O
ex-presidente da República petista, a par da avalanche de denúncias de
corrupção na administração do seu partido, afirmou em plenos pulmões que
nenhuma denúncia de corrupção pode baixar a cabeça de petista, tendo declarado
que não admite que “tucano” chame membros de seu partido de
"corrupto".
Com
absoluta convicção, ele disse: "Nós
temos de provar a nós mesmos que nenhuma denúncia de corrupção pode baixar a
cabeça de um petista. Não podemos admitir que um tucano bicudo venha chamar a
gente de corrupto. Não podemos aceitar que eles façam adesivos fora PT fora
Dilma porque nos nunca fizemos fora eles”.
O
ex-presidente atribuiu o surgimento de denúncias em período eleitoral à
iniciativa de adversários do PT, dizendo que "Toda época de campanha é sempre o mesmo cenário. Eles começam a
levantar denúncias. E denúncias não precisam ser provadas. É só insinuar. Eu
estou com o saco cheio. Estou cansado. E
todo ano a mesma coisa. É eleição para prefeitura, eleição para presidente,
eleição para governador. Daqui a pouco vão estar investigando como é que nos
comportávamos no ventre de nossa mãe. Acho que precisamos encarar esse problema
de frente.".
Enquanto
isso, o presidente nacional do PT repudiava "com veemência e indignação" as declarações
"caluniosas" do ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras,
preso em regime domiciliar, que, em depoimento à Justiça Federal do Paraná, disse
que parte da propina cobrada de fornecedores da estatal tinha como destino o
atendimento de acordo firmado pelo PT, PMDB e PP e foi utilizada na campanha
eleitoral de 2010.
As
denúncias tinham tanta consistência que a Justiça aceitou a delação premiada do
ex-diretor, cujos depoimentos serão objeto de aprofundamentos sobre as
acusações do propinoduto na estatal, que conta com a participação de elenco de
peso, desfilando entre os protagonistas eminentes políticos de destaque em
atividade no Parlamento, todos governistas ilustres.
Depois
dessas vãs tentativas de afastar a indiscutível institucionalização das
práticas deletérias na administração pública, especificamente na Petrobras, a
então candidata à reeleição à Presidência do país, não suportando a pressão
sobre a realidade dos fatos, que demonstrava que a roubalheira na estatal era
algo difícil de negar, com meras e inconsistentes argumentações, resolveu
admitir que a corrupção denunciada teria existido de verdade, tendo prometido
não somente investigar os fatos, mas promover as medidas necessárias ao
ressarcimento dos valores pertinentes aos danos causados ao patrimônio da
empresa.
Na
verdade, a aceitação pela pessoa com um pouco de sensibilidade sobre a
realidade dos fatos põe por terra as declarações de prepotência de quem não
admitia baixar a cabeça ante as denúncias de corrupção no âmbito do partido
governista, que tem sido campeão de irregularidades e de desvio de recursos
públicos na história republicana, conforme afirma a própria presidente do país,
que garante não engavetar nenhuma denúncia de “malfeito”, tendo mandato apurar
todas que surgiram no seu governo, embora, até agora, nenhum caso concreto
tenha servido de exemplo de punição aos corruptos.
Convém
frisar que a única petista que se dignou a admitir a esculhambação apenas na
estatal, alvo das graves denúncias somente o fez por exclusiva conveniência
política e eleitoreira, porquanto ela, por certo, não teria a dignidade de
reconhecer - como insistem seus ilustres correligionários - a existência de
corrupção caso não estivesse correndo perigo a sua reeleição ao Palácio do
Planalto, ou seja, é o caso perfeito da entrega dos anéis para salvarem-se os
dedos, no dizer do ditado popular.
O
ex-presidente foi bastante preciso ao afirmar que “Toda época de campanha é sempre o mesmo cenário. Eles começam a
levantar denúncias.”, só que elas são reais, porque as irregularidades acontecem
com muita frequência nesse governo e seus protagonistas - integrantes do partido
governista e de outros dois da coalizão de governabilidade - não escolheram
época apropriada para que elas ocorressem, apenas, agora, houve coincidência no
surgimento delas com a campanha eleitoral.
No
caso, as atribuições de responsabilização dos adversários pelas denúncias
funcionam muito mais como forma de incompetência para admitir que as corrupções
são endêmicas na administração do país e combatê-las com a energia que se
espera para o saneamento dos atos deletérios e de desmoralização, que se tornaram
incontroláveis e permanentes.
Infelizmente,
a pequena maioria dos eleitores preferiu ignorar a gravidade da falta de
controle eficiente na aplicação dos gastos na administração pública, que
contribui para a banalização da corrupção nos órgãos e nas entidades públicos,
a ponto de a classe política dominante não reconhecer a sua existência, como
ocorreu com o famigerado mensalão e agora com o petrolão, que foi negado à
exaustão, mas somente admitido por questão de conveniência eleitoreira.
Urge
que os brasileiros se conscientizem sobre a necessidade de valorização dos
princípios da administração pública, de modo que os casos de corrupção sejam
repudiados e recriminados com a indispensável veemência, como forma de
contribuir para a moralização na aplicação dos recursos da sociedade e na
reconquista da credibilidade no comando da nação. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
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