Muito mais em tom de ameaça, o
presidente da República declarou que haverá “caos” e “rebelião”
se o país decretar lockdown, neste ano, devido à piora da pandemia da
Covid-19.
O presidente do país voltou a
criticar duramente os governadores e prefeitos que tomam medidas destinadas à contenção
do avanço da Covid-19 e reiterou que não se vacinou contra o coronavírus.
O presidente brasileiro disse que
“O Brasil não resiste a um novo lockdown. Será o caos. Será uma rebelião,
uma explosão de ações onde grupos vão defender o seu direito à sobrevivência.
Não teremos Forças Armadas suficientes para a garantia da lei e da ordem”, tendo
aproveitado o ensejo para criticar os governantes.
Ao contrário do “novo lockdown”
que o presidente do país citou, foram tomadas apenas medidas localizadas de isolamento
social e restrição de circulação de pessoas no Brasil.
Há de se ver que as declarações do
presidente do país ocorrem em meio ao aumento de casos da doença no país, com a
disseminação da variante Ômicron, altamente contagiosa.
O chefe do Executivo também
voltou a dizer que não se imunizou contra a Covid-19, em forma de desnecessária
justificativa, nestes termos: “Eu não tomei a vacina. É o meu direito. Não
vão forçar, porque eu não vou tomar. Nenhum homem aqui no Brasil ou uma mulher
vai me obrigar a tomar a vacina”.
O presidente do país ainda voltou
a minimizar os efeitos do coronavírus, que já causou a morte de mais de 620 mil
pessoas no Brasil, tendo afirmado que, “Quando
eu falei do meu passado atlético, o meu passado esportivo… batendo em mim o
vírus, não vai acontecer nada, como não aconteceu. Fiz o tratamento precoce e
nada aconteceu”.
No que se refere ao presidente do
país, todo o seu passado referente ao combate à pandeia tem sido de muita
polêmica, a começar quando ele chamou a
Covid-19 de “gripezinha” ou “resfriadinho” e mencionou seu “histórico
de atleta”, em clara demonstração da sua negação à gravidade da Covid-19,
cujos terríveis efeitos causados aos brasileiros põem por terra as bravatas
sustentadas por ele.
O tratamento precoce citado pelo
presidente do país, com remédios como cloroquina, hidroxicloroquina e
ivermectina, é comprovadamente ineficaz contra a Covid-19, fato este que
combina com o seu pensamento de rebeldia contra os efeitos maléficos da
Covid-19.
A propósito da defesa do chamado
“kit covid” foi investigada pela Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid,
que atuou no Senado Federal, cujo resultado das investigações apontou ações e
omissões do governo federal, no combate à pandemia do coronavírus, as quais
estão sendo objeto de apurações pelo Ministério Público Federal.
A verdade é que, mas uma vez e de
forma insistentemente insensível, o presidente do país se antecipa aos fatos,
para demonstrar a sua total contrariedade aos princípios humanitários, ao propugnar
por possíveis rebeliões da população, em caso de novas medidas preventivas
contra a Covid-19.
À toda evidência, caso seja
necessária adoção do isolamento social, isso se fará certamente em benefício da
população, que precisa ser protegida contra a disseminação facilitada dos
contatos com pessoas infectadas pelo vírus.
Não se trata de nenhuma medida
aleatória ou brincadeira destinada a provocar a inteligência e a boa vontade da
sociedade, como assim deixa entender o presidente do país, que, de forma
ameaçadora, simplesmente antecipa o seu pensamento negativista, em rechaço ao
possível isolamento, na forma mais dura e intensa, que é o lockdown, medida
esta que, se adotada, tem como princípio a proteção de vidas humanas, que é
algo que não faz parte do manual das pessoas que negam a gravidade da Covid-19.
Ou seja, todas as nações sérias e
evoluídas, em termos de civilidade, comandadas por pessoas que respeitam e
compreendem o verdadeiro valor da vida humana, adotam o lockdown, com normalidade
e absoluta facilidade de aceitação, exatamente na compreensão de que se trata
de medida extremamente necessária à proteção da integridade da saúde das
pessoas, que constituem o principal patrimônio delas.
Em razão disso, todo esforço
precisa ser empreendido pela população, em nome da vida humana, mesmo que isso
possa resultar em transtornos, em especial no sistema econômico, com os
problemas naturais causados com as descontinuidades das atividades pertinentes.
Essas soluções de continuidade
são inevitáveis, diante de motivações circunstanciais e excepcionais, que, por
razões absolutamente justificáveis e ainda com base nos princípios do bom senso
e da racionalidade, precisam ser assimiladas como ônus para toda a nação, que
se engrandece com a valorização dos sentimentos humanitários.
É preciso se compreender que as preocupações
demonstradas pelo presidente do país, no sentido de que “O Brasil não
resiste a um novo lockdown. Será o caos. Será uma rebelião, uma explosão de
ações onde grupos vão defender o seu direito à sobrevivência.”, somente
evidenciam as extremas deficiências gerenciais do mandatário brasileiro, que se
mostra sensivelmente incompetente para agir diante de situações adversas.
À toda evidência, o presidente do
país prefere eleger a disseminação de absurdas e insanas ameaças às autoridades
que contrariarem os seus sentimentos de insensibilidade e negativismo à cruel
realidade protagonizada pelo terrível vírus, que já deixou o rastro de mais de
620 mil vidas ceifadas de brasileiros, muitas das quais decorrentes exatamente
de omissões por parte de autoridades que se mostrarem refratários às medidas mais
incisivas ao extermínio da pior doença do século.
Convém se compreender que o combate
a essa desgraça da Covid-19 não pode ser por meio de sentimentalismo ideológico,
com o convencimento de rebanhos fanatizados, mas sim com a adoção de medidas
efetivas e eficientes, em que em a competência e a responsabilidade públicas sejam
capazes de entender a verdadeira dimensão das dificuldades a serem enfrentadas,
com coragem e determinação, em nome da causa pública e do bem-estar da população.
Os brasileiros, que primam, em
especial, pelos princípios humanitários, obviamente sobretudo com a valorização
do ser humano, precisam repudiar, com veemência, as ideias retrógradas e absurdas
do presidente da República de oposição às medidas necessárias ao combate à
pandemia do coronavírus, porque elas agridem mortalmente os comezinhos direitos
à integridade à vida humana, que devem ser defendidos em primazia às degenerações
da gestão pública.
Brasília,
em 12 de janeiro de 2022
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