quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Propaganda do mal?

 

Vem circulando, nas redes sociais, mensagem onde aparecem duas armas de fogo, sendo uma de calibre 38 e outra de calibre 22, acompanhadas dos dizeres: “Já que não 38, vai de 22 mesmo”, em alusão aos números, respectivamente, do partido que seria criado pelo presidente da República, que não aconteceu, e do PL, partido ao qual ele se filiou, ambos, coincidentemente representantes de calibres de armas de fogo, que certamente foi um dos projetos bem-sucedidos do governo.

Com a banalização da violência no seio da sociedade, que é tão castigada pela incontrolável onda de homicídios, assaltos e infinitas maldades protagonizadas exatamente com o auxílio de armas de fogo, que tem o seu uso totalmente fora de controle por parte das autoridades incumbidas da segurança pública, seria excelente oportunidade para que as mentes brilhantes e inteligentes tivessem a sensibilidade de entender que a propaganda explícita da política, mesmo que implicitamente, com o uso de armas de fogo não pode ser ideia genial, diante do que elas realmente podem representar para o lado também da maldade.

Imagina-se que a arma calibre 22, pelo que se insinua na imagem mostrada na mensagem, poderá passar a ser institucionalizada como verdadeiro símbolo para o candidato do partido com o número 22, que teria a sua imagem identificada com essa arma e toda propaganda, em camiseta, chaveiro, boné etc., feita sob o símbolo dela.

Não há a menor dúvida de que, no Estado Democrático de Direito, são livres o pensamento e as ideias criativas, sim as ideias criativas, principalmente quando elas têm como propósito o cunho construtivo, em benefício da sociedade, que é exatamente o contrário dessa ideia absurda de vinculação de arma a um candidato.

Não obstante, é dever da sociedade discordar abertamente, como tenho oportunidade de fazê-lo e o faço em nome dela, que se fortalece sempre que alguém tem condições de enxergar ou vislumbrar algo que é claramente dissonante com os princípios comezinhos de segurança social.

Nada impede que se faça propaganda eleitoral fora da época legalmente autorizada, mesmo sob o risco de questionamentos, mas seria de bom alvitre que se evitasse o uso de meios que não condizem com o bom senso, porque este deve prevalecer também nas atividades políticas.

Certamente que o uso de armas de fogo deveria ser o último dos recursos de propaganda, exatamente por se tratar de algo que tem conotação direta, conforme especificado acima, com desgraça, destruição, crimes, enfim, violência, que destoam diametralmente em contrariedade aos fins pretendidos com a dignidade das atividades políticas.

Espero que as pessoas de bom senso entendam que se não tem a menor intenção de consertar o mundo nem absolutamente nada, exatamente porque tudo que se possa dizer somente tem a força inferior ao do minúsculo grão de areia, ou seja, ela é incapaz de produzir o efeito de coisa alguma, mas é muito importante que as pessoas possam dizer ao menos o que sentem sobre os fatos da vida.

Isso é forma de se mostrar que as pessoas inteligentes também são capazes sim de entender que armas de fogo são absolutamente contrárias aos salutares princípios que regem as atividades políticas, eis que estas estão somente voltadas para medidas ou ações que objetivam, em princípio, a valorização, a proteção e a segurança da vida.

É importante ficar muito claro de que não se pretende interferir nas ideias de ninguém e muito menos tentar influenciar nos sentimentos das pessoas, mas sim se dizer que muitos textos são escritos precisamente para chamar a atenção das pessoas para fatos que possam servir de reflexão, sob o sentimento de que isso queira esclarecer exatamente o que o homem precisa saber, em especial à vista do compartilhamento de ideias absurdas como essa, que objetiva relacionar armas de fogo, que podem se transformar em instrumentos letais, com objetivos políticos, em se tratando, em especial, da diversidade de recursos úteis existente no mundo da propaganda e da publicidade.  

Não se trata de mera opinião que tem o condão de doutrinação de coisa alguma, mas sim de verdadeiro alerta aos brasileiros para a absurda imaginada ideia, importante que seja para propósitos políticos, de associação a casos concretos, que podem ser despertados para outros movimentos, no caso, de incentivo ao uso da arma de fogo, o que é muito natural, diante do sentimento da ideologia aflorada nos últimos tempos, em que as pessoas são transformadas em cegos sobre os fatos reais.

É importante o endereçamento ao penhor pela atenção ao texto em causa, sabendo, de antemão, que muitas pessoas não vão se sensibilizar com os absurdos que acontecem no dia a dia, quando elas já são sábias o suficiente para a aceitação ao compartilhamento de propagando política fazendo uso de arma de fogo, em que pese se tratar de risco ao perigo e à violência que pode advir com o emprego desse cruel e vil instrumento criado pelo homem.

Brasília, em 27 de janeiro de 2022

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