domingo, 18 de janeiro de 2015

Demonstração de incoerência

A ala mais à esquerda petista vem utilizando tom de intensa agressividade contra a presidente da República, inclusive com distribuição, nas redes sociais, de artigos e mensagens com críticas às primeiras medidas anunciadas pelo governo para o segundo mandato.
Um integrante desse movimento afirmou que o governo caminha para “perigosa guinada à direita” ao anunciar as primeiras medidas do pacote fiscal, que foi criticado nestes temos: “A guinada à direita do novo governo se dá, portanto, no próprio terreno das ‘políticas sociais’, intocáveis segundo o discurso presidencial, e afeta fundamentalmente benefícios dos trabalhadores: seguro-desemprego, seguro-defeso, pensão por morte e outros, cuja concessão se tornará muito mais difícil daqui para frente”.
Não há dúvida de que a ideologia partidária do PT vem contribuindo para o desastroso afundamento do país, principalmente no que diz respeito às políticas econômicas, porque somente tem validade a medida que o partido entende que deva ser adotada, independentemente das conjunturas socioeconômicas do país e do mundo. Atualmente, o Brasil funciona sob o talante dos sindicalistas, que entendem que a política economia deva ser executada segundo o seu talante, pouco importando se os resultados satisfazem ou não os interesses nacionais.
A princípio, justifica-se que as medidas de ajustes objetivam promover correções nas contas públicas, que são imprescindíveis à administração eficiente. Agora, o fato em si demonstra enorme incoerência da presidente da República, que, de forma leviana e insensata, criticava seus adversários, quando eles se referiam à necessidade de ajustes nas contas públicas, a exemplo do que a petista decidiu promovê-los logo no início do seu segundo mandato.
A presidente do país chegou a afirmar que não mexeria em direitos conquistados nem que a vaca tussa. Todavia, a vaca tossiu logo no início do governo, demonstrando completa quebra de compromisso de campanha e incoerência político-ideológica.
O pior de tudo isso é que o governo não trata o assunto com responsabilidade e seriedade, ao justificar que se trata de "correções" necessárias, quando as medidas em si devem resultar significativo corte de despesas que podem atingir a expressiva cifra de R$ 18 bilhões, ou seja, são cortes profundos que certamente vão doer na pele de pessoas pobres, de trabalhadores, possivelmente que votaram na petista sob a convicção de que a presidente não mexeria nos direitos dos trabalhadores.
Não há dúvida de que a presidente vem percebendo, embora com enorme atraso, que as críticas feitas sobre o governo dela tinham plena pertinência, tanto que ela agora começa a promover profundas correções sobre falhas que não eram aceitas por ocasião da campanha eleitoral, como forma de não dá a mão à palmatória, inclusive transmitindo para seus fanáticos seguidores fatos que ela sabia que não condiziam com a realidade e que, mais cedo ou mais tarde, deveriam ser tratados com responsabilidade e seriedade, mesmo sob pena de serem contestados por seus correligionários, como é o caso da insurreição que já começa entre os petistas, que demonstram insatisfação diante de medidas adotadas por ela, que parecem justas, mas não estavam previstas no script ideológico do partido, que tem arraigado sentimento às causas defendidas pela agremiação, em evidente prejuízo ao interesse da nação.
Para solucionar a grave crise nacional, não importa qual seja a ideologia defendida senão aquela que seja capaz de contribuir para o melhor encaminhamento da saída das dificuldades, porque o sentimento de brasilidade está acima de qualquer paixão partidária, diferentemente do pensamento dos petistas, que acreditam que seu partido se sobrepõe aos interesses nacionais, ante o fanatismo que tomou conta de seus integrantes, que não conseguem enxergar senão aquilo que satisfaz ao seu ego de superioridade sobre os demais seres humanos.
Compete à sociedade, no âmbito da sua responsabilidade cívica, exigir que o país seja governado segundo o interesse nacional, com embargo das questões pessoais ou partidárias, que não condizem com as finalidades primaciais da administração pública. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 17 de janeiro de 2015

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