segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Estelionato eleitoral?

A presidente da República não consegue esconder as dificuldades na condução da política econômica e já começa, sem perda de tempo, a pensar em fazer ajustes graduais de médio prazo e crível na economia, entre outros, na área fiscal, para fomentar a indústria e as exportações, mediante a depreciação aos poucos do real.
É curioso que o governo imagina desvalorizar o real para ajudar a indústria nacional e as exportações, mas parece olvidar as questões relacionadas com as importações de grande quantidade de produtos agrícolas e principalmente de tecnologia e de equipamentos eletrônicos, além do peso da importação inerente às montadoras de veículos e outras indústrias pesadas, cujas peças são quase todas fabricadas no exterior.
Esses fatores precisam ser bastante estudados, sob pena de os ajustes em setores picotados levarem a resultados nada satisfatórios, como já ocorreu recentemente com os incentivos ao setor automotivo, quando houve enorme incentivo por parte do Fisco, mas o retorno que se esperava não correspondeu ao sacrifício pela perda da arrecadação.
O governo tem certeza que as medidas a serem adotadas na política econômica, para melhorar os indicadores pertinentes, hão de causar duras críticas da oposição, mas ele já se prepara para rebatê-las, por reconhecer que elas não foram objeto de discussão na campanha.
O fato é que a desmoralização do governo já começou com a surpreendente alta de 0,25% na taxa dos juros, logo em seguida ao resultado das urnas, dando a entender que vêm outros aumentos em sua companhia, a exemplo dos preços que foram representados de propósito, para não influenciarem na campanha à reeleição.
Como sói acontecer, a sequência de aumentos, de ajustes e das medidas a serem adotadas na economia, para os ajustes e acertos devidos, sempre haverá discurso político apropriado para justificá-los, tendo em vista que se trata de situações que não foram tratadas no calor da campanha, quando a garantia da petista era de que as políticas públicas estavam sendo executadas em plena normalidade.
O certo é que, para se ganhar a eleição, o governo omitiu o máximo que pôde as medidas administrativas que pudessem mostrar com toda clareza suas precariedades, de modo que os eleitores não tivessem condições de avaliar, à luz dos fatos concretos, a real situação de deficiência da administração do país, embora o candidato tucano ainda, de forma tímida, tivesse tentado chamar a atenção para o caos existente na gestão petista, mas não foi convincente, justamente por falta de habilidade para mostrar caso a caso, com a comprovação dos detalhes, como, por certo, teria sido feito com bastante competência pelo PT, caso ele fosse a oposição.
Na verdade, faltou ao tucano melhor assessoramento para mostrar à sociedade a situação calamitosa pela qual se encontra a administração do país, que se encaminha para fechar o ano com crescimento próximo de zero, dando a efetiva impressão de que o decréscimo da economia é uma realidade bastante palpável e preocupante, notadamente por haver reflexo direto e prejudicial aos interesses nacionais e da sociedade, pela afetação na diminuição da renda dos trabalhadores, na falta de emprego, na redução da arrecadação tributária e na dificuldade ou ausência de investimentos público e privado.
Enfim, o país entrará em completa desgraça administrativa, em virtude, em especial, dos juros altos, da desindustrialização, da escassez de recursos externos para aplicação nos setores produtivos, e de outros fatores que contribuirão para arrochar ainda mais a atual situação econômica, que já passa por inevitável crise.
Ou seja, a situação falimentar do Estado brasileiro representa verdadeiro estelionato eleitoral – que é considerado crime - passado pela presidente da República aos eleitores, que escondeu deles o real estado de precariedade do país, a par de ter garantido que a inflação, as contas públicas, a gestão dos gastos públicos e tudo o mais estavam sob absoluto controle, quando, na realidade, os fatos mostram exatamente a decadência da administração pública, que não tem condições de se recuperar em curto prazo e quiçá por longo período, exatamente em razão da resistência do governo em promover as reformas estruturais indispensáveis à contribuição ao desenvolvimento do país.
Por certo, nunca na história deste país uma candidata foi tão perversa com os brasileiros, por ter conseguido omitir a verdade sobre a gestão pública, mas mesmo assim ainda conseguiu merecer a confiança e o apoio deles para a sua reeleição, mostrando, com isso, que a população foi traída, por não ter havido o indispensável esclarecimento sobre o verdadeiro desempenho da administração do país.
Urge que os brasileiros se despertem da letargia que os impede de enxergar a verdadeira situação político-administrativa do país, de modo que não seja possível que a nação continue sendo gerenciada sob tanta falta de zelo e cuidados incompatíveis com a sua grandeza econômica. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 02 de novembro de 2014

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