domingo, 2 de janeiro de 2022

A degradação das matas

 

O Instituto Socioambiental (ISA), tendo por base dados do Prodes, revelou que houve alta de 138% na degradação em terras indígenas e de 130% em Unidades de Conservação, conforme comparação de acompanhamentos ao longo de três anos anteriores à posse do atual governo.

O aludido levantamento foi divulgado no final de dezembro, pelo mencionado instituto, que revela o desmatamento em áreas que deviam estar protegidas, mas elas foram devastadas com aumentou de 79%, nos três anos do atual governo, de acordo com comparação no período de 2016 a 2018.

A avaliação feita por especialistas do Isa, entre 2019 e 2021, se refere ao desmatamento ocorrido em todas as Unidades de Conservação (UCs), federais ou estaduais, e em terras indígenas nos estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Amapá, Tocantins, Mato Grosso, Maranhão e Acre.

De acordo com a referida análise, nos últimos três anos, as 334 UCs federais perderam áreas de floresta 130% maiores do que no triênio anterior, em razão dos altos níveis de invasões e explorações ilegais de recursos naturais.

Em 14 dessas unidades, sendo que dez delas situadas no estado do Pará, a perda de vegetação foi de mais de 90%.

Segundo a avaliação, a área mais afetada, com alta de 54% na taxa de desmatamento, em comparação com 2020, foi a Floresta Nacional do Jamanxim, também no Pará, conquanto, nas UCs estaduais, a alta nos desmates foi de 50%.

O ISA esclarece que, nos territórios indígenas, a soma dos dados dos últimos três anos revelou alta de 138% no desmatamento, mesmo com queda de 18,6% registrada em 2020 e 2021.

A avaliação mostra que, das 268 terras indígenas analisadas, 20 delas registraram 80% de degradação, que quase a metade de toda a perda de floresta está concentrada na bacia do Rio Xingu, segundo o ISA.

A análise do Isa foi feita com base em dados colhido pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal, por meio de Satélite (Prodes), do famoso Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que já deu muitas dores de cabeça ao presidente do país, por mostrar a desgraça que vem acontecendo nas matas brasileiras, a partir do governo dele, que, ao contrário, deveria agradecer o cuidadoso trabalho exercido por esse competente órgão que monitora as florestas do país.

Os referidos dados, segundo nota divulgada pelo ISA, em seu portal de internet, revelam “a consolidação da destruição da Amazônia, com perdas florestais severas ao longo dos últimos três anos em Terras Indígenas e Unidades de Conservação — áreas protegidas fundamentais para a proteção da sociobiodiversidade brasileira.”.

Os pesquisadores do ISA lembraram a tentativa de o presidente do país sucatear o Inpe, de modo a impedir a coleta de dados específicos sobre o desmatamento e a degradação ambiental na Amazônia, que seria forma bastante eficiente de não se monitorar a degradação da floresta, deixando de se apontar os estragos causados ao bioma brasileiro.

Os pesquisadores afirmaram que “Não por acaso, enquanto estimulava a passagem da ‘boiada’ pela maior floresta tropical do mundo, o presidente atuou ativamente pelo sucateamento do órgão e também de todo o conjunto de políticas e organismos socioambientais — imprescindíveis para a preservação da região”.

As conclusões dos especialistas ambientais são extremamente reveladoras, no sentido de que as mazelas que estão acontecendo com a floresta brasileira têm a efetiva participação do Palácio do Planalto, quando, ao invés de investir recursos e fomentar as medidas de preservação das matas, o presidente do país contribui com o deliberado sucateamento de quem precisa se equipar e se aperfeiçoar para melhor cumprir a sua importante missão de zelar e cuidar da integridade das florestas brasileiras.

A verdade é que as afirmações do governo de que vem cuidando efetivamente das florestas brasileiros não mentirosas ou, no mínimo, questionáveis, tendo em vista que a degradação e o desmatamento só aumentam nesse governo, posto que, se houvesse algum cuidado, por mínimo que fosse, jamais haveria aumento do processo de destruição, quando o mais razoável seria a diminuição ou, ainda, na pior das hipóteses, a estabilidade dos desmatamentos.

A deplorabilidade se torna ainda mais grave porque são organismos especializados que acompanham as medidas governamentais e avaliam o progresso dos desmatamentos, ficando patente que o governo apenas mente muito em dizer que cuida das florestas.

Não obstante, é muito possível que os resultados das suas medidas implementadas nesse sentido tenham sido tão ineficazes, uma vez que os desmatamentos só aumentam, fato que denota que tem alguém faltando com a verdade, ficando claro que o culpado só pode ser o governo, que é o principal responsável pela preservação das florestas, porque ele tem a obrigação de adotar todas as medidas para a defesa da sua integridade.

Compete também aos brasileiros exigirem que o governo federal deixe de se valer de afirmações falsas, cujos resultados sobre elas não convencem mais ninguém, e decida agir com efetividade, como é do seu dever constitucional e legal, para o fim de adotar realmente as medidas necessárias que a gravidade dos desmatamentos exige, em forma de combate, mesmo sabendo que ninguém vai conseguir acabar com o continente da floresta amazônica, mas todas as árvores salvas podem contribuir para a salutar existência da humanidade.

Brasília, em 2 de janeiro de 2022

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