O resultado das eleições, para os Parlamentos,
mostrou que políticos, artistas, desportistas, filhos de políticos e pastores,
todos famosos não por seus feitos na vida pública, com raríssima exceção, mas
por serem lembrados por suas atuações nos palcos, nas igrejas ou nas arenas
desportivas, como se isso tivesse relevância na vida pública, uma vez que a
maioria deles não tem nada para apresentar como contributo em benefício da
sociedade nem se esforça nesse sentido.
Na realidade, há nesse fato evidente prova de que a
política tupiniquim não é levada muito a serio, na sua essência, como ciência
que tem por escopo primordial a satisfação de interesses públicos, mas,
infelizmente, há verdadeiro desvirtuamento dessa finalidade, com notório
prejuízo para a própria sociedade, que deveria se conscientizar sobre a
necessidade de ser representada por homens públicos com vocação para a prestação
de serviços de qualidade ao público.
Com raras exceções, a preferência do eleitorado por
políticos notoriamente sem experiência na vida pública, que conseguem muitos
votos tão somente em virtude do seu carisma profissional ou artístico, sem
nenhuma comprovação da realização de alguma obra em benefício para a população
ou o país, somente demonstra o baixo nível de politização democrática por parte
significativa dos brasileiros, que deveriam se conscientizar melhor sobre a
responsabilidade atribuível ao representante do povo, que compreende o trabalho
produtivo em benefício da sociedade.
Em alguns casos, como a eleição de palhaços e
assemelhados, fica bastante clara a falta de seriedade e responsabilidade por
parte dos eleitores, por elegerem cidadãos sem afinidades com a política, fato
que os obrigam a frequentar os Parlamentos, mesmo sendo incapazes de apresentar
projetos em benefício da sociedade, ou seja, eles apenas acompanham os demais
parlamentares, que também realizam muito pouco em aproveitamento em relação ao
muito que é despendido nas atividades legislativas.
Enquanto isso, o esforço da sociedade se torna
grandioso demais na manutenção de um dos parlamentos mais caros do mundo, só
perdendo para o dos Estados Unidos da América, o que significa se afirmar que
as funções parlamentares precisam melhorar bastante para que a representatividade
do povo corresponda efetivamente aos anseios quanto à aprovação de projetos ou outras
matérias que justifiquem suas atividades legislativas para a melhoria das condições
de vida da população.
Além das precariedades na prestação dos serviços legislativos,
a sociedade ainda tem enorme obrigação de manter remunerações e injustificáveis
privilégios dos parlamentares, consistentes nas verbas de gabinete e
representação, nas ajudas, nos auxílios, nas mordomias, nas regalias e nas
demais excrescências que não correspondem nem de longe aos benefícios
propiciados para a sociedade, eis que, no final das contas, ninguém consegue
apresentar projetos e muito menos aprovar algo em benefício do bem comum ou até
mesmo do país, visto que o saldo da produtividade impressiona pela cruel
constatação de que nada foi realizado, salvo poucas matérias de imposição
constitucional e legal, a exemplo do orçamento e outros projetos da máxima
urgência e relevância de interesse do governo.
O ideal seria que houvesse mais seriedade e
conscientização sobre as atividades político-partidárias, em especial com relação
aos eleitores, que deveriam se inteirar melhor quanto à responsabilidade que se
exige no exercício de cargos públicos eletivos, porquanto os candidatos
palhaços, artistas, desportistas etc. estão usufruindo seu direito de cidadão
de se candidatar nas conjuminâncias das condições democráticas, mas deveriam
ser cobrados por realizações em prol da população.
É lamentável que os cidadãos qualificados e
capacitados não tenham interesse pelas atividades político-partidário-administrativas,
quando certamente se evitaria a proliferação de maus políticos, que dão apenas
a impressão de que eles se beneficiam da situação para se realizarem na vida
pública, ante as facilidades que eles encontram para conquistar a opinião das
pessoas que não fazem questão de entender, na sua essência, sobre a suma
importância atribuída às aludidas atividades, em razão do que seriam os
verdadeiros resultados positivos, caso os políticos tivessem a consciência
sobre a sua responsabilidade perante os brasileiros.
É humanamente impossível se compreender que um país
consiga alcançar o mínimo de desenvolvimento, com a eleição de cidadãos
totalmente preocupados em se eleger e ajudar a eleger alguns políticos da mesma
estirpe, i.e., sem a mínima vocação para o exercício de cargos públicos eletivos,
que são transformados em meros meios de empregos para apaniguados e de usufruto
das benesses do tráfico de influência consistente da aproximação do poder, onde
tudo é facilitado em benefício de interesse pessoal ou partidário.
Convém que os brasileiros não sejam coniventes com
a degeneração das atividades político-partidário-administrativas do país,
esforçando-se para somente eleger cidadãos que assumam compromissos com os
interesses do povo e do país, como forma de contribuição para o aperfeiçoamento
e a modernização dos princípios democráticos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 05 de novembro de 2014
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