Depois
de terem sido hostilizados pela internet, por eleitores insatisfeitos com a
expressiva votação da candidata petista, os internautas nordestinos
imediatamente cuidaram de rechaçar os protestos e os insultos, não admitindo a
forma preconceituosa como foram tratados, principalmente com menção à ligação
do voto aos programas sociais do governo, que teriam merecido a recompensa em
forma de voto à presidenciável, além da citação de que os nordestinos seriam os
causadores das mazelas da nação.
Não há a menor dúvida de que, em pleno século XXI, não mais deveria haver
qualquer forma de preconceito contra quem quer que seja, por questão de raça,
cor, origem, cultura ou até mesmo preferência por candidato político.
É evidente que o Nordeste não pode ser acusado de contribuir para as
mazelas do país, porque a região, historicamente, mantém, na realidade, o mesmo
ritmo de menor desenvolvimento em relação às regiões sulinas do país, não por
causa da sua dedicada e esforçada população, mas em essência pela falta de
interesse das autoridades públicas, ante a inexistência de prioridades, que se
fazem mais do que imprescindíveis, em prestígio ao seu povo da melhor
qualidade, inteligência e capacidade de trabalhar e produzir.
O resultado da eleição não se relaciona à pura dominação por parte das
classes políticas, mas sim por exclusiva falta de oportunidades e de interesses
que essa importante região possa se desenvolver nos níveis social, político,
econômico, cultural e democrático, justamente por falta de investimentos
públicos e privados, capazes de contribuir para a geração de emprego e de
renda, bem assim de oportunidades para que seja eliminada em definitivo a
indústria secular dos aproveitadores dos dinheiros públicos, formada
normalmente por maus e inescrupulosos políticos, que não têm o menor interesse
que as ajudas financeiras do governo federal sejam empregadas com a devida
eficiência, em condições de resolver, principalmente, o flagelo da seca, que
tem sido, certamente, o programa alimentador dos desvios de verbas públicas.
Afora essa realidade sobre a verdadeira falta de prioridades das
políticas públicas, com vistas ao efetivo desenvolvimento do Nordeste, também é
fato incontestável que os nordestinos, na sua expressiva maioria, não são
devidamente informados e esclarecidos sobre a verdadeira administração do país,
com a devida abrangência, notadamente quanto às mazelas que estão contribuindo
decisivamente para a condução do país ao inevitável subdesenvolvimento, a
exemplo da terrível administração das políticas econômicas, diante do pouco crescimento
do Produto Interno Bruto, que, este ano, poderá crescer próximo de zero, i.e.,
a coisa nenhuma, podendo apenas contribuir para a desindustrialização, o
desemprego, a redução da renda das famílias, a diminuição da arrecadação de
tributos, a falta de investimentos público e privado em empreendimentos
importantes para o crescimento da economia; o aumento das taxas de juros, que
já estão nas alturas, em termos mundiais; o crescimento incontrolável das
dívidas públicas, que são impagáveis; a impossibilidade da diminuição da carga
tributária, que é uma das maiores do mundo; a péssima qualidade da prestação
dos serviços públicos, objeto de manifestações de reprovação da administração
desse governo, por incompetência gerencial; o empréstimo de recursos dos
brasileiros para a construção de obras em países comandados por ditadores,
quanto elas deveriam ser realizadas no Brasil, para benefício e usufruto dos
brasileiros; o inchamento da máquina pública, para acomodação de aliados
políticos, em processo espúrio de atendimento fisiológico, comprometendo a
eficiência da administração pública e contribuindo para desperdício de recursos
públicos; a incontrolável e repudiável corrupção que grassa na administração
pública, causando não somente a desmoralização dos princípios ético, moral, da
dignidade e da honorabilidade, mas significativo desvio de recursos do
patrimônio dos brasileiros; entre outras precariedades que denigrem a gestão do
governo, que também não teve capacidade para promover as reformas tão exigidas
das estruturas do Estado, as quais poderiam contribuir para a eliminação dos
gargalos que estrangulam o progresso do país.
Como se vê, há fortes evidências de que os nordestinos não seriam tão
insanos e incautos em votar na candidata com tantos atributos de incapacidade e
de desmoralização no seu governo, que apenas tem de aproveitável a execução do
programa Bolsa Família, que presta importante ajuda ao povo nordestino, mas
isso, por si só, não seria motivo para justificar a maciça votação nela, porque
se trata de medida que qualquer governo mediano e responsável tem a obrigação
constitucional de promover ajuda às famílias efetivamente carentes e
consideradas sem condições de subsistência, que são beneficiadas com esse
importante programa, que certamente não teria sido instituído para servir de mero
viés eleitoreiro, porque isso contraria os comezinhos princípios de civilidade,
razoabilidade, racionalidade e democracia, ante o desenvolvimento alcançado
pela humanidade, não permitindo que o governo fosse tão medíocre a ponto de se
sustentar no poder fazendo uso de recursos públicos como forma da manutenção de
curral eleitoral, tão corriqueiro em priscas eras.
Compete à sociedade, de forma isenta e imparcial, avaliar a precisa
atuação dos políticos, não permitindo que os programas de assistencialismo
social tenham influência na sua escolha da representatividade política, porque
eles significam o cumprimento de obrigação do Estado e não de partido político
nem de político, que não podem se beneficiar das ações e dos programas executados
com recursos públicos, por não se vincularem senão aos brasileiros, que são os
responsáveis pela manutenção da administração pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 03 de novembro de 2014
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