“Você
pode enganar algumas pessoas o tempo todo ou todas as pessoas durante algum
tempo, mas você não pode enganar todas as pessoas o tempo todo.". Abraham
Lincoln.
Em razão dos escândalos objeto da Operação
Lava-Jato, o PT e o governo redobraram os esforços para tirar os holofotes de
possíveis investigações sobre a presidente da República, de modo que ela fique
fora do olho do furacão que aterroriza, já há bastante tempo, o Palácio do Planalto,
enquanto os partidos de oposição estão fazendo o máximo para incluir nas
apurações não somente o governo dela, mas também o PT, para que os fatos sejam
devidamente esclarecidos, com a devida transparência e a responsabilização dos
envolvidos, que certamente teriam sido beneficiados com o dinheiro suja da
roubalheira e não é justo que eles fiquem à margem do processo de reparação dos
prejuízos causados à Petrobras.
Além do mais, este é o momento propício para que o
país seja, finalmente, passado a limpo e essa assepsia não pode excluir nem
pessoas nem partidos que fizeram a farra com o desvio criminoso de dinheiro
público, em detrimento do interesse nacional.
Pelo menos nos depoimentos do ex-diretor da estatal
à Justiça, foi dito que o partido do governo e outros partidos aliados dele são
os principais e potenciais beneficiários do esquema criminoso montado com a
finalidade de abastecimento de seus caixas, para custear as companhas
eleitorais, cujas irregularidades precisam ser apuradas, de forma transparente,
como imprescindível prestação de contas à sociedade sobre a legitimidade ou não
das atividades político-administrativas, em obediência aos princípios de
razoabilidade e civilidade, que se impõem na atual fase de amadurecimento
político.
Há de notar que as investigações sob os cuidados da
operação em comento começaram sem maiores pretensões, tendo por objetivo se
apurar apenas um ou outro caso de lavagem de dinheiro a partir do doleiro que
se encontra preso e prestando depoimentos em consonância com o acordo de
delação premiada, tendo evoluído de tamanho com a inclusão do ex-diretor da
Petrobras, que foi o primeiro a abrir o verbo entregando meio mundo da casta
política dominante, encastelado no PT, PMDB e PP, que teriam se beneficiado das
gordas e bilionárias quantias de recursos desviados de contratos pertinentes à
aquisição e construção de refinarias.
Depois desses fatos, a vida de importantes
políticos se transformou num verdadeiro martírio, por ter sido infernizada pela
inclusão de nomes de autoridades na lista negra do ex-diretor, responsável pela
arrecadação e distribuição dos valores entregues aos políticos do PT.
A roubalheira tomou gigantesca dimensão, envolvendo
bilhões de reais e a revelação de rombo incalculável, por haver enorme
pulverização de recursos para partidos políticos e intermediários, que amealharam
muito dinheiro, que se destinava, no princípio, ao financiamento de campanhas
eleitorais, mas a lesão aos cofres da estatal foi ampliada para abranger também
os intermediários. Diante disso,
somente um ex-gerente da Petrobras se comprometeu a devolver à empresa o valor
de US$ 97 milhões, equivalente a aproximadamente R$ 250 milhões, que representa
quase cinco vezes o valor identificado no escândalo do mensalão, que teria sido
o princípio da roubalheira do governo que se dizia ético.
O fato é que a oposição faça o movimento que quiser
ou o governo o que puder para arrastar alguém para dentro da fogueira ou para
livrar-se dela, mas já não há mais dúvida de que a Operação Lava Jato ganhou
pernas próprias, segue dinâmica própria e age com desenvoltura e autonomia que
não adianta mais o estrebuchamento do governo nem do PT, porque, ao seu rastro,
vai ficando estrago jamais imaginado, muitas cabeças vão rolar e muitos
políticos vão pagar por terem sido beneficiários do esquema criminoso.
É inacreditável como caso tão rumoroso como o da
Petrobras, que foi capaz de desviar incalculável e expressiva quantidade de
recursos da empresa, para o abastecimento de caixa de partidos do governo e de
aliados seus, tudo em flagrante afronta aos princípios da moralidade, dignidade
e honorabilidade, não tenha ainda sido capaz de mexer com as estruturas da
República, cuja classe dominante foi fartamente beneficiada com recursos desviados.
