de desastre, a exigir cuidados plenos e especiais.

Ao contrário dessa seriedade que se impunha, ante a atribuição constitucional do governo de cuidar, zelar e preservar a saúde e a vida dos brasileiros, o presidente da República deliberou pela manutenção de general especialista em estratégia de suprimentos de unidades do Exército na direção do principal órgão do governo responsável, na forma constitucional, pelos cuidados diretos da saúde dos brasileiros, em plena crise da pandemia, tendo ele ficando no comando do combate ao coronavírus por quase um ano, enquanto as mortes só aumentavam e o governo tocava o barco com a maior tranquilidade sob o comando da saúde pública por pessoa especialista, pasmem, em reposição de almoxarifados militares.

O resultado dessa ideia visivelmente incompetente, absurda e desumana foi a completa tragédia nas negociações das vacinas, tendo como graves consequências a compra de pequenos estoques e o atraso no início da imunização, quando os países comandados por pessoas sensíveis às questões humanitárias começaram a vacinação quase um mês antes do Brasil e isso, para eles, teve como consequência mais rápida imunização do chamado rebanhe e sensível queda na mortalidade, diante dos cuidados diligentemente adotados.

A outra desgraça que o presidente do país cuidou de impingir de goela abaixo de brasileiros que votaram nele foi exatamente representado pelo calote eleitoral, em que o então candidato se mostrava o suprassumo da moralidade, aproveitando para condenar e recriminar, em todo palanque e nas esquinas (força de expressão), o modus faciendi adotado, de longa data e em governos anteriores, pelo famigerado fisiologismo, que tem como filosofia o aproveitamento indevido e vergonhoso de recursos públicos.

Pois bem, isso é fato, que certamente foi método estrategicamente usado na campanha eleitoral para conquistar votos dos brasileiros honrados e dignos, que decidiram aceitar de bom grado tão espetacular proposta de mudança política, com reiterado propósito de moralização dos costumes arraigados de esculhambação materializados por governos anteriores, os quais não tiveram dúvida de votarem em candidato que mostrava que falava sério e garantia ser inflexível contra, em especial, os integrantes do Centrão.

Agora, os fatos mostram a gigantesca decadência moral do presidente do país, que esqueceu seu lindo propósito de moralização apregoado na campanha eleitoral, tendo caído literalmente nos braços e no colo do deplorável Centrão, ao entregar o governo a seus dirigentes, e ainda chegando à confirmação da total desmoralização política em se filiar a um dos principais integrantes desse grupo desacreditado moralmente, em termos práticas políticas.

Convém se ressaltar que tudo isso foi realizado, com a cara mais lisa, tendo por propósito apenas a defesa de interesses pessoais e em nome da manutenção do poder, que mais uma vez mostra a sua gigantesca força de corromper a mais forte dignidade do homem público, que não se envergonha em perder a pureza da sua decência, que se esforçava em mostrá-la, embora se ela existisse era de mera fachada, tão bem camuflada.

Esse fato torna ainda deprimente quando a realidade vem à tona, mostrando o verdadeiro perfil de político sem caráter, quando se apresentava na campanha eleitoral com a aparente face da moralidade e depois mostra o seu verdadeiro perfil de impudência moral.         

          Dito isto, conforme as mesmas circunstâncias, se elas vierem a se repetir, preciso defender o melhor para o Brasil, mesmo sabendo que o imaginário menos ruim continua sendo verdadeira desgraça para o país, considerando a falta de alternativa e diante do tanto de atrocidades causadas aos interesses dos brasileiros, à vista dos relatos acima, que conduziriam certamente à sua inevitabilidade, para que maldades maiores pudessem ser evitadas.

Não obstante, as circunstâncias podem levar, inexoravelmente, à desgraça menos pior, porque não pode haver tragédia mais acentuada do que a volta da esquerda ao governo, diante dos maiores e terríveis malefícios já causados aos brasileiros, em especial no protagonismo dos imperdoáveis escândalos de corrupção cuja autoria é atribuída aos governos recentes, com os elevados desvios de recursos públicos para finalidades alheias ao interesse da sociedade, conforme mostram os fatos investigados nos esquemas criminosos do mensalão e do petrolão, cujos envolvidos insistem em se passar por pessoas honestas e probas, quando deveriam ter a dignidade de assumir os trágicos erros na gestão dos recursos dos contribuintes.

Enfim, digo que sou brasileiro em dia com minhas obrigações cívicas e tenho direito de me manifestar sempre em defesa do Brasil e dos brasileiros, inclusive para mostrar, segundo a minha visão, as mazelas que normalmente acontecem na gestão pública, que muitos desavergonhados e antibrasileiros ainda conseguem fechar os olhos para essa imundície de políticos aproveitadores da ingenuidade de eleitores seduzidos por migalhas assistencialistas e desumanas, sob os princípios da dignidade e da valorização do ser humano, que merece oportunidade de trabalho para a sua sobrevivência honrada e honesta, sem se humilhar às benesses vindas de governos apenas ávidos pelo poder, não importando os fins para o atingimento dos meios.

Infelizmente, nos últimos tempos, as ideologias de direita e esquerda vêm contribuindo para a cegueira de muita gente, que somente consegue enxergar o que realmente é conveniente para o momento político, em consonância com a sua ideologia política, em claro detrimento dos interesses nacionais, em especial do bem-estar da população, que apenas vem servindo como massa de manobra para políticos desonestos e aproveitadores.

Sempre tenho por hábito respeitar a opinião de todos, porque compreendo que essa é a melhor sabedoria para o bom relacionamento entre os brasileiros que desejam o melhor para o país e primam pela defesa dos princípios democráticos.

Penso, piamente, que, se eu e outras pessoas que, às vezes, criticam atos do governo têm por objetivo mostrar que algo melhor pode e deve sim ser realizado para o bem de todos, exatamente porque essa é a finalidade institucional do Estado, na consecução da prestação de serviços públicos de qualidade, como contraprestação dos exagerados tributos impingidos aos sobrecarregados contribuintes.

É preciso se entender que, quando se faz qualquer crítica é exatamente porque há possibilidade de se praticar o ato de maneira diferente e bem melhor para o país, tendo como propósito o aproveitamento dos anseios e das ideias da sociedade, uma vez que isso faz parte da democracia, como obrigação da sociedade de se manifestar em desejo das boas realizações na gestão pública.  

Desejo somente o bem do Brasil e não sou daqueles que acham que, quanto mais pior, melhor contra o sistema político, em especial o governo, que perde grande oportunidade para auscultar os brasileiros, a fim de entender e atender aos anseios de bem-estar do povo.

A propósito, já mandei diversas sugestões para o presidente do país e não recebi nenhuma resposta e isso mostra o grau do interesse que o governo se preocupa com as opiniões populares, embora eu ache que isso seja da maior importância, em nível de informação nacional, na tentativa da melhoria das relações entre a sociedade e o governo, que existe especificamente em razão do povo, porque ambos integram a nação e esta somente existe com a participação conjunta de ambos.

Enfim, digo que, com o sentimento dominado pela importância da verdadeira brasilidade, tenho defendido o direito de manifestação dos cidadãos que vise ao aperfeiçoamento da gestão pública e à grandeza do Brasil, como nação de princípios e de respeito à liberdade de expressão, na forma legalmente permitida, em ambiente civilizado, apenas como forma de valorização dos princípios republicano e democrático.

Viva o Brasil!

Brasília, em 2 de janeiro de 2022

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