O
demissionário ministro da Fazenda disse que estava feliz com o resultado das
urnas e com a reeleição da presidente do país, por entender que, com o fim da
disputa eleitoral, tudo fica mais fácil e que, após o pleito, há o fim da
paixão e a volta da racionalidade: "Isso
(o resultado das urnas) mostra que a
população está aprovando as políticas que estamos praticando".
O
ministro disse que a própria discussão econômica fica mais exacerbada durante a
eleição e que os pessimistas ficam mais pessimistas e, os otimistas, mais
otimistas: "Terminada a eleição,
esse cenário tende a se acalmar. Já há uma volta do otimismo da economia".
Ele apresentou números para argumentar que está aumentando o otimismo na
economia brasileira, afirmando que "O
Datafolha da semana passada indicava que o brasileiro está ficando mais
otimista com a economia. É uma pesquisa eleitoral. Em plena eleição foi
detectada melhora do humor do brasileiro".
É
risível que o ministro ficando, que teve, pelo menos no atual governo, quatro
anos para pôr a economia nos rumos do progresso, mas não o fez, vir a público,
agora, quando ele se encontra apenas limpando as gavetas da sua pasta,
reconhecer que "Temos que fortalecer
as empresas brasileiras e estimular o mercado de capitais. Temos também que
manter o sistema financeiro sólido, que financia a expansão da economia e do
consumo. É prioridade manter a
inflação sob controle, continuar gerando empregos e manter o mercado interno em
expansão. Para aumentar empregos no país, tem que manter estímulo ao
investimento. Temos que criar condições para que o investimento continue
crescendo no país".
É
inacreditável que ele não tenha conseguido, na sua gestão, pôr em prática as
aludidas medidas, como forma de melhorar, sob o seu prisma de visão, o desempenho
econômico, que, na verdade, ficou muito a desejar e a sua saída, por certo, não
deixará saudades, ante os ridículos resultados dos indicadores econômicos, que
poderiam ter sido bem melhores se ele tivesse um pouco de atrevimento para
reformular as políticas econômicas, que não ultrapassaram as barreiras do
comodismo e da mesmice, em franco descompasso com a evolução econômica do resto
do mundo, que vem apresentando crescimento razoável.
O ficando ministro da Fazenda foi muito impreciso, por
ter afirmado que a população está
aprovando as políticas praticadas pelo governo, quando, na realidade, ele poderia ter a decência de dizer que
somente um pouco mais da metade dos eleitores brasileiros, que pouco ou nada
entende de economia ou de coisa alguma, aprovou a mediocridade da condução da
economia, à vista do seu péssimo desempenho, confirmado pelo resultado do Produto
Interno Bruto, que deverá crescer próximo de zero, este ano, com grandes
possibilidades para que esse desastrado resultado tenha enorme repercussão e
influencie a diminuição do emprego, a redução da renda dos brasileiros, a drástica
queda da arrecadação tributária, a desindustrialização e principalmente a falta
de investimentos público e privado, comprometendo seriamente os instrumentos
capazes de contribuir para o desenvolvimento da nação.
É de se lastimar que o ministro da Fazenda tenha a
indelicadeza de dizer que o povo aprova as ações do governo, por haver nisso
imperdoável desprezo à inteligência dos cidadãos que se manifestaram nas urnas,
representando quase a metade dos eleitores, com muita consciência e responsabilidade
sobre a desaprovação da administração do país, não somente quanto às políticas
econômicas, mas acerca das demais precariedades e deficiências que estão
contribuindo, de forma efetiva, para o subdesenvolvimento do país, a exemplo da
péssima prestação dos serviços públicos, do inchamento da máquina pública, das
coalizões espúrias com partidos com viés nitidamente fisiologista, do
distanciamento das nações desenvolvidas e da aproximação de nações socialistas,
da resistência às reformas tributária, previdenciária, administrativa,
trabalhista, política e outras de fundamental importância para o progresso que
ficou emperrado nas promessas de campanha e jamais serão atendidas, por não
terem sido sequer iniciadas nesses últimos doze anos de governo.
Urge que a sociedade repudie, com veemência, as
afirmações nada realistas de políticos que têm visão apenas moldada às suas
conveniências pessoais ou partidárias, em detrimento dos interesses da
população e do país. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 09 de novembro de 2014
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