Esses fatos horrorosos, de dilapidação do patrimônio
da sociedade, seriam capazes de causar, até mesmo numa republiqueta, que pouco
preza os princípios da probidade administrativa, o afastamento do presidente da
República, seus asseclas até o porteiro do palácio presidencial, mas, no país tupiniquim,
ninguém dos altos escalões da República foi arrolado como envolvido, embora o
ex-diretor da estatal e delator já tenha mencionado nomes de altas autoridades.
O governo deve está "tranquilíssimo", no
dizer do vice-presidente da República, embora haja fortes motivos para se
preocupar e muito com o rolo compressor manuseado pelas investigações da
Operação Lava Jato, por não envolverem, por enquanto, os verdadeiros culpados,
que são, na forma das acusações dos delatores da delação premiada, também a
classe política dominante, que até agora se vangloria pelo fato de ainda não
ter sido inserida no redemoinho que vem incomodando corruptos e corruptores não
políticos.
O PT e o governo não precisam temer o envolvimento da
presidente do país nesse rumoroso caso de corrupção, porque, de forma
impressionante, seus eleitores acreditam piamente na inocência dela, apesar de
que não se pode olvidar sobre a participação dela na compra da sucateada
refinaria de Pasadena, no Texas, por estapafúrdio preço ainda não esclarecido,
quanto ela era presidente do Conselho de Administração da estatal.
No meio dessa guerra ensaiada entre governistas e
oposição, tem a palavra da presidente do país, que garante ter agido com
absoluta lisura e transparência, ao afirmar que manda apurar e punir os
corruptos, mas não há nenhum resultado quanto às medidas por ela adotadas e a
sua base de sustentação no Congresso Nacional – petistas e aliados –
simplesmente paralisou as investigações a cargo de duas Comissões Parlamentares
de Inquérito, dando clara demonstração de que a tão falada transparência
presidencial não passa de falácia, porquanto, se não houvesse dúvida quanto o
envolvimento da classe política dominante nos escândalos do petrolão, as
investigações já teriam sido concluídas há bastante tempo, porque o prazo de
vigência delas já se exauriu e nenhum resultado foi apresentado, dando a
entender que a sujeira foi jogada para debaixo dos enormes tapetes palacianos,
com a magistral ajuda da presidente, que não moveu um uma palha para pedir
seriedade e agilidade à sua bancada no Congresso, para efetivar as
investigações, que não passaram de vergonhoso processo de embromação, desde a
instalação das citadas comissões até o presente momento.
Também ficou muito feio para o governo, que fez
eternos discursos de cunho moralizador, mas o partido da presidente blindou a
quebra de sigilo dos envolvidos, inclusive do tesoureiro do PT, que é acusado
de ser o operador dos recursos do partido, fato que contraria o antigo adágio
segundo o qual quem não deve não teme, mas isso não foi sequer esboçado, como
forma de viabilizar a comprovação da inocência dos acusados, dando a impressão
de que o discurso é somente da boca para fora, para que, na prática, os fatos
continuem no esquecimento, sem a devida punição para aqueles que deram causa à
roubalheira e se beneficiaram dos recursos desviados.
Nunca na história desta nação, um fato vergonhoso
precisa tanto ser esmiuçado e devidamente esclarecido como esse do petrolão,
para que as vísceras da indignidade com recursos públicos sejam mostradas à
nação, de modo que os eleitores que não tiveram a conscientização sobre a
desonestidade na administração do país passem a acreditar na pouca-vergonha de
muitos políticos, que menosprezam os princípios da dignidade e da honestidade.
Convém que o terrível e indigno segredo da caixa-preta
iniciado com o mensalão e continuado com o petrolão seja violado e escancarado
de vez, para que a sordidez na administração pública tenha termo em definitivo
e os negócios do Estado passem por verdadeiro divisor de águas, com a
substituição da sujeira, da podridão, por líquido filtrado, límpido e imune a
impurezas, pois a grandeza do Brasil não merece continuar sendo ultrajada por
inescrupulosos grupelhos de políticos que imaginaram a dominação do país com
estratégia e tática maquiavélicas, com o emprego da sangria dos princípios da
ética, do decoro, da probidade, da moralidade, da legalidade, da economicidade
e da transparência, como forma de absoluta dominação e de perpetuação no poder.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 24 de novembro de 2014
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