Com
o surgimento da nova fase da Operação Lava Jato, que levou para a cadeia
importantes executivos da construção civil, representantes empreiteiras de peso
no cenário nacional, além de um ex-diretor da Petrobras que chegou ao posto por
indicação do ex-ministro da Casa Civil da Presidência da República, a oposição
acabou ganhando espaço para comentar e atacar duramente o Palácio do Planalto e
o PT, que custaram a se manifestar acerca desses gravíssimos fatos.
No
entanto, com um dia de atraso, o ministro da Justiça, enfim, apareceu para
defender o governo e condenar o que chamou de "tentativa de politizar" a ação da Polícia Federal, dizendo, de
forma irônica, que "Não podemos
permitir a exploração política de um fato por alguém que comemorou o resultado
eleitoral antes e acabou perdendo; só Freud explica".
O
ministro, a par de repetir o surrado e inepto discurso da presidente do país,
no curso da campanha eleitoral, declarou que "Este governo não varre a sujeira para debaixo do tapete; a investigação
será mantida, doa a quem doer.".
Este lema de não levar sujeira
para debaixo do tapete está mais do que fora de moda, uma vez que a sujeira é
grossa no governo e tende a se avolumar ainda mais, não tendo como enganar mais
ninguém, a menos que os incautos e os desinformados sobre a roubalheira ainda
insistam em achar que, quanto pior, melhor para o país, como o que está
acontecendo no momento, em que o caos atingiu o píncaro e a desmoralização do
país é visível.
No
dizer do ministro deque "Este
governo não varre a sujeira para debaixo do tapete;...", ele está com
razão, porque, se varresse, não haveria tapete no mundo, em termos de tamanho,
para acomodar tanta sujeira produzida com as sucessivas corrupções com recursos
públicos.
O
certo é que a podridão e a roubalheira continuam expostas a céu aberto,
causando a maior repugnância à dignidade e à honestidade. Enquanto o governo
posa de probo e de imune a acusações de corrupções, o patrimônio da Petrobras
se dissolve nos mercados de ações, causando prejuízos para os acionistas que
investiram suas economias, na presunção de apenas eficiência operacional da
empresa.
A incompetência administrativa do país é gritante, por "Não podemos permitir a exploração política de um fato ..." (de corrupção), mas a irregularidade, a corrupção, em si é permitida normalmente.
Não
há sombra de dúvida de que o desgaste é inevitável para os partidos que estão
no governo e são sempre citados pelos delatores, a exemplo dos partidos que
indicaram seus representantes como negociadores na estatual, sendo que já há
ordem de prisão do operador do PMDB e de um ex-diretor da Petrobras, que foi
indicado pelo PT, embora não se pode descartar a participação políticos não governistas,
podendo sobrar alguma culpa para outros partidos, inclusive da oposição.
Ao invés
de o ministro tentar repudiar a incisiva indignação dos opositores, em relação
à degeneração dos princípios éticos e morais da administração do país, teria
sido muito digno se ele demonstrasse repugnância pelos fatos deletérios em si,
que teria sido conduta própria de quem participa do governo e não do partido, embora
ambos estejam envolvidos no mesmo mar de lama que enodoa a atuação do governo,
que não tem moral para rebater as adequadas críticas da oposição, em defesa do
patrimônio da sociedade.
Compete não
somente ao ministro, mas em especial ao governo, combater a corrupção e contribuir
de forma prioritária para eliminá-la da administração pública, uma vez que se
trata de câncer que carcome as entranhas da dignidade da administração pública.
É de se
lamentar a injustificável atitude ministro de repudiar a atuação da oposição,
dando a entender que o governo se compraz apenas com a atuação da Justiça, mas
repudia que a oposição não deva ter o direito de se manifestar em recriminação
à corrupção na administração pública.
Não deixa
de ser incompreensível que a estatal seja dilapidada, com a expressiva
diminuição do seu patrimônio, por atos de vandalismo de corrupção orquestrada
por partidos do governo e de aliados seus, e ainda surja o ministro para
contestar a indignação da oposição, dando a entender que o governo tem o
direito de ter uma empresa corrompida impunemente.
Caso a monstruosidade
praticada na Petrobras tivesse ocorrido num país com um pingo de seriedade, que
seu governo tivesse o senso de responsabilidade cívica e que as instituições do
país funcionassem com plena competência constitucional, certamente que já teria
sido promovida completa limpeza da administração do país, desde o mais elevado
ocupante de cargo da República até o reles porteiro do Palácio do Planalto,
como simples forma de moralização e dignidade da administração pública.
Não há
dúvida de que não somente a oposição, mas a sociedade tem todo direito de
politizar todos os casos de corrupção, porque isso faz parte do regime
democrático, mediante a manifestação em reprovação ou a favor dos atos da
administração pública, como no caso da irresponsabilidade que contribuiu para
as fraudes nos contratos da Petrobras. Ao contrário disso, faz entender o ministro
da Justiça, ao ameaçar o livre pensamento sobre a indignidade que prolifera quanto
aos fatos lamentáveis ocorridos na estatal, na tentativa de intimidar a
liberdade de expressão.
A oposição
tem que cumprir o seu importante papel de fiscalizar e denunciar os atos
irregulares, inclusive de convocar a sociedade, para combater o desprepara do
governo para solucionar a grave crise que devasta sobre a Petrobras, inclusive
promovendo a detonação do seu patrimônio, com a drástica desvalorização de suas
ações, que nunca estiveram cotadas em preços tão baixos, causando enormes
prejuízos para os investidores, que acreditaram na competência do governo de
evitar tamanhas perdas. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 15 de novembro de 2014
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