Até
agora, ninguém entendeu, nem mesmo os interlocutores mais próximos da
presidente da República, os motivos pelos quais a levaram ao adiamento do
anúncio da sua equipe econômica, uma vez que já estava tudo acertado para o tão
esperado momento.
As
críticas à atitude da presidente partiram até de importantes correligionários
dela, sob a alegação de que o injustificável adiamento tem o condão de
demonstrar fragilidade e incerteza sobre a decisão adotada ou exposição de
posições contrariadas dentro do partido dela, com relação às escolhas.
Não
há a menor dúvida de que a demora na definição da equipe econômica teria
contribuído para ser evitadas especulações e acalmar a ebulição pela qual vem passando
o mercado financeiro, que tem sido alvo de baixas expectativas quanto ao futuro
da economia, justamente pela indefinição sobre a linha de condução a ser adotada
na política econômica do país, conquanto especula-se sobre dúvidas se ainda há possibilidade
para a reversão da escolha do ministro da Fazenda, por haver forte indício de
insatisfação de alguns partidários da presidente, que não consideram o nome
indicado identificado com a filosofia e a ideologia do PT.
O
medo de correligionários da petista é que o ambiente bastante positivo do
mercado no último dia útil possa ser influenciado com o repentino e
inexplicável adiamento desse anúncio, de modo que isso venha causar inversão
negativa no decorrer da semana, caso a indefinição se estenda por alguns intermináveis
dias.
Pode
até não ter havido nada de anormal na agenda da presidente do país, mas o
surpreendente adiamento suscita dúvida sobre a convicção acerca do que já havia
sido decidido, dando margem de ter surgido, nesse interim, alguma linha
cruzada, como se diz na gíria popular, causando transtorno e possível indecisão,
de última hora, para que ela pretenda pensar melhor sobre a batida do martelo
no alvo que não pode mais haver erro, pelo menos no que diz respeito ao atendimento
da expectativa do mercado, que já foi bastante judiado com as indefinições
presidenciais.
Aliás, a
hesitação na administração pública demonstra fragilidade de convicção sobre a
certeza acerca da decisão de governo, porque há vestígio de dúvida quanto ao
acerto do ato a ser adotado.
Isso não é
bom, porque gera desconfiança por parte da opinião pública, principalmente
internacional, que espera por definição, com urgência, do governo, com destaque
no âmbito da área econômica, que precisa mostrar competência para enfrentar a
gigantesca crise pela qual o país vem sendo obrigado a enfrentar, diante das
fracassadas políticas econômicas colocadas em prática no primeiro governo da
presidente, que, ao que tudo indica, ainda anda sem rumo com relação às
precisas medidas para seu segundo governo.
A
presidente do país está corretíssima, porque, ao brecar, de última hora, o
anúncio dos nomes de seus auxiliares diretos, para a mais importante área de
seu governo, a econômica, ela foi coerente com a sua corrente ideológica de
firme incoerência administrativa, a saber, por exemplo, que ela criticou
duramente os candidatos presidenciáveis com apego aos banqueiros, mas o troco
veio rapidinho e exatamente com a força da negativa de um trabuco, no bom
sentido, com a recusa do homem forte do principal banco privado brasileiro de
não aceitar ser seu ministro da Fazenda, o que equivale verdadeira lição contra
a prepotência e a empáfia, de quem se sente a dona da razão.
Não há dúvida de que a demora no anúncio de novos
ministros é ponto negativo para o país, porém espera-se que a indicação deles seja
acompanhada da sinalização de que o Planalto irá permitir que os novos “donos” da
área econômica fiquem livres das curtas peias palacianas, comandadas com mãos
pesadas pelo Estado na economia, cujo intervencionismo governamental prevaleceu
nos últimos quatro anos, que foi capaz de represar os investimentos no país,
tanto por parte do próprio governo como da iniciativa privada, uma vez que esta
se absteve de expandir seus negócios por falta de infraestrutura e de
modernização dos mecanismos capazes de reduzir e até acabar com os entraves, notadamente
impostos pelo custo Brasil, que tem sido eficiente gargalo contra a
competitividade e o desenvolvimento econômico.
Caso não haja disposição para urgente implementação
das imprescindíveis reformas das estruturas que estão impedindo o funcionamento
da ponte para a abertura de investimentos público e privado, como forma da
retomada da credibilidade na administração do país, será impossível o destranque
da fechadura que impede o crescimento econômico.
Urge que a administração do país mostre competência
até mesmo para a escolha e o anúncio dos ministros, como forma de assegurar seu
interesse de propiciar a volta da retomada do desenvolvimento econômico,
mediante a reversão das crônicas incertezas nas políticas econômicas até então
postas em prática no país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 23 de novembro de 2014
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