A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
disse que a presidente da República encara como desafio da sua nova gestão
acabar com o preconceito contra os pobres. A declaração ocorre após a
realização da campanha eleitoral em que os beneficiários de programas sociais
se transformaram em alvo de ataques nas redes sociais.
No discurso de posse, a ministra ressaltou: "Eu sempre digo uma frase que eu acho que tem
que nortear também a nossa agenda no próximo período: 'Foi muito mais fácil
acabar com a miséria do que acabar com o preconceito contra os pobres'. Essa
certamente é uma agenda do próximo período. A luta contra o preconceito se
mantém como um desafio na nossa próxima gestão. Somos exportadores de tecnologias sociais e, ao mesmo tempo, parte das
nossas conquistas é completamente desconhecida da maioria dos brasileiros. O
acesso à informação é o melhor remédio contra o preconceito".
Ela enfatizou que "Foi decisão política de colocar o orçamento a favor dos pobres, de
colocar os pobres no centro da agenda. Um ano de gasto da assistência social do
governo da presidenta Dilma equivale a tudo que se gastou, somado, em termos
reais, nos oito anos de governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. A cada dois meses do governo Dilma, se gasta
em transferência de renda mais do que se gastou em todos os oito anos somados
do governo do presidente FHC".
Quando a petista assumiu o governo em 2011, existiam
cerca de 13 milhões de famílias cadastradas no principal programa de
transferência de renda do governo, o Bolsa Família. No momento, o programa já
atende quase 14 milhões de família. No período de 2011 a 2014, o valor médio do
benefício repassado às famílias saiu de R$ 94,00 para R$ 170,00. Entre as mais
pobres, houve variação de R$ 107,00 para R$ 242,00.
Ainda na gestão da petista, foi criado, em junho de
2011, o programa Brasil Sem Miséria, após a constatação de que significativa
parcela das famílias beneficiadas pelo Bolsa Família continuava abaixo da linha
de extrema pobreza. Com o reforço da renda repassada a esses grupos, 22 milhões
de pessoas conseguiram superar a extrema pobreza em pouco mais de três anos,
segundo o livro O Brasil Sem Miséria.
Os números apresentados pela ministra não deixam
dúvida de que o governo petista se desdobrou na priorização da ajuda à pobreza,
com seus programas assistencialistas, num esforço hercúleo para ampliar o
máximo possível a quantidade de pobres e de miseráveis do país, conforme
esclarece a ministra, com o repasse de valores insignificantes e irrisórios,
que não servem para absolutamente nada, a exemplo dos valores mostrados acima.
Em contrapartida, os benefícios do assistencialismo
governamental se multiplicam em forma de multidão de ociosos, vadios, sempre a
depender das benesses do governo, sem necessidade de trabalhar nem de produzir,
constituindo verdadeiro rebanhão humano, sem qualificação, sem ocupação, sem
utilidade para coisa nenhuma senão constituindo pesado fardo para o Tesouro
Nacional, ou seja, a sociedade trabalhadora que é obrigada a pagar pesados
tributos, para sustentar a ideologia paternalista do governo, que se vangloria
de promover distribuição de renda, quando os mesmos recursos poderiam servir
para a constituição de programas voltados para a produção, mediante o
aproveitamento da mão de obra dos beneficiários dos programas apenas
assistencialistas, com viés eleitoreiro, como visto no recente pleito eleitoral.
Por seu turno, não passa de exagerada prepotência,
embora em coerência com o pensamento ideológico petista, a afirmação da
ministra de que “Foi muito mais fácil
acabar com a miséria do que acabar com o preconceito contra os pobres”, dando
entender que o governo conseguiu eliminar a miséria, quando a realidade
brasileira mostra exatamente o contrário do que ela alardeia, ou seja, a
miséria é o retrato do país, por consequência dos programas assistencialistas
que têm o condão de contribuir, de forma indiscutível, para aumentar a multidão
dos miseráveis e daqueles que são alvo de crescente preconceito, por seu estado
de exclusão do processo produtivo e seletivo de emprego.
