sábado, 29 de novembro de 2014

Insensibilidade à imoralidade?

Como não poderiam ser diferentes da sua arraigada ideologia, os petistas não se conformam em serem tachados de inveterados corruptos e dilapidadores do patrimônio da sociedade, em que pesem os seguidos escândalos de corrupção com recursos públicos, notadamente o mais horroroso e gigantesco de todos, que teve a força de arrasar as estruturas da Petrobras, cujos efeitos daninhos foram capazes de dilapidar seu patrimônio, mediante a aquisição da sucateada refinaria de Pasadena, no Texas, por preço astronômico e descomunal, incompatível com a envergadura do investimento, e a roubalheira arquitetada por partidos governistas, a cargo do despudor do PT, PMDB e PP, que estabeleceram eficientes esquemas para sugar dinheiro das contratações da empresa, para a irrigação dos caixas dos aludidos partidos, cujos resultados renderam bilhões de reais transformados em propinas. 
Não obstante, os petistas não se dão por vencidos e muito menos aceitam a acusação de culpados pela tragédia acontecida na estatal e, de resto, do país, sob a irracional e indevida argumentação de que outros partidos foram igualmente corruptos e prejudiciais aos interesses nacionais, dando a entender que esse fato teria o condão de justificar as pletoras irregularidades do governo petista, ao indicarem as corrupções do governo tucano, que sequer teriam sido investigadas, por certo com a cumplicidade do próprio PT, que era oposição e teria a obrigação de não permitir o que ele denomina incessantemente de engavetamento das denúncias de irregularidades.
Essa é a deplorável mania da incompetência petista de não assumir seus próprios desacertos e ainda se achar no direito de viver em corrupção sistêmica, endêmica e crônica, pelo simples fato de que outrem tenha também incorrido em erros semelhantes.
Certamente que ambos os casos irregulares, agora do PT e do passado, do PSDB, são igualmente lastimáveis e recrimináveis e nem um nem outro serve de justificativa para alguém se vangloriar pelo fato de que todos são crápulas e vermes que carcomem o patrimônio público, com respaldo na costumeira impunidade, salvo o clamoroso caso do mensalão, cujos condenados, com raras exceções, não passaram sequer um ano trancafiados, mostrando que as penalidades não corresponderam à gravidade dos crimes protagonizados contra o patrimônio público.
Aqueles que demonstram simpatia pelos atos de corrupção, achando que isso é normal, pela simplista argumentação de que todos fazem a mesma aberração, não merecem somente piedade, mas, sobretudo, condescendência por se perceber o tamanho do grau da insensibilidade e a falta de conscientização quanto à gravidade que pensamento nefasto é tão prejudicial à moralização das condutas da dignidade e da honestidade, conceitos estes que devem sempre predominar na administração do país.
As pessoas por mais inteligentes que sejam passam a emburrecer-se quanto mais imaginam que os erros do passado podem justificar as falhas do presente, quando o normal deve ser a condenação igualmente de ambos os casos, indistintamente, como forma não somente de expiar da vida pública os maus homens públicos, mas como forma de assepsia da grossa sujeira que foi solidificada e consolidada ao longo dos últimos governos, não importando a sua índole, quer seja de direito ou de esquerda, porque o país não tem lado senão da retidão dos atos administrativos, tendo por claros objetivos a consecução do bem comum da sociedade, por meio de políticas públicas baseadas em princípios saudáveis da dignidade, legalidade, moralidade, transparência e economicidade.
Não se pode imaginar que o sentimento dos petistas é apenas de se contentar em achar que os erros de outrem servem de respaldo para as desgraças do presente, que causaram a desmoralização e o crédito do país, cuja roubalheira tem o condão de contribuir para verdadeiro atraso do desenvolvimento econômico, principalmente pela paralisação dos processos de investimentos, notadamente por parte dos aplicadores internacionais, que perderam a confiança no governo, falido e incapaz de oferecer meios para a recuperação da economia, a curto e médio prazo.
Até parece que os petistas tiveram a iniciativa de recrudescer a corrupção na administração do país apenas para mostrar que os outros também roubaram e por isso a pouca-vergonha deve continuar à solta, à vista da banalização da impunidade que grassa soberana no país, ao confirmar a falta de seriedade que jamais deveria inexistir numa nação como o Brasil, que tem a corrupção como sustentáculo de partidos políticos e seus desavergonhados seguidores que ainda procuraram justificar as irregularidades nos erros dos outros, como se isso fosse dignificante à exaltação dos princípios da ilicitude e da desonestidade.
O mais grave que resultada das discussões políticas é se perceber que tem gente com tamanha ingenuidade que torce para que surja algum fato irregular da oposição para servir de anteparo às acusações contra os “todo-poderosos” e “honestos”, por ainda acreditar que o governo e seus asseclas ainda têm uma áurea de dignidade, em verdadeiro sentimento de perfeito e arraigado fanatismo religioso, uma espécie de delírio, de paixão cega e obstinada, ao estilo camicase.
Agora, não deixa de ser decepcionante e até aviltante se constatar que pessoas inteligentes e cultas, com formação em ciência da Administração Pública e ainda possuidoras de amplos conhecimentos e experiências sobre a verdadeira finalidade dos princípios da ética, da moralidade, do decoro, da probidade, da dignidade e da honestidade, não se sensibilizarem quanto aos reais malefícios que as roubalheiras causam à nação, não somente pela destruição patrimonial dos brasileiros, mas, sobretudo, pela deterioração dos conceitos de benemerência, integridade e probidade.     
Os brasileiros, não importando a sua ideologia socialista ou democrática, precisam se conscientizar, com urgência, sobre a imperiosa necessidade de enxergar os fatos irregulares - deletérios do patrimônio público - sob o prisma segundo a sua origem, independentemente quem os tenha dado causa, porque a insensibilidade e a indiferença motivadas por doentia paixão partidária, como forma de possibilitar, nos termos da lei, a responsabilização dos envolvidos, que podem integrar quaisquer agremiações políticas, o ressarcimento dos prejuízos ao erário, sem embargos das penalidades criminais, para o fim de que os atos pertinentes sirvam de lição, com vistas à preservação do patrimônio dos brasileiros e se evitarem irregularidades similares. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 28 de novembro de 2014

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