quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Regulação econômica ou represália?


A Executiva Nacional do PT elegeu a regulação da mídia como projeto prioritário do partido, para ser apreciado, no próximo ano, no Congresso Nacional, dependendo apenas das coordenadas da presidente do país acerca do que seja o que ela denominou, na campanha eleitoral, de “regulação econômica”, que é bem diferente da vontade de reação que os petistas pretendem materializar, em represália à mídia, com a regulamentação para valer, inclusive com interferência na liberdade de expressão.
O PT demonstra que vai impor o marco regulatório da mídia amoldado ao seu pensamento, que encampa proposta popular, inserida no projeto da Lei da Mídia Democrática elaborado por movimentos sociais, a exemplo das regulamentações já implantadas em países da América do Sul, como a Argentina, o Uruguai e o Equador, ou seja, com viés nitidamente de restrição às liberdades de expressão.
A avaliação de petistas é muito clara quanto à represália à mídia, por eles entenderem que, durante a campanha eleitoral, setores da imprensa teriam se comportado como verdadeiros partidos de oposição e, em razão dessa configuração adversa, o PT considera necessária à reforma da mídia, para enquadrá-la, sobretudo, com vista à contemplação de regras, segundo o partido, para possibilitar direito de resposta, como se os regramentos constitucional e legal do país já não o disciplinassem amplamente.
O desejo de regulação da mídia se impõe como medida necessária à premência do partido, que considera que “É urgente construir hegemonia na sociedade, promover reformas estruturais, com destaque para a reforma política e a redemocratização da mídia”.
Não há a menor dúvida de que “construir hegemonia na sociedade”, com as destacadas “reforma política” e “redemocratização da mídia”, trata-se de mais uma infeliz iniciativa golpista e ditatorial para dominar cada vez mais a população menos informada e controlar a mídia, impedindo-a, no caso desta, do livre exercício dos princípios democráticos, tão bem representados mediante a imprensa livre para informar, de maneira transparente, os fatos da vida, tanto públicos como privados, em consonância com o desenvolvimento e a modernidade alcançados pela humanidade, que o país não pode abdicá-los em nome dos caprichos do partido da dominação da classe política, que expõe seu indisfarçável incômodo pela saudável transparência das informações.
Numa nação onde há sede de progresso, há tantas prioridades que exigem cuidados não somente dos partidos políticos, mas de toda sociedade, principalmente da classe política, que deveria se preocupar com as mazelas e deficiências político-administrativas que grassam no país, porquanto a prioridade da regulação da mídia, como forma deliberadamente de revanche, dá a exata dimensão do quanto o partido “valoriza” as questões de real importância para serem solucionadas, como prioritárias para o interesse público.
A regulação em causa pode demonstrar o principio do fim da liberdade da imprensa no país, que deverá ter o respaldo, para a sua consecução, da classe política dominada por força da coalizão de governabilidade e da pequena maioria dos eleitores brasileiros, que ajudaram a reeleger a presidente do país, por terem acreditado em tudo de inverídico demonstrado na campanha eleitoral, que agora se dilui em fumaça, como os aumentos de preços represados, a exoneração das metas fiscais, o controle da mídia, o descontrole da inflação, das taxas de juros, da dívida pública, das contas públicas, aliados à situação de descrédito causada pelas alarmantes corrupções ocorridas na Petrobras.
Nas republiquetas, onde os princípios democráticos e a liberdade de imprensa são desprezados, é bastante comum a utilização do ferrolho para impedir que a imprensa publique a degeneração e a desmoralização na administração do país, porque o povo não questiona nem se interessa em saber sobre as precariedades do gerenciamento das políticas públicas, pouco se importando sobre a eficiência ou não quanto ao progresso do país.          
É evidente que não faz a menor diferença se a população saiba ou deixe de saber, por força de proibição à imprensa de se expressar, que o governo seja desacreditado por incompetência na prestação dos serviços públicos; na condução da política econômica; no descontrole da inflação, das contas públicas, das taxas de juros, das dívidas públicas; na desindustrialização do país; na falta de investimentos em obras de impacto; na construção de obras importantes em país comandando por ditadores e tiranos, quando elas poderiam ser construídas no próprio país repassador dos recursos, para beneficiamento de seu povo; no inchamento da máquina pública, para a acomodação da maior quantidade de aliados políticos, mediante o fortalecimento do espúrio fisiologismo com recursos públicos; e na constância de casos de corrupção com recursos públicos, mediante sistemas recorrentes de desvio de verbas alocadas em contratações com preços superfaturados, sem que nada seja feito para impedir os desvios.
O povo tem a responsabilidade cívica de impedir que a tirania imponha a sua vontade sobre os meios de comunicações, que ainda pode exercer sua nobre função com respaldo na Carta Magna, que assegura a liberdade de expressão, como marco fundamental da democracia e dos direitos humanos, que não podem ser tolhidos por mera vontade injustificável, arbitrária, retrógrada e antidemocrática.
A regulação da mídia, nos moldes pretendidos pelo PT, tem perversos precedentes nos países socialistas, que impediram a imprensa de informar livremente e de divulgar senão as matérias em consonância com a ideologia da classe dominante, que, na verdade, significa ficar impedida de publicar os atos contrários aos interesses da administração pública, ficando livre apenas para a divulgação dos fatos relacionados ao assistencialismo governamental e a forma populista do governo.
A sociedade honrada e cônscia de suas responsabilidades cívica e patriótica não pode comungar com mais esse golpe sobre os consagrados princípios democrático e de liberdade de imprensa, sob pena de contribuir para o retrocesso e o subdesenvolvimento do país. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 12 de novembro de 2014

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