quarta-feira, 14 de junho de 2023

As calendas brasileiras

 

De repente, todos os generais, em especial, aqueles que bradavam em alto som o sentimento de brasilidade e amor à pátria ficaram cegos à barbárie e aos absurdos consistentes em decisões e atos anticonstitucionais, próprios de violação dos direitos individuais e democráticos, como o livre protesto, por exemplo, quando milhares de cidadãos de bem foram presos sem terem cometido crime algum, salvo o de tentarem lutar por ideais em defesa do melhor para o Brasil.

Apenas isso, tudo praticado com o melhor dos propósitos, em perfeita harmonia com o regramento jurídico do país, que assegura o direito de manifestação e protestos, em respeito aos princípios republicanos e democráticos.

Todos aqueles generais, inclusive alguns que diziam que não ia haver posse do candidato eleito, se tornaram moucos aos gritos de verdadeiros brasileiros, implorando pela atenção das Forças Armadas para o descalabro que sinalizava para lúgubres os destinos do Brasil, diante de tantos atos e decisões decorrentes de abuso de autoridades, usurpação do poder e, em especial, quanto às fortes suspeitas de irregularidades na operacionalização das urnas eletrônicas, à vista de inúmeras denúncias que circulavam nas redes sociais.

Esses fatos ensejavam premente intervenção militar, tendo por base o disposto no artigo 142 da Constituição, que autoriza a garantia da lei e da ordem, quando elas tinham sido negadas, na forma da transparência das urnas eletrônicas aos militares, que queriam acesso aos “códigos-fontes”, mas receberam, como resposta, o silêncio da Justiça eleitoral.

Enfim, o que levaram ao acovardamento de tantos bravos generais e autoridades que mostravam espírito de coragem e disposição para defenderem os interesses do Brasil?

Não obstante, esse altruísmo não resistiu à prepotência esmaecida diante da perda do poder, fato que mostra a superficialidade da mentalidade desses militares estrelados e autoridades, que aparentavam somente ter voz de comando e bravura sob a influência do poder, conquanto, agora, desprovidos de suas principais armas da arrogância artificial, eles decidiram se recolher às suas insignificâncias, dando a entender que eles nunca existiram.

Essa mesma forma também foi eleita pelo líder deles, que se enclausurou no Palácio do Planalto, depois das eleições, em sepulcral silêncio, em total desprezo e desrespeito aos seus fiéis apoiadores, que imploraram por socorro por parte dele para a salvação do Brasil.

Naquela mesma linha de atuação, também se ouviu o estrondoso silêncio como resposta, como se a situação do Brasil estivesse às mil maravilhas, quando o precipício apenas se aprofundava perigoso e drasticamente, vislumbrando terríveis dificuldades para o Brasil e os brasileiros com a volta da parte decomposta da política brasileira ao poder.

Na verdade, prevaleceram a incompetência e a imprudência, quando os (ir) responsáveis pelo governo de então consentiram que o melhor para o Brasil seria realmente entregá-lo ao comando das trevas, dando a entender isso teria sido forma espetacular e implícita de vingança por não ter sido vitorioso o projeto de reeleição, quanto mais que isso combina perfeitamente com a inusitada e injustificável reclusão, quando antes das eleições nunca havia sequer insinuação de recolhimento aos aposentos presidenciais, por motivo que fosse.

Enfim, o sumiço dos generais e das principais autoridades que bradavam amor incondicional ao Brasil somente mostra que tudo fazia parte de estereótipos de script aplicável propriamente enquanto se estar no poder, perdendo completas eficiência e eficácia depois dele, quando também quedaram, infelizmente, os valores e a grandeza do Brasil e dos brasileiros.

Brasília, em 13 de junho de 2023


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