quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Urge responsabilidade legislativa

O resultado das eleições, para os Parlamentos, mostrou que políticos, artistas, desportistas, filhos de políticos e pastores, todos famosos não por seus feitos na vida pública, com raríssima exceção, mas por serem lembrados por suas atuações nos palcos, nas igrejas ou nas arenas desportivas, como se isso tivesse relevância na vida pública, uma vez que a maioria deles não tem nada para apresentar como contributo em benefício da sociedade nem se esforça nesse sentido.
Na realidade, há nesse fato evidente prova de que a política tupiniquim não é levada muito a serio, na sua essência, como ciência que tem por escopo primordial a satisfação de interesses públicos, mas, infelizmente, há verdadeiro desvirtuamento dessa finalidade, com notório prejuízo para a própria sociedade, que deveria se conscientizar sobre a necessidade de ser representada por homens públicos com vocação para a prestação de serviços de qualidade ao público.
Com raras exceções, a preferência do eleitorado por políticos notoriamente sem experiência na vida pública, que conseguem muitos votos tão somente em virtude do seu carisma profissional ou artístico, sem nenhuma comprovação da realização de alguma obra em benefício para a população ou o país, somente demonstra o baixo nível de politização democrática por parte significativa dos brasileiros, que deveriam se conscientizar melhor sobre a responsabilidade atribuível ao representante do povo, que compreende o trabalho produtivo em benefício da sociedade.
Em alguns casos, como a eleição de palhaços e assemelhados, fica bastante clara a falta de seriedade e responsabilidade por parte dos eleitores, por elegerem cidadãos sem afinidades com a política, fato que os obrigam a frequentar os Parlamentos, mesmo sendo incapazes de apresentar projetos em benefício da sociedade, ou seja, eles apenas acompanham os demais parlamentares, que também realizam muito pouco em aproveitamento em relação ao muito que é despendido nas atividades legislativas.
Enquanto isso, o esforço da sociedade se torna grandioso demais na manutenção de um dos parlamentos mais caros do mundo, só perdendo para o dos Estados Unidos da América, o que significa se afirmar que as funções parlamentares precisam melhorar bastante para que a representatividade do povo corresponda efetivamente aos anseios quanto à aprovação de projetos ou outras matérias que justifiquem suas atividades legislativas para a melhoria das condições de vida da população.
Além das precariedades na prestação dos serviços legislativos, a sociedade ainda tem enorme obrigação de manter remunerações e injustificáveis privilégios dos parlamentares, consistentes nas verbas de gabinete e representação, nas ajudas, nos auxílios, nas mordomias, nas regalias e nas demais excrescências que não correspondem nem de longe aos benefícios propiciados para a sociedade, eis que, no final das contas, ninguém consegue apresentar projetos e muito menos aprovar algo em benefício do bem comum ou até mesmo do país, visto que o saldo da produtividade impressiona pela cruel constatação de que nada foi realizado, salvo poucas matérias de imposição constitucional e legal, a exemplo do orçamento e outros projetos da máxima urgência e relevância de interesse do governo.
O ideal seria que houvesse mais seriedade e conscientização sobre as atividades político-partidárias, em especial com relação aos eleitores, que deveriam se inteirar melhor quanto à responsabilidade que se exige no exercício de cargos públicos eletivos, porquanto os candidatos palhaços, artistas, desportistas etc. estão usufruindo seu direito de cidadão de se candidatar nas conjuminâncias das condições democráticas, mas deveriam ser cobrados por realizações em prol da população.
É lamentável que os cidadãos qualificados e capacitados não tenham interesse pelas atividades político-partidário-administrativas, quando certamente se evitaria a proliferação de maus políticos, que dão apenas a impressão de que eles se beneficiam da situação para se realizarem na vida pública, ante as facilidades que eles encontram para conquistar a opinião das pessoas que não fazem questão de entender, na sua essência, sobre a suma importância atribuída às aludidas atividades, em razão do que seriam os verdadeiros resultados positivos, caso os políticos tivessem a consciência sobre a sua responsabilidade perante os brasileiros.
É humanamente impossível se compreender que um país consiga alcançar o mínimo de desenvolvimento, com a eleição de cidadãos totalmente preocupados em se eleger e ajudar a eleger alguns políticos da mesma estirpe, i.e., sem a mínima vocação para o exercício de cargos públicos eletivos, que são transformados em meros meios de empregos para apaniguados e de usufruto das benesses do tráfico de influência consistente da aproximação do poder, onde tudo é facilitado em benefício de interesse pessoal ou partidário.
Convém que os brasileiros não sejam coniventes com a degeneração das atividades político-partidário-administrativas do país, esforçando-se para somente eleger cidadãos que assumam compromissos com os interesses do povo e do país, como forma de contribuição para o aperfeiçoamento e a modernização dos princípios democráticos. Acorda, Brasil!
 
         ANTONIO ADALMIR FERNANDES
         Brasília, em 05 de novembro de 2014

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