quinta-feira, 22 de junho de 2023

Tinham ou não votos?

               De acordo com vídeo que circula nas redes sociais, o último ex-presidente do país compareceu a evento público, tendo sido alvo de demorados aplausos e apupos de seus simpatizantes.

No vídeo, há a mensagem em forma de indagação, nos seguintes termos: “Você acredita que não teve eleitores o suficiente para emplacar ainda no 1º turno, depois de assistir o atual governo abrindo o caixa para comprar deputados?”.   

A questão não é se acreditar ou não se tiveram eleitores suficientes para a reeleição do mandatário do país, mas sim o motivo pelo qual a então autoridade máxima do país permitiu, por questão que ainda precisa ser devidamente justificada aos brasileiros honrados, que tenha prevalecida a vontade soberana de um único ministro, que, em princípio, tinha autoridade inferior à dele, uma vez que o sigilo das urnas eletrônicas foi decretado e se tornou definitivamente preservado, em claro constrangimento ao consagrado princípio da transparência.

Isso jamais poderia  ter sido permitido, no Estado Democrático de Direito, quando a regra constitucional é a transparência dos atos da administração pública, por força do disposto no art. 37 da Carta Magna, que obriga a publicidade plena dos atos da administração, inclusive sobre os resultados das eleições, principalmente a despeito de inúmeras denúncias acerca de suspeitas de irregularidades na operacionalização das urnas eletrônicas, quando cabia à Justiça eleitoral mostrar a regularidade das urnas, à luz do salutar princípio da verdade.

O então presidente da República poderia ter providenciado a fiscalização sobre o resultado das eleições suspeitas de fraudes, tendo por base a necessidade do cumprimento da lei e da ordem institucionais, que foram negadas pelo principal órgão incumbido da operacionalização do sistema eleitoral brasileiro.

Para tanto, ele poderia ter decretado a intervenção militar, com respaldo no artigo 142 da Lei Maior do país, que dava competência para ele acionar as Forças Armadas para o restabelecimento da lei e da ordem, tudo dentro dos limites permitidos na Constituição.

O certo é que de nada adianta ficar agora se lamentando, no sentido de se saber se tinham ou não votos para a reeleição do então presidente da República, quando este não teve o mínimo de sensibilidade político-administrativa para perceber que a sua gravíssima omissão quanto à falta da implantação da intervenção militar é a principal causa por que o Brasil se encontra atolado em abissal desgovernabilidade, além do alinhamento do país aos piores regimes da América Latina.

Por certo, agora, nada dessa horrorosa situação estaria acontecendo, uma vez que todas ou quase todas as questões poderiam ter sido solucionadas, por meio do restabelecimento da lei e da ordem, na forma das determinações fixadas na intervenção militar, que se fazia necessária, ante a precariedade que se vislumbrava com a entrega do poder à ala decomposta da política brasileira.

A verdade é que o então presidente do país deixou escapar, entre seus dedos, importantíssima oportunidade para salvar o Brasil do domínio das trevas demoníacas, quando ele também poderia passar para a história brasileira como verdadeiro herói nacional, por ter conseguido evitar a volta ao poder da pior espécie de políticos, que ainda são apoiados pelo sistema dominante, contrário aos princípios democráticos e republicanos, em especial no que se refere à transparência dos atos da administração e à liberdade de expressão.

            Brasília, em 22 de junho de 2023

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