segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A perda da relevância?

Nos últimos anos, o PT tornou-se um partido com muita pouca significância, devido à má fama conquistada e acumulada com os sucessivos escândalos de corrupção, que têm sido capazes de corroer os fundamentos de credibilidade que eram alardeados por ocasião da sua instituição e até antes de assumir o poder.
Esses fatos motivaram à perda de autoridade e de voz ativa do partido, por consequente afastamento dele de intelectuais, personalidades públicas, juristas e outros importantes simpatizantes, que deixaram de empenhar seu apoio à agremiação, ante a real ameaça à democracia.
O certo é que os reiterados casos de corrupção atribuídos ao partido, culminando com o poder corrosivo das investigações da Operação Lava Jato, com sede na Petrobras, contribuíram sobremaneira para o envelhecimento PT, que foi acompanhado pela perda do viço dos movimentos sociais, da vitalidade intelectual, da dimensão pública e da bandeira da ética na política.
Na realidade, o PT perde a capacidade, em dimensão nacional, de gerador de lideranças, pondo em risco o substancial predomínio de partido que já havia se acostumado com a vanguarda na renovação de seus quadros políticos, em razão dos fatos negativos consistentes na desmoralização causada pelas famigeradas corrupções.
Não há olvidar que o fanatismo ínsito do petismo, seja pelo ídolo ou pelo partido, à vista do ideal político, pode causar grave miopia ao admirador e fazer com que as qualidades do adorado podem lhe parecer bem maiores do que realmente são, cujos defeitos da agremiação, por maiores que sejam, não são enxergados e se perdem da visão.
É bem provável que, para o fanático, a realidade é apenas aquela que ele quer vislumbrar, não percebendo que ele se equipara ao ignorante, apesar de ser possuidor de razoável inteligência, que é simplesmente ocultada pelo supremo desejo de bem servir ao seu idealismo político, que parece ser o caso daqueles que ainda defendem, de forma intransigente, arraigada e negligente, o governo petista, que não conseguiu administrar o país com a indispensável eficiência e competência, a exemplo, em especial, das catástrofes verificadas na condução das políticas econômicas e no combate às corrupções, que contribuíram para fragilizar a credibilidade do governo e de seu partido, inclusive na visão dos investidores estrangeiros, que estão fugindo do Brasil, levando consigo seu capital.
Na prática, a relevância de um partido se mede por sua atuação política ou pela competência na administração pública, conforme se pode perceber, nos últimos tempos, com a visível e crescente acumulação de fatos irrelevantes atribuídos ao maior partido brasileiro, embora fanáticos ideologicamente achem isso normal e compatível com o país tupiniquim, cujo povo merece o governo que elegeu, por já ter se acostumado com suas deficiências e pouca efetividade, em termos da prestação de serviços públicos de qualidade.
Nunca na história deste país um partido foi tanto acusado de corrupção, mas isso parece ser absolutamente comum para os simpatizantes do governo, sob a justificativa que os demais partidos também cometeram ou ainda praticam irregularidades com recursos públicos, como forma de subsistirem.
Até agora, ao que se tem notícia, somente a presidente da República admitiu o cataclismo na administração da Petrobras, mas, mesmo assim, porque o reiterado noticiário policial estava corroendo perigosamente seu desempenho como candidata e refletindo negativamente na sua reeleição. Depois disso, ninguém do governo considera que a tragédia na estatal afeta o partido governista, a exemplo do seu principal líder, que minimiza a catástrofe, a ponto de, recentemente, orientar seus correligionários para não aceitarem "desaforo", em se tratando de críticas da oposição sobre os desvios de dinheiros da estatal.
Com certeza, nem nas republiquetas tantos escândalos, com graves prejuízos ao interesse nacional, conseguiriam que a sociedade batesse palma para o partido que é acusado de comandar esquemas de corrupção e de desvio de recursos da sua principal estatal, conforme evidenciam os depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da estatal e de importante doleiro que manipulava as aplicações no exterior do dinheiro sujo, oriundo da Petrobras.
Caso o Brasil fosse um país com o mínimo de seriedade e se houvesse responsabilidade por parte da classe política dominante, a sociedade já teria se conscientizado sobre a urgente necessidade de moralização da administração pública, cuja responsável assiste a tudo apenas afirmando que vem combatendo a corrupção, sem ter apresentado à nação um único ato ou fato que evidencie a sua atitude moralizadora, que poderia ser representado, de forma exemplar, pela substituição da diretoria da estatal, que jamais poderia continuar sob o comando de quem jurava desconhecer os fatos irregulares, mas as denúncias recentes afirmam que a presidente foi avisada sobre as contratações irregulares pela estatal, que nada fez para apurá-las.
Por sua vez, o partido do governo sepultou as investigações que deveriam ter sido implementadas pelas Comissões Parlamentares de Inquérito constituídas no Congresso Nacional, que contavam com a participação majoritária de governistas, os quais apresentaram resultados insignificantes, em contraposição às investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, que apontaram gigantescas quantidades de fatos irregulares, com possibilidade do envolvimento de políticos com ligação a partidos do governo e aliados dele.
O país, cujas instituições não têm o hábito de cultuar o salutar princípio da transparência, encontra enorme dificuldade para manter partidos com a relevância que se exige no contexto da democracia moderna, porquanto eles não têm interesse em disseminar a verdade sobre os fatos, preferindo, por conveniência política, omiti-los e até negá-los, porque é assim que eles forjaram suas ideologias, diametralmente contrárias ao salutar princípio da transparência.
Urge que a sociedade se conscientize sobre a necessidade de se recriminar e repudiar o fanatismo político-ideológico, por haver nele inata cegueira incapaz de enxergar as deficiências e as precariedades da administração do país, de modo que ele deixe de interferir, de forma preponderante, nas atividades político-partidárias, por haver nisso claro conflito com os interesses nacionais, em evidente prejuízo ao fortalecimento das estruturas dos princípios democrático e republicano. Acorda, Brasil!  
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 11 de janeiro de 2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário