Além
dos exagerados gastos efetivamente contabilizados, a disputa ao Senado Federal
no país deixou expressivo prejuízo do valor de R$ 10,8 milhões, conforme dados
tabulados com base na prestação de contas dos candidatos ao Tribunal Superior
Eleitoral.
Segundo
apuração feita por importante site, ficou comprovado que os candidatos aos
governos estaduais, que sequer conseguiram chegar ao segundo turno e os
governadores eleitos em primeiro turno terminaram a disputa com um déficit de
R$ 96 milhões.
Dos
177 candidatos que disputaram vagas ao Senado Federal, 20 gastaram mais do que
arrecadaram, outros 53 declararam que custearam exatamente o mesmo montante que
levantaram em campanha e 74 gastaram menos do que arredaram.
Na
forma da legislação aplicável, os candidatos que terminaram a campanha com
fluxo de caixa no azul deverão destinar os recursos ao fundo partidário, mas os
candidatos que ainda não prestaram contas com a Justiça Eleitoral estão
passíveis de punições, como o pagamento de multa ou até o indeferimento de um
novo registro de candidatura.
Os
cinco maiores candidatos com gastos nas campanhas não conseguiram se eleger, os
quais deixaram prejuízo de milhões de reais, que deverão ser assumidos pelos
respectivos partidos.
Não
há como justificar que um candidato ao cargo de senador gaste mais de R$18
milhões para se eleger, como aconteceu com o senador eleito de Minas Gerais,
que teria arrecadado mais de R$ 30 milhões, valores considerados estapafúrdios,
por não haver justificativa para a necessidade de tanta extravagância de
gastos.
Enquanto
isso, a campanha do ex-prefeito de São Paulo custou a cifra de R$ 15,2 milhões,
que foi a segunda mais cara, porém o candidato não se elegeu, mesmo tendo gasto
o mesmo valor arrecadado.
O tucano eleito em São Paulo teve a terceira
campanha ao Senado mais cara do país, com a quantia de R$ 10,7 milhões, um
pouco inferior ao valor por ele arrecadado de R$ 11,2 milhões.
Por
sua vez, outros 35 candidatos afirmaram que gastaram menos de R$ 10 mil na
disputa ao Senado e seis deles declararam à Justiça Eleitoral que fizeram
campanha com menos de R$ 1 mil.
O
candidato ao Senado pelo Maranhão teve a campanha mais barata do país, que
teria gastado apenas a quantia de R$ 130,00, que se refere à contratação de um
auxiliar de campanha e é bem inferior à sua arrecadação de R$ 2.130,00, tendo lucrado
o valor de R$ 2 mil.
Já
outro candidato do estado de Goiás afirmou ter gasto na campanha o valor de R$
340,00, que foi a segunda campanha menos dispendiosa, cuja quantia teria sido
realizada com a aquisição de combustíveis.
Os
gastos de campanha são mais uma vergonha nacional que não condiz com a realidade
brasileira, porque os financiamentos são suportados quase sempre por
construtoras, bancos, empresas e assemelhadas, demonstrando claramente a forma
inescrupulosa e nada condizente com a realidade de penúria do país, que se exige
racionalidade quanto aos dispêndios pelos candidatos.
Urge
a realização de reforma do sistema de financiamento de campanha eleitoral, para
o estabelecimento de critério segundo o qual o próprio candidato, observado
limite de gastos entre os concorrentes entre o mesmo cargo eletivo, arque com
os gastos da sua campanha, não permitindo qualquer privilégio para ninguém.
O
que não pode é se admitir a continuidade da absurda e esdrúxula forma atual de
financiamento, que se traduz em vergonhoso disparate quanto à seriedade
democrática, em que prevalece o poder econômico como principal parâmetro para a
eleição de candidato a cargo público eleitoral.
É
inacreditável que, no país tão carente de quase tudo, ainda se gaste tanta
fortuna para a eleição ao Parlamento, que vem demonstrando enorme inabilidade
para justificar até mesmo a sua existência, pelo tanto de dificuldade para
legislar em benefício da sociedade.
Trata-se
de situação absolutamente inexplicável que um senador, para se eleger, tenha
que se submeter à situação ridícula de gastar estrondosa soma de dinheiros
vinda sabe Deus de onde, com o propósito apenas de financiamento de campanha,
cujo beneficio para a sociedade é certamente duvidoso, por haver interesses
nada transparentes.
As candidaturas
ao Parlamento que gastam de forma visivelmente exagerada, como as indicadas na
reportagem, não encontram o mínimo de justificativa plausível, pelo menos à luz
do bom-senso e da razoabilidade cívica, num país de extremas desigualdades
sociais.
À toda
evidência, urge que essa permissividade de financiamento de campanha por
empresas privadas, compreendendo bancos, construtoras, indústrias etc. deve ser
revista e proibida, com a devida urgência, para o bem da moralização do sistema
político-eleitoral, como forma de se evitarem disparidades entre os candidatos
privilegiados e os desconhecidos politicamente, medida essa que tem o condão de
contribuir para que suscitem suspeitas quanto ao possível tráfico de influência
em prol dos financiadores de campanha, nas futuras contratações públicas.
Com vistas
à definitiva moralização do sistema eleitoral, o ideal é que haja limite mínimo
razoável de gastos de campanha, que deveriam ser arcados exclusivamente pelo
próprio candidato, como forma de e evitar abusos como os relatados na
reportagem, em que candidatos derrotados gastaram milhões, certamente contando
com promessas de financiamentos, que deixaram de ser honradas.
Compete à
sociedade se conscientizar sobre a urgente necessidade de reformas nos sistemas
político-partidário-eleitoral, como instrumento capaz de contribuir para o aperfeiçoamento
e a modernização desses princípios, de modo a adequá-los à realidade brasileira,
que exige modicidade e de simplicidade nos gastos de campanha. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
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