Infelizmente,
a atual situação político-administrativa do país atingiu o clímax de
indiscutível descrédito e desmoralização, por força dos resultados maléficos na
gestão das políticas públicas e na falta de controle e fiscalização eficientes
da administração e do patrimônio dos brasileiros.
É
evidente que a situação degradante da administração do país já vinha se
agravando desde doze anos atrás, quando foi implantada a coalizão de
governabilidade, que consiste no vergonhoso loteamento de ministérios e
empresas públicas - compreendendo o direito da nomeação dos cargos públicos
entre os respectivos apaniguados - entre os partidos da base de sustentação do
governo no Congresso Nacional, fazendo com que a máquina pública fosse conduzida
e dirigida por políticos inexperientes e despreparados, fato que contribuiu
para que o serviço público ganhasse a marca da péssima qualidade e ainda
tivesse como adjuvante o enorme desperdício de recursos, com o inchaço de quase
quarenta ministérios, muitos dos quais inúteis e desnecessários, em função do
indispensável apoio à base de sustentação do governo, em desprezo aos princípios
da moralidade, legalidade e economicidade.
O
exemplo dessa assertiva se traduz no desastroso desempenho do governo, em todos
os setores, com especial destaque para a economia, que cresce a passos de
tartaruga, quase parando, cuja falta de crescimento certamente vai contribuir
para a diminuição da arrecadação de tributos, o afastamento do capital
estrangeiro, a desindustrialização, o desemprego, a redução da renda do
trabalho, a falta de investimentos público e privado, entre outras mazelas que
se agregam a esses fatores negativos e preocupantes, porque tudo isso dificulta
não somente o crescimento econômico do país, mas a distribuição de renda,
porque a fonte pode secar a qualquer momento, em prejuízo para a massa social
assistida.
Apesar
de toda a deficiência da administração do país, nada poderia representar de
mais grave numa nação do que a desmoralização dos princípios éticos e morais, a
exemplo das sistêmicas e endêmicas corrupções que se instalaram no governo,
como marca indelével de uma gestão que não teve competência para combater as
fraudes e irregularidades com recursos públicos, causando enormes prejuízos ao
patrimônio da sociedade, que, em consequência, é privada do recebimento de
serviços públicos de qualidade, como seria de direito, ante a escorchante carga
tributária que lhe é impingida.
Não
adianta se afirmar ao leu que se apura e se pune, quando não há medidas
efetivas e concretas sobre esses atos, que deveriam partir do governo central,
com o firme propósito de prestar contas de seus atos à sociedade, como é do seu
dever constitucional, mediante a apresentação de resultados obtidos com
transparência pelo próprio executivo, para mostrar o que realmente aconteceu de
fraudulento nas contratações, não importando a quem atingir, nem pessoa e muito
menos partidos, porque o que interessa, nesse caso, é a salvaguarda do
patrimônio dos brasileiros e não as causas individuais, políticas e
partidárias, porque isso funciona como evidente prejuízo do interesse público.
É
evidente que, no último pleito eleitoral, as atividades
político-administrativas já passavam por intenso processo de degeneração, fato
que não novidade para ninguém, porque a deficiência administrativa, à vista dos
resultados desalentadores da prestação dos serviços públicos e da
desmoralização dos princípios da dignidade e honorabilidade, com as reiteradas
corrupções, já eram noticiadas de forma escancarada, mas, mesmo assim, pouco
mais da metade dos eleitores, sem menor pudor ético e moral e muito menos sem
sopesar as consequências nefastas, preferiu ignorá-las, para dar seu decisivo apoio
à continuidade do governo que, à toda evidência, não teve mérito para continuar
administrando o país com a eficiência e a dignidade à altura do Brasil, pois
tudo que se prometia na campanha eleitoral funcionava como verdadeiro antídoto
da realidade do governo fragilizado, que, apesar dos pesares, deixou de promover
as reformas da estrutura do Estado, de tornar o serviço público eficiente e
moralizado e acima de tudo de desprestigiar o fundamental princípio
republicano, por apenas priorizar a sua base de sustentação, em nome dos
interesses pessoais e partidários, ante as espúrias conveniências políticas.
O
Brasil precisa ser passado não somente a limpo, mas, sobretudo, submetido, com urgência, a profundas transformações e renovações nas atividades político-administrativas, mediante a
implantação de mentalidades sadias, civilizadas e moralizadoras, como forma
modernizadora dos princípios da eficiência, da competência, do decoro, da
economicidade, da legalidade e da transparência, com vistas à viabilização da retomada
do desenvolvimento social, político, econômico, cultural e democrático. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
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