quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Críticas de conservadores

 

Os ex-ministros da Educação e das Relações Exteriores criticaram a aliança do presidente da República com o Centrão, sob a alegação de que esse grupo político "começou a dominar o governo e pautar o governo", com interferência prejudicial à política externa e aos interesses dos conservadores, que foram "substituídos por essa turma".

As aludidas declarações ocorreram durante programa de entrevistas no Youtube, em que participaram outras personalidades de direita, que seguem a cartilha do governo.

O pastor convidado do programa criticou a falta de postura de ministros palacianos, por ocasião da indicação do último ministro para o Supremo Tribunal Federal, quando ele disse que os ministros da Casa Civil, da Secretaria de Governo e das Comunicações, todos integrantes do Centrão, não se empenharam na aprovação do nome indicado pelo governo.

O ex-ministro da Educação afirmou que os partidos do Centrão são "grande obstáculo" aos conservadores, posto que “Uma das frentes que a gente está sofrendo grandes ataques, os conservadores, é justamente uma turma do Centrão. Um grande obstáculo que nós conservadores estamos passando, estamos sendo atacados continuamente, e fomos substituídos por essa turma do Centrão que você citou.”.

Ocorre que, no atual contexto, o ex-ministro da Educação tenta viabilizar, sem sucesso por parte do governo, a sua candidatura ao governo do estado de São Paulo, uma vez que o presidente do país já apoia publicamente o ministro da Infraestrutura, para o cargo.

Não obstante, o ex-ministro do Meio Ambiente, o pastor e um deputado federal afirmaram que a aliança com o Centrão é necessária, tendo o primeiro ponderado que “Essa história do Centrão também não pode virar um cavalo de batalha. Por quê? Porque a política é feita de alianças. A política é feita de união.”.

O ex-ministro do Itamaraty reforçou as críticas ao bloco, dizendo que esses partidos o impediram de fazer "política externa transformadora: E o que aconteceu quando o Centrão começou a dominar o governo e pautar o governo? Fui cada vez mais isolado e tirado da capacidade de levar adiante essa política externa transformadora. Porque esse Centrão que veio aí é um Centrão que acha que política externa é fazer tudo que a China quer. Não sei qual o grau de interesse econômico que essas figuras têm com a China.”.

O ex-chanceler reforçou as críticas aos três ministros mencionados acima, ao dizer que o ministro das Comunicações "entregou o 5G para a China", tendo indagado “se os eleitores de Bolsonaro topam isso? O senhor citou três pessoas que são chave nisso. Ciro Nogueira, Fábio Faria, que entregou o 5G para a China, e Flávia Arruda. Isso aí é o seguinte. As pessoas têm que saber isso. Se os eleitores do presidente Bolsonaro, os conservadores, topam isso…(Podem dizer) Vamos tentar continuar a transformar o Brasil internamente, mas vamos deixar o Brasil ser dominado pela China?

Como se vê, até que, enfim, alguém que apoia o governo e comunga com as suas ideias teve coragem para contrariar e denunciar a espúria aliança celebrada entre o presidente do país e o famigerado Centrão, por discordar dos métodos oportunistas utilizados por seus integrantes e colocaram o dedo no tumor que mostra exatamente os interesses nada republicanos envolvidos nessa podre união, segundo o entendimento esposado entre os ex-assessores do chefe do Executivo.

É muito importante que fique claro que as queixas contra o Centrão partiram de ex-ministros que tiveram seus interesses contrariados diretamente por ações protagonizadas por esse maléfico grupo fisiológico, o que vale dizer que, do contrário disso, ou seja, se eles tivessem continuado no governo, esses mesmos “caras pálidas” estariam aplaudindo a pouca-vergonha a que refere a colocação dos integrantes da antes imunda e execrável “velha política” dentro do Palácio do Planalto, evidentemente, depois de tudo, em desarmonia com os interesses deles, conforme mostra o sentimento de insatisfação de cada um.

Esse fato só evidencia a imundície que sustenta os interesses e as conveniências de podres e desonestos homens públicos, que não têm moral nem mesmo para criticarem os atos de seus líderes, diante da demonstração de completa falsidade, como a afirmação de que “política é feita de união”, mesmo que ela se processe em ambiente de muita sujeira, como é nesse deplorável caso envolvendo o mandatário do país e o Centrão.

Vejam-se que o ex-ministro do Meio Ambiente ainda teve a iniciativa de defender a suja aliança com o Centrão, ao afirmar: “Porque a política é feita de alianças. A política é feita de união.”.

Não há a menor dúvida de que pode haver alianças na política e isso é feito normalmente nos países sérios, civilizados e evoluídos, em termos políticos e democráticos, tendo por finalidade a consecução de políticas públicas limpas, honestas e revestidas dos princípios republicanos, sob os auspícios da ordem e da legalidade, com vistas ao exclusivo atendimento do interesse público, o que não é o caso dessa aliança nojenta com vigência no governo.

Essa forma de aliança limpa não se aplica à que foi selada pelo presidente brasileiro com o reprovável Centrão, que teve por propósito a blindagem do cargo presidencial contra a abertura de processo de impeachment, na Câmara dos Deputados, que é presidida por líder do Centrão, ficando muito claro o desvio de finalidade do objeto da aliança, que se distanciou do interesse público e teve por mira exclusiva a serventia do interesse pessoal do presidente, o que demonstra a falta de amparo legal para a sua efetivação, em cristalina dissonância com as condutas públicas da ética e da moralidade.

Ou seja, por meio de aliança extremamente questionável, o presidente da República entregou o seu governo ao Centrão, em nada se importando com a legitimidade do ato, que teria que atender, necessariamente, ao primado do interesse público, como primordial fundamento exigido na administração pública.

Certamente que os argumentos dos mencionados conservadores, que foram prejudicados com as suas prematuras saídas do governo, encontram motivação mais do que suficiente com a perda da identidade da direita, que fora causada pela sebosa união em referência, que não resiste aos princípios da moralidade e da dignidade exigidos para governos minimamente decentes, em termos de moralidade.

Urge que os brasileiros honrados e dignos tenham consciência sobre as alianças políticas envolvendo objetos espúrios, porque elas são contrárias ao interesse público, de modo a terem condições de exigir a correção dos atos da administração pública, em especial por ocasião das eleições, em que os seus votos podem decidir quem realmente tem condições de presidir os destinos do Brasil, com embargo das ideologias políticas, que não podem se confundir com as causas nacionais.    

          Brasília, em 19 de janeiro de 2022

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