segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O fim da impunidade?

A presidente da República se manifestou sobre a nova etapa da Operação Lava Jato – que resultou, até agora, na prisão de 23 pessoas, entre as quais presidentes de empreiteiras e um ex-diretor de Serviços da Petrobras –, afirmando que as investigações do escândalo de corrupção podem "mudar o Brasil para sempre. Eu acho que isso (investigações da Lava Jato) pode mudar, de fato, o Brasil para sempre. Em que sentido? No sentido de que vai se acabar com a impunidade. Nem todos, aliás, a maioria absoluta dos membros da Petrobras, os funcionários, não é corrupta. Agora, têm pessoas que praticaram atos de corrupção dentro da Petrobras. Eu acho que isso (investigações da Lava Jato) pode mudar, de fato, o Brasil para sempre. (...)".
Na entrevista, a presidente ressaltou que é necessário tomar cuidado para não "condenar" a Petrobras pelos atos de corrupção cometidos por alguns funcionários da estatal. A petista destacou ainda que o fato de a Lava Jato ter colocado atrás das grades "corruptos e corruptores" é uma questão "simbólica" para o país, porque "Não se pode pegar a Petrobras e condenar a empresa. O que nós temos de condenar são pessoas. Pessoas dos dois lados: os corruptos e os corruptores. Eu acredito que a questão da Petrobras é simbólica para o Brasil. É a primeira investigação efetiva sobre corrupção no Brasil que envolve segmentos privados e públicos".
A presidente brasileira disse que os contratos firmados entre a Petrobras e as empresas investigadas na Operação Lava Jato, que investiga esquema de lavagem de dinheiro e pagamento de propina que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões, estão sendo revistos. Ela garantiu que não haverá revisão dos contratos envolvendo outras empresas públicas.
A presidente disse que "Eu não acho que dá para demonizar as empreiteiras desse país. São grandes empresas e se A, B, C ou D, praticaram malfeitos, atos de corrupção ou de corromper, acho que eles pagarão por isso".  É evidente que tem sim que se demonizarem as empresas que deliberadamente participaram dos esquemas criminosos, para o desvio de recursos dos cofres da estatal, cujos responsáveis devem ser punidos na forma da lei, inclusive com a responsabilização deles, com vistas ao ressarcimento dos valores pertinentes aos prejuízos causados à estatal. É por declarações como essas que urge a eliminação ou proibição de financiamentos de campanhas por empresas privadas, justamente pela sujeira e promiscuidade existentes entre políticos e empresários.
De certa forma, não assiste razão à presidente brasileira, quando afirma que as investigações da Operação Lava Jato vão acabar com a impunidade, porque ela está se referindo apenas aos corruptos e corruptores sem vinculação com as atividades políticas, não fazendo menção, no caso, aos correligionários dela, integrantes do PT, PMDB e PP, que foram apontados pelos delatores da delação premiada com beneficiários do dinheiro sujo do petrolão, uma vez os nobres políticos ainda se encontram à margem das garras da Justiça, se beneficiando do distanciamento dos incômodos despachos e investigações do juiz responsável pela Operação Lava Jato.
Por sua vez, a própria presidente deve pôr as “barbas” de molho, no bom sentido, já que ela não tem barbas, porque a sua campanha eleitoral de 2010 foi sustentada, em parte, com recursos provenientes das fraudes promovidas nos contratos da Petrobras, o que vale dizer que ela própria poderá ser objeto de investigação, uma vez que há indício da utilização de recursos de origem ilegítima na sua campanha eleitoral, fato que pode implicar no seu enquadramento como envolvida na utilização de recursos sujos, por ter se beneficiado indevidamente de dinheiro de corrupção.
Com certeza e não poderia ser diferente, não tem como se demonizar a empresa pelas horrorosas travessuras protagonizadas por políticos inescrupulosos, que promoveram “genial” esquema de desvio de recursos da Petrobras, para o financiamento de campanhas eleitorais, porque a estatal foi apenas utilizada para a satisfação da sanha devoradora de políticos da pior qualidade que integram a base de sustentação do governo, que teria se beneficiado das facilidades arquitetas com as contratações manipuladas, para o desvio de recursos públicos, mas agora todos tentam se passar por verdadeiros santinhos de pau oco, porque por dentro só existe sujeira.   
A sociedade anseia por que as prisões de grandes empresários sejam prenúncios alvissareiros de que nobres políticos também tenham o mesmo caminho dos tribunais, para responderem por seus crimes contra o patrimônio da sociedade, como forma salutar de contribuição para se diminuir um pouco a já banalizada impunidade que vem servindo de estímulo para as reiteradas corrupções com recursos públicos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 16 de novembro de 2014

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