quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A profissionalização prejudicial ao país

Uma senadora PCdoB da Amazonas acaba de apresentar Proposta de Emenda à Constituição (PEC), versando sobre a restrição da quantidade de reeleição de senadores e deputados.
Segundo a proposta em causa, senadores e deputados estaduais e federais poderiam se reeleger uma vez e duas vezes, respectivamente.
Nos termos da justificativa da congressista, a PEC tem o objetivo de “evitar a profissionalização da política. A atividade política se tornou uma carreira, em que muitos do que nela ingressam não mais retornam para as suas atividades profissionais de origem”.
Já tramitam no Congresso outras duas propostas, com objetivos análogos, apresentadas por uma senadora do PSB da Bahia, cujo projeto propõe acabar com a reeleição para presidente da República, governadores dos estados e do Distrito Federal e prefeitos. A autora da medida ressalta que a reeleição “provoca desequilíbrios na disputa eleitoral, em razão da utilização da máquina estatal e do prejuízo causado à governabilidade”.
Outro senador, filiado ao PT da Bahia, também apresentou proposta para acabar com a reeleição para os cargos do Executivo, sob o argumento de que “A reeleição – sistema que não é unanimidade nos regimes presidencialistas modernos – permanece como uma forma de subverter o princípio de alternância no poder, que é uma das características essenciais dos regimes democráticos”.
Como se trata de PEC tão importante, moralizadora e maravilhosa, que seguramente conta com o respaldo do bom sendo, da razoabilidade e da civilidade, certamente ela nem passará pelo rigoroso crivo do exame da constitucionalidade, tendo em vista que o interesse corporativo cairá fortemente de pau sobre a tentativa de pôr ordem no Parlamento.
Uma PEC nos termos e com o objetivo pretendidos pela senadora amazonense somente teria condições de ser realmente aprovada se o povo tivesse legitimidade própria para decidir diretamente pela moralização deste país, ao estabelecer não somente o que a parlamentar pretende seja materializado, mas promover amplas e profundas reformas no sistema político-eleitoral-partidário, com a finalidade de eliminar os injustificáveis privilégios, benefícios e regalias que se mostram absolutamente incompatíveis não somente com a realidade brasileira, mas também mundial, uma vez que o sistema vigente é totalmente anacrônico e obsoleto, que não funciona como devia em satisfação e atendimento do interesse público.
A PEC em apreço vai apenas servir de estatística de projetos apresentados pela senadora, que ficará o resto do mandato alegando seu esforço de contribuir em vão para o aperfeiçoamento e a modernização do Congresso Nacional.
É lamentável que medida de cunho tão salutar para a sociedade e o país não tenha o menor interesse nem a acolhida pelos parlamentares, justamente por eles serem o alvo do objeto da PEC, em clara demonstração de descompasso dessa atitude com a evolução e a modernidade da humanidade.
O Brasil precisa ser passado a limpo, com a máxima urgência, para que ele não fique preso ao passado de cristalino subdesenvolvimento dos princípios democráticos, em razão da indiscutível resistência à evolução e à modernidade, por ainda prevalecem esdrúxulas práticas políticas há muito tempo abominadas pelas nações evoluídas e desenvolvidas. Acorda, Brasil! 
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 21 de janeiro de 2015

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