À toda evidência, não se combate o preconceito com
medidas que denigrem a dignidade humana, por meio das quais é praticada espúria
e desmoralizante segregação das pessoas ao estado de plena incapacidade para
assumir responsabilidades familiares e cívicas, notadamente no que se refere à
condição que serve de pré-requisito para qualificar os beneficiários ao
pagamento do Bolsa Família, qual seja, a avaliação das famílias ao enquadramento
na situação de carência e pobreza, confirmando o estado de miserabilidade, em
contraposição à assertiva da ministra de que teria sido fácil acabar a miséria,
que continua existindo em pleno vigor.
Somente será possível combater o preconceito contra a
pobreza se houver verdadeira revolução do programa Bolsa Família,
transformando-o em política de dignidade e humanização, mediante a instituição
de ação que tenha por fundamento básico a criação de emprego para os titulares
dos benefícios, nos quais eles, percebendo salário justo e devidamente
inscritos na previdência, sejam obrigados a trabalhar normalmente e a aprender profissão,
de modo que esse emprego seja suficiente para contribuir para a produção de
bens e a sustentação da família, com dignidade humana, em razão da substituição
do irrisório benefício do Bolso Família por salário decente, digno e justo.
O preconceito se combate com medidas de dignificação do
ser humano e efetivamente capazes de desvincular os beneficiários do Bolsa
Família à obrigatoriedade de votar no presidente da República ou nos candidatos
atrelados à sua indicação, uma vez que os recursos que sustentam o programa são
provenientes do Tesouro Nacional e não do partido do governo.
O
preconceito a que se refere a ministra foi instituído pelo próprio governo, que
criou e fomentou o programa Bolsa Família, no formato agigantado atual, com
status de política assistencialista, viés indiscutivelmente eleitoreiro e forte
vinculação da sua manutenção à exclusiva existência do PT no governo, como se
os recursos que pagam os benefícios tivessem origem no partido do governo e não
no bolso dos bestas dos contribuintes.
As pessoas desinformadas sobre
o desgoverno, que é incapaz da prestação de serviços públicos de qualidade;
fanáticas ideologicamente pelo partido de fácil e maior aderência à corrupção;
e obcecadas pela transferência de renda, mesmo que a sua finalidade seja o mero
fortalecimento do execrável populismo, sabidamente por conveniência político-ideológica,
precisam saber que, os programas assistenciais do governo tucano, cujo montante
aplicado é objeto de crítica da ministra, se justificavam porque eles tinham o
objetivo de beneficiar exclusivamente famílias carentes, cuja pobreza
aconselhava a sua inscrição no programa pertinente, que também não visava se
tornar modelo catalizador de apoio político, com o escopo de perenidade no poder,
como vêm sendo utilizados os vigentes programas assistencialistas, a exemplo da
votação colhida nas regiões de maior incidência do Bolsa Família.
Não é novidade de ninguém que
os beneficiários dos aludidos programas deram maciça votação à presidente da
República, em aparente tranquila manifestação de recompensa pelo notório
esforço do governo de manter aproximadamente 56 milhões de brasileiros, mais de
um quarto da população do país, cadastrados somente no programa Bolsa Família,
em evidente aproveitamento político-eleitoreiro, inclusive com o envolvimento
de recursos públicos.
Sabe-se, porque a mídia
divulgou às claras, que, durante o último pleito eleitoral, houve forte
campanha, patrocinada pelos petistas, no sentido de que os candidatos de
aposição à petista iriam acabar o Bolsa Família, caso eles fossem eleitos. Isso
é a origem do preconceito contra os pobres, que tiveram suas cabeças lavadas e
impregnadas com propagandas ridícula, inverídica e enganosa, com a finalidade
de intimidá-los e obrigar o seu voto para a candidata petista, em flagrante
ferimento aos princípios da ética, dignidade, moralidade, legalidade e
democracia, uma vez que os pobres foram induzidos a votar em candidato que
patrocinou a disseminação da inverdade na campanha eleitoral, para tirar
proveito desse procedimento antiético e antidemocrático.
A sociedade precisa se
conscientizar, com urgência, sobre a real finalidade dos programas de governo,
que devem se destinar prioritariamente à satisfação exclusiva de necessidades
públicas, à vista do envolvimento de recursos públicos, que devem ser aplicados
com parcimônia, eficiência e eficácia, sempre em busca do custo-benefício, com
embargo terminantemente do atendimento de causas pessoais ou partidárias, por
não se coadunarem com os princípios da dignidade, legalidade e honestidade, que
devem sempre imperar na administração pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 13 de janeiro de 2015
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