Já
está mais do que provado que o tempo conspira contra a busca da verdade sobre
os acontecimentos, principalmente quando os fatos envolvem o interesse nacional,
como é o caso da compra pela Petrobras da refinaria de petróleo em Pasadena,
Texas (EUA), que suscitou enormes suspeitas de superfaturamento e evasão de
divisas na negociação.
Como
se sabe, em 2006, a estatal pagou US$ 360 milhões por 50% da refinaria (US$ 190
milhões pelos papéis e US$ 170 milhões pelo petróleo que estava em Pasadena). Esse
valor é extremamente superior ao pago um ano antes por empresa belga, que
desembolsou pela refinaria inteira a quantia de US$ 42,5 milhões.
Sobre
a aludida compra, a presidente da República, que deu seu aval à transação, na
qualidade de presidente do Conselho de Administração da Petrobras, disse que
teria recebido documentação incompleta pertinente ao negócio, inclusive
desacompanhada do contrato.
Dizer que não recebeu o contrato com a devida
antecedência é tão mais grave quanto tê-lo recebido e mesmo assim ainda ter a
consentido que a Petrobras embarcasse numa plataforma furada, quase afundada,
em razão do pagamento de preço superfaturado por empreendimento extremamente
desfavorável economicamente para a estatal.
O simples fato de declarar que faltam elementos
técnicos e mesmo assim houve a aprovação pela compra da refinaria evidencia, de
forma solar, total irresponsabilidade, falta de tino empresarial e
principalmente falta de zelo para com o patrimônio da sociedade brasileira.
É totalmente impossível se afirmar que alguém está
mentindo, mas com absoluta certeza é bem provável que nesse imbróglio tem gente
que falta com a verdade e o pior que o resultado de tudo isso reflete enorme
prejuízo para o patrimônio não somente da estatal, mas para o país.
A maior dificuldade é se saber, depois de
transcorrido tanto tempo da compra da refinaria até agora, sobre as falhas realmente
ocorridas, para se apurar o grau de participação dos diretores, assessor etc.,
inclusive para se aclarar se houve má-fé na tramitação dos documentos
pertinentes à compra em apreço.
Em termos de sinceridade, o governo tem demonstrado
enorme dificuldade em convencer a sociedade sobre o que é realmente verdade e
o que é mentira. Se houvesse um pingo de verdade e de legitimidade quanto à
participação da petista-mor no Conselho de Administração da Petrobras, os
governistas não teriam criado tanta dificuldade para a criação das Comissões Parlamentares
de Inquérito no Congresso Nacional, cujo resultado das apurações não produziu
absolutamente nada de efetivo.
Caso houvesse legitimidade na aquisição da
refinaria, mesmo a preços superfaturados, conforme anunciam as seguidas
reportagens e as notícias sobre mais esse rumoroso e vergonhoso caso envolvendo
a administração do país, com certeza, os governistas não teriam se empenhado ao
extremo na tentativa de blindar a presidente da República e outros integrantes
petistas, ao evitarem que os parlamentares investiguem profundamente as
irregularidades, que seriam capazes de afastar imediatamente dos cargos
públicos os envolvidos, caso elas tivessem ocorrido num país sério e cultor dos
princípios da moralidade, do decoro, da legalidade e da honorabilidade.
Os fatos revelam pouca consistência na declaração
da presidente de que houve omissão de elementos essenciais ao negócio. Não
fossem a própria empresa e o ex-assessor assegurarem que as informações estavam
inseridas nos autos, a presidente, mais uma vez, teria conseguido dar um
"chapéu" na sempre ingenuidade dos brasileiros, que acreditam
piamente na versão dos políticos, apesar de nada fazerem para que seus atos
tenham consistência e credibilidade.
Percebe-se a existência de mentiras no novo affaire
envolvendo importante empresa brasileira. Caso as declarações do ex-diretor da
Petrobras sejam verdadeiras, não resta a menor dúvida de que a mandatária do
país deu atestado de incompetência ao alegar que o relatório apresentado teria
omitido cláusula importante, que impediria a aprovação da compra se ela
constasse dos autos.
Contrariando a sua versão, o citado ex-diretor da
estatal esclarece que o contrato foi enviado aos conselheiros quinze dias antes
da reunião, em cujo texto constava a cláusula que a presidente não teria visto,
dando a entender que ela sequer tomou conhecimento dos termos do contrato que
tratava da compra em questão.
Compete ao povo exigir a verdade sobre essa
absurda e estranha transação, que envolveu bastante dinheiro jogado pelos ralos da irresponsabilidade, cujos fatos evidenciam
muitas irregularidades que resultaram significativos prejuízos e desvios de
recursos da Petrobras, mas, por enquanto, nenhuma apuração foi capaz de mostrar
absolutamente nada sobre os fatos supernebulosos, como se nada tivesse
acontecido de tão grave e prejudicial aos interesses da estatal. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 10 de janeiro de 2015
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