Os ex-ministros da Educação e das
Relações Exteriores criticaram a aliança do presidente da República com o
Centrão, sob a alegação de que esse grupo político "começou a dominar o
governo e pautar o governo", com interferência prejudicial à política
externa e aos interesses dos conservadores, que foram "substituídos por
essa turma".
As aludidas declarações ocorreram
durante programa de entrevistas no Youtube, em que participaram outras
personalidades de direita, que seguem a cartilha do governo.
O pastor convidado do programa criticou
a falta de postura de ministros palacianos, por ocasião da indicação do último
ministro para o Supremo Tribunal Federal, quando ele disse que os ministros da Casa
Civil, da Secretaria de Governo e das Comunicações, todos integrantes do
Centrão, não se empenharam na aprovação do nome indicado pelo governo.
O ex-ministro da Educação afirmou
que os partidos do Centrão são "grande obstáculo" aos
conservadores, posto que “Uma das frentes que a gente está sofrendo grandes
ataques, os conservadores, é justamente uma turma do Centrão. Um grande
obstáculo que nós conservadores estamos passando, estamos sendo atacados
continuamente, e fomos substituídos por essa turma do Centrão que você citou.”.
Ocorre que, no atual contexto, o
ex-ministro da Educação tenta viabilizar, sem sucesso por parte do governo, a
sua candidatura ao governo do estado de São Paulo, uma vez que o presidente do
país já apoia publicamente o ministro da Infraestrutura, para o cargo.
Não obstante, o ex-ministro do Meio
Ambiente, o pastor e um deputado federal afirmaram que a aliança com o Centrão
é necessária, tendo o primeiro ponderado que “Essa história do Centrão
também não pode virar um cavalo de batalha. Por quê? Porque a política é feita
de alianças. A política é feita de união.”.
O ex-ministro do Itamaraty reforçou
as críticas ao bloco, dizendo que esses partidos o impediram de fazer "política
externa transformadora: E o que aconteceu quando o Centrão começou a dominar o
governo e pautar o governo? Fui cada vez mais isolado e tirado da capacidade de
levar adiante essa política externa transformadora. Porque esse Centrão que
veio aí é um Centrão que acha que política externa é fazer tudo que a China
quer. Não sei qual o grau de interesse econômico que essas figuras têm com a
China.”.
O ex-chanceler reforçou as
críticas aos três ministros mencionados acima, ao dizer que o ministro das
Comunicações "entregou o 5G para a China", tendo indagado “se os
eleitores de Bolsonaro topam isso? O senhor citou três pessoas que são chave
nisso. Ciro Nogueira, Fábio Faria, que entregou o 5G para a China, e Flávia
Arruda. Isso aí é o seguinte. As pessoas têm que saber isso. Se os eleitores do
presidente Bolsonaro, os conservadores, topam isso…(Podem dizer) Vamos tentar
continuar a transformar o Brasil internamente, mas vamos deixar o Brasil ser
dominado pela China?
Como se vê, até que, enfim,
alguém que apoia o governo e comunga com as suas ideias teve coragem para contrariar
e denunciar a espúria aliança celebrada entre o presidente do país e o famigerado
Centrão, por discordar dos métodos oportunistas utilizados por seus integrantes
e colocaram o dedo no tumor que mostra exatamente os interesses nada republicanos
envolvidos nessa podre união, segundo o entendimento esposado entre os
ex-assessores do chefe do Executivo.
É muito importante que fique claro
que as queixas contra o Centrão partiram de ex-ministros que tiveram seus interesses
contrariados diretamente por ações protagonizadas por esse maléfico grupo
fisiológico, o que vale dizer que, do contrário disso, ou seja, se eles
tivessem continuado no governo, esses mesmos “caras pálidas” estariam aplaudindo
a pouca-vergonha a que refere a colocação dos integrantes da antes imunda e execrável
“velha política” dentro do Palácio do Planalto, evidentemente, depois de tudo, em
desarmonia com os interesses deles, conforme mostra o sentimento de insatisfação
de cada um.
Esse fato só evidencia a imundície
que sustenta os interesses e as conveniências de podres e desonestos homens
públicos, que não têm moral nem mesmo para criticarem os atos de seus líderes,
diante da demonstração de completa falsidade, como a afirmação de que “política
é feita de união”, mesmo que ela se processe em ambiente de muita sujeira,
como é nesse deplorável caso envolvendo o mandatário do país e o Centrão.
Vejam-se que o ex-ministro do
Meio Ambiente ainda teve a iniciativa de defender a suja aliança com o Centrão,
ao afirmar: “Porque a política é feita de alianças. A política é feita de
união.”.
Não há a menor dúvida de que pode
haver alianças na política e isso é feito normalmente nos países sérios,
civilizados e evoluídos, em termos políticos e democráticos, tendo por
finalidade a consecução de políticas públicas limpas, honestas e revestidas dos
princípios republicanos, sob os auspícios da ordem e da legalidade, com vistas
ao exclusivo atendimento do interesse público, o que não é o caso dessa aliança
nojenta com vigência no governo.
Essa forma de aliança limpa não
se aplica à que foi selada pelo presidente brasileiro com o reprovável Centrão,
que teve por propósito a blindagem do cargo presidencial contra a abertura de
processo de impeachment, na Câmara dos Deputados, que é presidida por líder do
Centrão, ficando muito claro o desvio de finalidade do objeto da aliança, que
se distanciou do interesse público e teve por mira exclusiva a serventia do
interesse pessoal do presidente, o que demonstra a falta de amparo legal para a
sua efetivação, em cristalina dissonância com as condutas públicas da ética e
da moralidade.
Ou seja, por meio de aliança
extremamente questionável, o presidente da República entregou o seu governo ao
Centrão, em nada se importando com a legitimidade do ato, que teria que atender,
necessariamente, ao primado do interesse público, como primordial fundamento exigido
na administração pública.
Certamente que os argumentos dos
mencionados conservadores, que foram prejudicados com as suas prematuras saídas
do governo, encontram motivação mais do que suficiente com a perda da identidade
da direita, que fora causada pela sebosa união em referência, que não resiste
aos princípios da moralidade e da dignidade exigidos para governos minimamente
decentes, em termos de moralidade.
Urge que os brasileiros honrados
e dignos tenham consciência sobre as alianças políticas envolvendo objetos
espúrios, porque elas são contrárias ao interesse público, de modo a terem condições
de exigir a correção dos atos da administração pública, em especial por ocasião
das eleições, em que os seus votos podem decidir quem realmente tem condições de
presidir os destinos do Brasil, com embargo das ideologias políticas, que não
podem se confundir com as causas nacionais.
Brasília, em 19 de janeiro de 2022
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