Nos últimos anos, o PT tornou-se um partido com
muita pouca significância, devido à má fama conquistada e acumulada com os
sucessivos escândalos de corrupção, que têm sido capazes de corroer os
fundamentos de credibilidade que eram alardeados por ocasião da sua instituição
e até antes de assumir o poder.
Esses fatos motivaram à perda de autoridade e de
voz ativa do partido, por consequente afastamento dele de intelectuais,
personalidades públicas, juristas e outros importantes simpatizantes, que
deixaram de empenhar seu apoio à agremiação, ante a real ameaça à democracia.
O certo é que os reiterados casos de corrupção
atribuídos ao partido, culminando com o poder corrosivo das investigações da
Operação Lava Jato, com sede na Petrobras, contribuíram sobremaneira para o
envelhecimento PT, que foi acompanhado pela perda do viço dos movimentos
sociais, da vitalidade intelectual, da dimensão pública e da bandeira da ética
na política.
Na realidade, o PT perde a capacidade, em dimensão
nacional, de gerador de lideranças, pondo em risco o substancial predomínio de
partido que já havia se acostumado com a vanguarda na renovação de seus quadros
políticos, em razão dos fatos negativos consistentes na desmoralização causada
pelas famigeradas corrupções.
Não
há olvidar que o fanatismo ínsito do petismo, seja pelo ídolo ou pelo partido,
à vista do ideal político, pode causar grave miopia ao admirador e fazer com
que as qualidades do adorado podem lhe parecer bem maiores do que realmente
são, cujos defeitos da agremiação, por maiores que sejam, não são enxergados e
se perdem da visão.
É
bem provável que, para o fanático, a realidade é apenas aquela que ele quer
vislumbrar, não percebendo que ele se equipara ao ignorante, apesar de ser
possuidor de razoável inteligência, que é simplesmente ocultada pelo supremo desejo
de bem servir ao seu idealismo político, que parece ser o caso daqueles que
ainda defendem, de forma intransigente, arraigada e negligente, o governo
petista, que não conseguiu administrar o país com a indispensável eficiência e
competência, a exemplo, em especial, das catástrofes verificadas na condução
das políticas econômicas e no combate às corrupções, que contribuíram para
fragilizar a credibilidade do governo e de seu partido, inclusive na visão dos
investidores estrangeiros, que estão fugindo do Brasil, levando consigo seu
capital.
Na
prática, a relevância de um partido se mede por sua atuação política ou pela
competência na administração pública, conforme se pode perceber, nos últimos
tempos, com a visível e crescente acumulação de fatos irrelevantes atribuídos
ao maior partido brasileiro, embora fanáticos ideologicamente achem isso normal
e compatível com o país tupiniquim, cujo povo merece o governo que elegeu, por já
ter se acostumado com suas deficiências e pouca efetividade, em termos da
prestação de serviços públicos de qualidade.
Nunca
na história deste país um partido foi tanto acusado de corrupção, mas isso
parece ser absolutamente comum para os simpatizantes do governo, sob a
justificativa que os demais partidos também cometeram ou ainda praticam
irregularidades com recursos públicos, como forma de subsistirem.
Até
agora, ao que se tem notícia, somente a presidente da República admitiu o cataclismo
na administração da Petrobras, mas, mesmo assim, porque o reiterado noticiário
policial estava corroendo perigosamente seu desempenho como candidata e
refletindo negativamente na sua reeleição. Depois disso, ninguém do governo considera
que a tragédia na estatal afeta o partido governista, a exemplo do seu principal
líder, que minimiza a catástrofe, a ponto de, recentemente, orientar seus
correligionários para não aceitarem "desaforo", em se tratando de
críticas da oposição sobre os desvios de dinheiros da estatal.
Com
certeza, nem nas republiquetas tantos escândalos, com graves prejuízos ao
interesse nacional, conseguiriam que a sociedade batesse palma para o partido
que é acusado de comandar esquemas de corrupção e de desvio de recursos da sua
principal estatal, conforme evidenciam os depoimentos do ex-diretor de
Abastecimento da estatal e de importante doleiro que manipulava as aplicações
no exterior do dinheiro sujo, oriundo da Petrobras.
Caso
o Brasil fosse um país com o mínimo de seriedade e se houvesse responsabilidade
por parte da classe política dominante, a sociedade já teria se conscientizado
sobre a urgente necessidade de moralização da administração pública, cuja responsável
assiste a tudo apenas afirmando que vem combatendo a corrupção, sem ter
apresentado à nação um único ato ou fato que evidencie a sua atitude
moralizadora, que poderia ser representado, de forma exemplar, pela
substituição da diretoria da estatal, que jamais poderia continuar sob o
comando de quem jurava desconhecer os fatos irregulares, mas as denúncias
recentes afirmam que a presidente foi avisada sobre as contratações irregulares
pela estatal, que nada fez para apurá-las.
Por
sua vez, o partido do governo sepultou as investigações que deveriam ter sido
implementadas pelas Comissões Parlamentares de Inquérito constituídas no
Congresso Nacional, que contavam com a participação majoritária de governistas,
os quais apresentaram resultados insignificantes, em contraposição às
investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, que apontaram gigantescas
quantidades de fatos irregulares, com possibilidade do envolvimento de políticos
com ligação a partidos do governo e aliados dele.
O
país, cujas instituições não têm o hábito de cultuar o salutar princípio da
transparência, encontra enorme dificuldade para manter partidos com a
relevância que se exige no contexto da democracia moderna, porquanto eles não
têm interesse em disseminar a verdade sobre os fatos, preferindo, por
conveniência política, omiti-los e até negá-los, porque é assim que eles
forjaram suas ideologias, diametralmente contrárias ao salutar princípio da
transparência.
Urge
que a sociedade se conscientize sobre a necessidade de se recriminar e repudiar
o fanatismo político-ideológico, por haver nele inata cegueira incapaz de
enxergar as deficiências e as precariedades da administração do país, de modo
que ele deixe de interferir, de forma preponderante, nas atividades
político-partidárias, por haver nisso claro conflito com os interesses
nacionais, em evidente prejuízo ao fortalecimento das estruturas dos princípios
democrático e republicano. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 11 de janeiro de 2015
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