A presidente da República não consegue esconder as
dificuldades na condução da política econômica e já começa, sem perda de tempo,
a pensar em fazer ajustes graduais de médio prazo e crível na economia, entre
outros, na área fiscal, para fomentar a indústria e as exportações, mediante a
depreciação aos poucos do real.
É curioso que o governo imagina desvalorizar o real
para ajudar a indústria nacional e as exportações, mas parece olvidar as
questões relacionadas com as importações de grande quantidade de produtos
agrícolas e principalmente de tecnologia e de equipamentos eletrônicos, além do
peso da importação inerente às montadoras de veículos e outras indústrias
pesadas, cujas peças são quase todas fabricadas no exterior.
Esses fatores precisam ser bastante estudados, sob
pena de os ajustes em setores picotados levarem a resultados nada satisfatórios,
como já ocorreu recentemente com os incentivos ao setor automotivo, quando
houve enorme incentivo por parte do Fisco, mas o retorno que se esperava não
correspondeu ao sacrifício pela perda da arrecadação.
O governo tem certeza que as medidas a serem
adotadas na política econômica, para melhorar os indicadores pertinentes, hão
de causar duras críticas da oposição, mas ele já se prepara para rebatê-las, por
reconhecer que elas não foram objeto de discussão na campanha.
O fato é que a desmoralização do governo já começou
com a surpreendente alta de 0,25% na taxa dos juros, logo em seguida ao
resultado das urnas, dando a entender que vêm outros aumentos em sua companhia,
a exemplo dos preços que foram representados de propósito, para não influenciarem
na campanha à reeleição.
Como sói acontecer, a sequência de aumentos, de ajustes
e das medidas a serem adotadas na economia, para os ajustes e acertos devidos,
sempre haverá discurso político apropriado para justificá-los, tendo em vista
que se trata de situações que não foram tratadas no calor da campanha, quando a
garantia da petista era de que as políticas públicas estavam sendo executadas
em plena normalidade.
O certo é que, para se ganhar a eleição, o governo
omitiu o máximo que pôde as medidas administrativas que pudessem mostrar com
toda clareza suas precariedades, de modo que os eleitores não tivessem
condições de avaliar, à luz dos fatos concretos, a real situação de deficiência
da administração do país, embora o candidato tucano ainda, de forma tímida,
tivesse tentado chamar a atenção para o caos existente na gestão petista, mas
não foi convincente, justamente por falta de habilidade para mostrar caso a
caso, com a comprovação dos detalhes, como, por certo, teria sido feito com
bastante competência pelo PT, caso ele fosse a oposição.
Na verdade, faltou ao tucano melhor assessoramento
para mostrar à sociedade a situação calamitosa pela qual se encontra a
administração do país, que se encaminha para fechar o ano com crescimento
próximo de zero, dando a efetiva impressão de que o decréscimo da economia é
uma realidade bastante palpável e preocupante, notadamente por haver reflexo direto
e prejudicial aos interesses nacionais e da sociedade, pela afetação na
diminuição da renda dos trabalhadores, na falta de emprego, na redução da
arrecadação tributária e na dificuldade ou ausência de investimentos público e
privado.
Enfim, o país entrará em completa desgraça
administrativa, em virtude, em especial, dos juros altos, da
desindustrialização, da escassez de recursos externos para aplicação nos
setores produtivos, e de outros fatores que contribuirão para arrochar ainda
mais a atual situação econômica, que já passa por inevitável crise.
Ou seja, a situação falimentar do Estado brasileiro
representa verdadeiro estelionato eleitoral – que é considerado crime - passado
pela presidente da República aos eleitores, que escondeu deles o real estado de
precariedade do país, a par de ter garantido que a inflação, as contas
públicas, a gestão dos gastos públicos e tudo o mais estavam sob absoluto controle,
quando, na realidade, os fatos mostram exatamente a decadência da administração
pública, que não tem condições de se recuperar em curto prazo e quiçá por longo
período, exatamente em razão da resistência do governo em promover as reformas estruturais
indispensáveis à contribuição ao desenvolvimento do país.
Por certo, nunca na história deste país uma
candidata foi tão perversa com os brasileiros, por ter conseguido omitir a
verdade sobre a gestão pública, mas mesmo assim ainda conseguiu merecer a
confiança e o apoio deles para a sua reeleição, mostrando, com isso, que a
população foi traída, por não ter havido o indispensável esclarecimento sobre o
verdadeiro desempenho da administração do país.
Urge que os brasileiros se despertem da letargia
que os impede de enxergar a verdadeira situação político-administrativa do
país, de modo que não seja possível que a nação continue sendo gerenciada sob tanta
falta de zelo e cuidados incompatíveis com a sua grandeza econômica. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 02 de novembro de 2014
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