sábado, 1 de novembro de 2014

Desperdício à democracia brasileira?

Um professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro disse que o pedido de auditoria especial ao Tribunal Superior Eleitoral do processo eletrônico de votação e contagem “É um desperdício à democracia brasileira. As pessoas que já começaram a pedir impeachment ou as pessoas que estão encaminhando esse pedido de auditoria criam uma situação de tremenda insegurança para os cidadãos brasileiros. E dá a alguns militantes, inclusive aos militantes da oposição, a impressão de que eles foram lesados e de que a democracia brasileira não tem validade. Isso é um profundo desperdício à democracia no Brasil...”.
No Estado Democrático de Direito, é normal que cada cidadão tenha o direito de se manifestar da forma que melhor lhe aprouver, fazendo as avaliações que bem entender, inclusive achar que seja desperdício à democracia a pretensão de transparência no processo eleitoral totalmente conturbado e carregado de desconstruções, muitas mentiras e sórdidas ameaças, como essas a seguir, em que o ex-presidente da República petista, na sua maneira verbosa de ser sentencia, em discurso que teria feito em Pernambuco, conforme vídeo que circula na internet, que verbis: “É por isso que nós temos que garantir a reeleição da Dilma. Olhe, Dilma! Eu vou lhe dizer uma coisa. Eles tentaram duas vezes me derrotar e não me derrotaram. Derrotaram no comecinho quando eu ainda estava meio... Eles não evitaram a gente te eleger, quando ninguém te conhecia. Eu vou te contar uma coisa: Eles não sabem. Eles não sabem o que nós seremos capazes de fazer. Eles não sabem. Eles não sabem o que nós seremos capazes de fazer. A fazer com que você seja a nossa presidenta por mais quatro anos nesse país.”.
Não há dúvida de que desperdício seria não dá crédito a essas fortes palavras pronunciadas por pessoa de extrema capacidade de protagonizar malfeitos para fraudar o processo eleitoral, como forma de se obter benefício, inclusive sob a burla de resultado do pleito eleitoral.
 Data vênia de entendimento em contrário, a auditoria no processo eleitoral é justamente uma das formas democráticas de se garantir segurança jurídica, se autenticar transparência nos processos pertinentes e se assegurar sobre a lisura nas urnas, para a confirmação da legitimidade do pleito, afastando, em definitivo, quaisquer suspeitas sobre possíveis irregularidades.
 É induvidoso que a aludida infeliz e grave declaração do petista denuncia o quanto ele e seu partido teriam sido capazes de fazer maldades para ganhar as eleições, inclusive fraudar as urnas eletrônicas, porque seguramente elas não são à prova de burla, quanto mais diante da predisposição do cacique petista anunciando sua capacidade de promover horrores para reeleger a candidata governista e quanto a isso ele é muito claro, por ter reiterado a sua disposição de fazer estripulias para não perder as benesses oferecidas pelo poder, a exemplo da truculência com que o partido conseguiu desconstruir, de forma sucessiva, as candidaturas da pessebista e do tucano, com a produção de mentiras, falsetas e invencionices que convenceram parcela expressiva da sociedade.
À toda evidência, as mencionadas ameaças, por suas convicções, proferidas diante de seleta plateia de políticos, já seriam, por si sós, mais do que suficientes para o candidato derrotado exigir ampla auditoria sobre o processo eleitoral, como forma de se confirmar ou não a lisura do resultado da votação, fato que não constitui nenhuma novidade, visto que as grandes democracias mundiais fazem normalmente o mesmo procedimento, a exemplo dos Estados Unidos da América, por ser método que faz parte do aperfeiçoamento democrático.
Agora, outro fator importante a justificar a auditoria em comento diz respeito à falta de convencimento à maioria dos brasileiros cônscios das precariedades existentes nas atividades político-administrativas brasileiras, que não recomendariam a continuidade da gestão petista, ante a demonstração de incapacidade para comandar o país, conforme comprovação do desastrado gerenciamento nestes quatros últimos anos, em que a economia foi travada completamente, não conseguindo senão decrescer, conforme mostra o pífio desempenho do Produto Interno Bruto, que deverá se aproximar de zero, com crescimento de coisa alguma, o que propiciará arrocho para todos os lados, principalmente para o emprego, a renda dos empregados, a arrecadação tributária e os investimentos públicos e privados, que encontrarão dificuldades nas suas respectivas finalidades de contribuição para o desenvolvimento do país; a prestação dos serviços públicos, que perdeu substancialmente a qualidade que dele se esperava do tanto de tributo que se arrecada neste país, que se equipara aos maiores do mundo, mas tem uma das piores qualidades de serviços públicos; a administração pública foi completamente desmoralizada com as sucessivas corrupções, em intenso processo de dilapidação do patrimônio público, a exemplo do lastimável desfalque promovido de forma ardilosa pelo partido do governo e outros dois integrantes da sua base de sustentação; e tantas deficiências administrativas que suscitam suspeitas sobre possíveis fraudes, que somente a auditoria poderia indicar se a reeleição da petista teria sido realmente legítima.
Esses fatos de notória incompetência administrativa e de cristalina desmoralização dos princípios da dignidade e da honorabilidade na administração pública, aliados às ameaças explícitas do ex-presidente da República petista, já seriam mais do que suficientes para a realização de auditoria nos procedimentos eleitorais, como forma capaz de assegurar segurança jurídica, mostrar plena legitimidade do pleito e validade dos mecanismos democráticos, mediante o seu aprimoramento e aperfeiçoamento, em consonância com as conquistas de modernidade e a civilidade que não podem ser contrariadas por mentalidades retrógradas, cuja visão não consegue vislumbrar os fatos deletérios e perniciosos aos interesses públicos, mas sim apenas a satisfação de seus objetivos políticos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 31 de outubro de 2014

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