quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Sentimento de desconfiança e de descrédito


O partido derrotado na última eleição presidencial entrou no Tribunal Superior Eleitoral com pedido de auditoria, para que seja verificada a "lisura" dos procedimentos pertinentes à votação.

Na solicitação, o partido sugeriu a criação de uma comissão com representantes do tribunal e de partidos, para verificar o sistema que apura e faz a contagem dos votos, sob os argumentos questionando a confiabilidade da apuração e a infalibilidade da urna eletrônica, ante as críticas disseminadas nas redes sociais.

No texto, consta justificativa de que “Não tem nada a ver com pedido de recontagem dos votos nem estamos questionando o resultado. Só queremos evitar que esse sentimento de que houve fraude continue a ser alimentado nas redes sociais”.

O PSDB cita denúncias e desconfianças na internet e nas redes sociais, sob o alegação de que a sociedade questiona a veracidade do resultado das eleições e diz que a auditoria é necessária para garantir a “confiança do povo brasileiro no processo eleitoral. É justamente com o objetivo de não permitir que a credibilidade do processo eleitoral seja colocada em dúvida pelo cidadão brasileiro que nos dirigimos neste momento à presença de Vossas Excelências para, respeitosamente, requerer a Vossa Excelência que permita a realização de um processo de auditoria nos sistemas de votação e de totalização dos votos, por uma comissão de especialistas formada a partir de representantes indicados pelos partidos políticos, mediante os seguintes procedimentos”.

Causa enorme perplexidade o fato de que o ex-presidente da República petista teria dito, de forma acintosa, prepotente e agressiva, em discurso pronunciado em Pernambuco, conforme vídeo que circula na internet, que verbis: “É por isso que nós temos que garantir a reeleição da Dilma. Olhe, Dilma! Eu vou lhe dizer uma coisa. Eles tentaram duas vezes me derrotar e não me derrotaram. Derrotaram no comecinho quando eu ainda estava meio... Eles não evitaram a gente te eleger, quando ninguém te conhecia. Eu vou te contar uma coisa: Eles não sabem. Eles não sabem o que nós seremos capazes de fazer. Eles não sabem. Eles não sabem o que nós seremos capazes de fazer. A fazer com que você seja a nossa presidenta por mais quatro anos nesse país.”.

 As aludidas argumentações, ante a força das ameaças e provocações nelas contidas, já seriam mais do que suficientes para se suspeitar sobre o resultado da eleição que deixou quase a metade dos brasileiros perplexa e sem entender muito bem como a pequena maioria dos eleitores teria a insensibilidade e a imprudência de votar pela continuidade de governo que reconheceu a roubalheira na Petrobras, ou seja, na sua gestão, tendo prometido punir os envolvidos e promover a reparação dos danos causados aos cofres da estatal, tudo por falta de eficientes controle e fiscalização da aplicação dos recursos públicos, que teriam contribuído também para as contratações, com preços superfaturados, para a manutenção da rapinagem na estatal, cuja parte dos recursos teria sido gasta na eleição da presidente do país, no pleito de 2010.

Também não se compreende como essa pequena maioria dos eleitores teria concordado com a continuidade da incompetência na administração das políticas econômicas, propiciando que o Produto Interno Bruto, deste ano, chegue muito perto de crescimento zero ou nenhum crescimento, fato que pode contribuir para complicar ainda mais a grave crise econômica, diante da tendência do incremento da desindustrialização, do desemprego, da redução da renda dos trabalhadores, da diminuição da arrecadação dos tributos, da falta de recursos para investimentos público e privado em obras importantes e ampliação do parque industrial, entre outras precariedades que estão contribuindo, de forma direta e efetiva, para o estrangulamento dos mecanismos de desenvolvimento do país.

Impende se ressaltar que o país perde importantes oportunidades de crescimento, por demonstrar claras incompetência e ineficiência na condução das políticas econômicas, por não ser possível conseguir a transformação das potencialidades econômicas, ante a deficiência gerencial, em substanciais riquezas e benefícios para o país e a sociedade, notadamente em prejuízo para o desenvolvimento do país, apesar das condições favoráveis que não são aproveitadas adequadamente, por falta de qualificação dos mecanismos e das políticas econômicas.

Diante das fraudes, corrupções, mazelas, precariedades, deficiências, ameaças, desconstruções e suspeitas de manipulações nos procedimentos administrativos, tudo isso atribuído à candidata à reeleição, é inacreditável que ainda seja possível tanta gente acreditar que ela tenha conseguido apoio majoritário nas urnas, vencendo, de forma surpreendente, a vontade da população, em maioria de mais de 70%, por mudanças que o governo não teve nem terá condições de promovê-las, por incompetência e falta de vontade política, fatos que justificam, induvidosamente, a auditoria pretendida não somente pelo partido derrotado na última eleição, mas pelos brasileiros honrados e defensores da moralização e da competência na administração pública.

Em razão desses fatos, urge a realização da auditoria suscitada, como forma de prestigiar o salutar princípio da transparência também no processo eleitoral, tão importante na moderna democracia, e de escoimar, em definitivo, possíveis dúvidas sobre a lisura do pleito eleitoral que surpreendeu os brasileiros honrados, por terem acreditado que as mudanças seriam realmente viáveis, ante as deficiências e a desmoralização na aplicação dos recursos públicos e no comando do país, de modo que, à toda evidência, a nação não pudesse continuar sob a administração deletéria e prejudicial ao interesse público. Acorda, Brasil!
 

          ANTONIO ADALMIR FERNANDES


          Brasília, em 04 de novembro de 2014

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