quinta-feira, 13 de novembro de 2014

A seriedade das investigações?

Conforme o jornal britânico Financial Times, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América decidiu abrir investigação criminal contra a Petrobras, em virtude das denúncias de corrupção na empresa, com a finalidade de se verificar se houve pagamento de propina com recursos da estatal.
Além da aludida investigação, a Petrobras também passou a ser alvo da lupa da Securities and Exchange Comission dos EUA, que é o órgão que regula o mercado de capitais, que corresponde, no Brasil, à Comissão de Valores Mobiliários. Como a Petrobras tem ações negociadas nos mercados de Nova York, os EUA têm interesse, por força da sua legislação, na apuração das denúncias de corrupção envolvendo o patrimônio da estatal brasileira.
A revista britânica esclarece que as autoridades dos EUA pretendem saber se a Petrobras, seus funcionários ou intermediários violaram o Ato de Práticas Corruptas Estrangeiras, que é o estatuto anticorrupção que caracteriza ilegalidade subornar oficiais estrangeiros para conseguir ou manter negócios.
Por sua vez, a Petrobras, em resposta a questionamentos formulados pela Comissão de Valores Mobiliários brasileira, teria informado que criou comissões internas para averiguar “indícios ou fatos contra a empresa”.
Já não é novidade para ninguém que a Petrobras é pivô das investigações da operação Lava-Jato da Polícia Federal, que apura esquema usado para lavagem de dinheiro e evasão de divisas, com o envolvimento de recursos da estatal estimados em cerca de R$ 10 bilhões, que foram movimentados, segundo resultado de investigações, por grupo brasileiro especializado no mercado clandestino de câmbio.
Segundo os levantamentos preliminares, os principais contratos sob suspeita apontam para a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, e a construção de refinarias, que teriam servido de abastecimento de caixa de partidos políticos e pagamento de propina de bilhões de reais.
Se houvesse, no país tupiniquim, agilidade e prioridade na investigação dos casos de corrupção com recursos públicos, como existem nos países desenvolvidos, o Brasil teria evitado esse mico de possibilitar que os Estados Unidos da América investiguem caso que diz respeito exclusivamente à economia interno brasileira.
Esse caso demonstra a urgente necessidade de o país aperfeiçoar e modernizar seu regramento jurídico, para possibilitar agilidade e celeridade das investigações nos casos de irregularidades na administração pública, inclusive imprimindo a indispensável transparência que se impõe, por envolver o patrimônio da sociedade.
É evidente que, se houvesse a devida competência na apuração das irregularidades na administração pública, não haveria necessidade de os EUA se imiscuírem nos negócios internos do Brasil, porque eles utilizariam os resultados confiáveis das investigações do governo brasileiro, para o atendimento das exigências da sua rigorosa legislação sobre o mercado de ações.
Não há a menor dúvida de que as investigações em apreço têm o condão de contribuir para a desvalorização das ações da estatal e, de consequência, da diminuição do seu patrimônio, justamente pelo fato de que as suspeitas de corrupção são combatidas com muita dureza nos países sérios e desenvolvidos, que são terríveis e implacavelmente rigorosos no combate aos atos irregulares e às fraudes, por serem considerados os piores cânceres capazes de degenerar os princípios da dignidade e honorabilidade da nação.
Para se evitar que o patrimônio da Petrobras se transforme em fumaça, ante a falta de credibilidade demonstradas nas apurações, convém que o Brasil agilize, com o máximo de urgência, as prometidas investigações dos casos de corrupção na estatal, sem necessidade de se esperar pelos resultados das investigações estrangeiras, como forma de se esclarecer o quanto antes os fatos e de serem promovidas as medidas saneadoras cabíveis, com a responsabilização, se for o caso, dos envolvidos, com vistas às punições cabíveis e ao ressarcimento dos valores pertinentes aos danos causados aos cofres da empresa, para que o país não fique a reboque do atraso e do subdesenvolvimento também no que diz respeito aos simples casos de investigação de irregularidades, que sempre demoram uma eternidade para o seu desfecho, nem sempre satisfatórios, em evidente prejuízo para os interesses nacionais. Acorda, Brasil!       
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 13 de novembro de 2014

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