A senadora petista por São Paulo voltou a fazer
duras críticas ao governo federal da sua correligionária e ao seu próprio
partido, no mesmo estilo cheio de acusações, em tom forte que não poupou nem
mesmo o ex-presidente da República petista, que teria atacado, segundo ela, o
atual governo, em jantar que ela promoveu com empresários.
Segundo a parlamentar, “Eles (empresários) fizeram
muitas críticas à política econômica e ao jeito de Dilma. E ele (Lula) não se fez de rogado, entrou nas criticas,
disse que era isso mesmo. Naquele jeito do Lula, né? Quando o jantar acabou,
todos estavam satisfeitíssimos com ele”.
A petista afirmou que teria articulado a
candidatura de ex-presidente da República à Presidência em 2014, por ser, segundo
ela, real desejo dele.
Além das críticas ao governo federal, a senadora
fez severas revelações sobre o partido e alguns de seus integrantes, citando o
presidente nacional do PT como “traidor”,
a par de ter afirmado que o ministro da Casa Civil é arrogante e mente quando
diz que o ex-presidente da República será candidato em 2018. Segundo ela, o
próprio ministro traça seu caminho para concorrer ele mesmo ao cargo na próxima
eleição presidencial.
Ela foi categórica, ao ressaltar que “Hoje (o PT) é um partido que não tem mais nada a ver com suas estruturas. É um
partido que luta apenas para se manter no poder e no qual estou há muito
impossibilitada de concorrer aos cargos para os quais estou habilitada”.
Embora a senadora tenha sido bastante incisiva nas
suas colocações, procurando atacar as principais lideranças de seu partido com
palavras duras e ríspidas e até mesmo de despedida, ela não acenou que estaria deixando
o PT, apesar de ter afirmado que recebeu propostas para integrar diversos
partidos, à exceção do PSDB e do DEM.
Ela disse que o partido chegou numa encruzilhada:
"Ou o PT muda, ou acaba" e
concluiu reclamando de ter sido alijada do processo eleitoral nas últimas
disputas.
A
senadora não poderia ser mais sincera, ao afirmar que ficava "estarrecida com os desmandos", ao
ler o noticiário, e questionou: "É
esse o partido que ajudei a criar?". Em que pesem os duros ataques da
petista, seu partido, por enquanto, não pensa em nenhum tipo de punição à
senadora, para que ela não se sinta como "vítima".
Lideranças
petistas entendem que a senadora "queimou
pontes e foi longe demais" nas declarações, tornando irreversível o
processo de saída do partido, por ter confrontado com ele, ao criticar também a
política econômica do governo.
É muito
curioso o fato de que os petistas, quando estão nas graças do partido, se
beneficiando do usufruto dos cargos e do poder, tendo a liberdade para se
candidatar aos cargos eleitorais, com plena autonomia para participar das
decisões importantes da agremiação, tudo em consonância com a arraigada
ideologia petista de ser, se derretem em exagerados elogios às “maravilhas” do
governo, nem mesmo enxergando as gigantescas mazelas e as deficiências
administrativas, a exemplo, em especial, da terrível condução da política
econômica, da precária prestação dos serviços públicos e do desastroso combate
à corrupção, que não conseguiu evitar o rombo nos cofres da Petrobras.
Não
obstante, quando seus interesses são contrariados, como é o caso da senadora
paulista, que caiu em desgraça dentro do partido, depois de ser jogada de
escanteio e descartada dos planos políticos dele, ela foi muito clara em
mostrar a sua insatisfação com os dirigentes e a própria instituição que ela
ajudou a criar, dizendo que “ou o PT muda
ou acaba”, dando a entender que o partido saiu do prumo, e que o presidente
do partido é “traidor”, além de outras afirmações confirmando o seu desconforto
dentro do partido.
Como é evidente que há sinceridade e fundo de
verdade nas afirmações da senadora, é bastante incompreensível como ela ainda
faça parte da sujeira por ela denunciada, a par de qualificar de inimigo e
traidor seus opositores de partido.
Não há dúvida de que, para ela mostrar que é pessoa digna,
correta, honesta, competente nas suas atitudes, por ser diferente daqueles que
ela acusa, não restaria a ela alternativa senão a renúncia ao cargo de
senadora, conquistado nas hostes petistas.
Na verdade, parece que a real intenção dela é
exatamente se indispor para valer com a cúpula petista para ser expulsa do
partido, ganhando como recompensa a manutenção do cargo que pertence de direito
ao PT.
Para conseguir seu intento, ela precisa denunciar
fatos mais pútridos do que os ora revelados, sob pena de continuar sendo
fritada e colocada de escanteios por muito tempo, uma vez que o partido
considera superados os fatos revelados por ela.
Infelizmente, a índole da petista se enquadra no
perfil dos políticos brasileiros, que sempre se acham donos da razão e traídos,
quando seus objetivos políticos são prejudicados.
Urge que o sistema político-partidário seja
reformulado, de modo que a sua estrutura seja aperfeiçoada e modernizada,
ficando consignado nos estatutos dos partidos que as atividades político-partidárias
têm por escopo a exclusiva satisfação do interesse público, com embargo das
causas pessoais ou partidárias, que não condizem com os princípios da
administração pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de janeiro de 2015
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