quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Urgência de profundas transformações

Infelizmente, a atual situação político-administrativa do país atingiu o clímax de indiscutível descrédito e desmoralização, por força dos resultados maléficos na gestão das políticas públicas e na falta de controle e fiscalização eficientes da administração e do patrimônio dos brasileiros.
É evidente que a situação degradante da administração do país já vinha se agravando desde doze anos atrás, quando foi implantada a coalizão de governabilidade, que consiste no vergonhoso loteamento de ministérios e empresas públicas - compreendendo o direito da nomeação dos cargos públicos entre os respectivos apaniguados - entre os partidos da base de sustentação do governo no Congresso Nacional, fazendo com que a máquina pública fosse conduzida e dirigida por políticos inexperientes e despreparados, fato que contribuiu para que o serviço público ganhasse a marca da péssima qualidade e ainda tivesse como adjuvante o enorme desperdício de recursos, com o inchaço de quase quarenta ministérios, muitos dos quais inúteis e desnecessários, em função do indispensável apoio à base de sustentação do governo, em desprezo aos princípios da moralidade, legalidade e economicidade.
O exemplo dessa assertiva se traduz no desastroso desempenho do governo, em todos os setores, com especial destaque para a economia, que cresce a passos de tartaruga, quase parando, cuja falta de crescimento certamente vai contribuir para a diminuição da arrecadação de tributos, o afastamento do capital estrangeiro, a desindustrialização, o desemprego, a redução da renda do trabalho, a falta de investimentos público e privado, entre outras mazelas que se agregam a esses fatores negativos e preocupantes, porque tudo isso dificulta não somente o crescimento econômico do país, mas a distribuição de renda, porque a fonte pode secar a qualquer momento, em prejuízo para a massa social assistida.
Apesar de toda a deficiência da administração do país, nada poderia representar de mais grave numa nação do que a desmoralização dos princípios éticos e morais, a exemplo das sistêmicas e endêmicas corrupções que se instalaram no governo, como marca indelével de uma gestão que não teve competência para combater as fraudes e irregularidades com recursos públicos, causando enormes prejuízos ao patrimônio da sociedade, que, em consequência, é privada do recebimento de serviços públicos de qualidade, como seria de direito, ante a escorchante carga tributária que lhe é impingida.
Não adianta se afirmar ao leu que se apura e se pune, quando não há medidas efetivas e concretas sobre esses atos, que deveriam partir do governo central, com o firme propósito de prestar contas de seus atos à sociedade, como é do seu dever constitucional, mediante a apresentação de resultados obtidos com transparência pelo próprio executivo, para mostrar o que realmente aconteceu de fraudulento nas contratações, não importando a quem atingir, nem pessoa e muito menos partidos, porque o que interessa, nesse caso, é a salvaguarda do patrimônio dos brasileiros e não as causas individuais, políticas e partidárias, porque isso funciona como evidente prejuízo do interesse público.
É evidente que, no último pleito eleitoral, as atividades político-administrativas já passavam por intenso processo de degeneração, fato que não novidade para ninguém, porque a deficiência administrativa, à vista dos resultados desalentadores da prestação dos serviços públicos e da desmoralização dos princípios da dignidade e honorabilidade, com as reiteradas corrupções, já eram noticiadas de forma escancarada, mas, mesmo assim, pouco mais da metade dos eleitores, sem menor pudor ético e moral e muito menos sem sopesar as consequências nefastas, preferiu ignorá-las, para dar seu decisivo apoio à continuidade do governo que, à toda evidência, não teve mérito para continuar administrando o país com a eficiência e a dignidade à altura do Brasil, pois tudo que se prometia na campanha eleitoral funcionava como verdadeiro antídoto da realidade do governo fragilizado, que, apesar dos pesares, deixou de promover as reformas da estrutura do Estado, de tornar o serviço público eficiente e moralizado e acima de tudo de desprestigiar o fundamental princípio republicano, por apenas priorizar a sua base de sustentação, em nome dos interesses pessoais e partidários, ante as espúrias conveniências políticas.
O Brasil precisa ser passado não somente a limpo, mas, sobretudo, submetido, com urgência, a profundas transformações e renovações nas atividades político-administrativas, mediante a implantação de mentalidades sadias, civilizadas e moralizadoras, como forma modernizadora dos princípios da eficiência, da competência, do decoro, da economicidade, da legalidade e da transparência, com vistas à viabilização da retomada do desenvolvimento social, político, econômico, cultural e democrático. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
          Brasília, em 19 de novembro de 2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário