sábado, 3 de janeiro de 2015

Perseguição implacável ou incompetência?

Um deputado escolhido para comandar o Ministério do Esporte no segundo mandato da presidente petista, indignado com as críticas principalmente originadas de setores do esporte, disse que teria sido alvo de “perseguição implacável”, após sua indicação para a pasta.
O parlamentar disse que “A minha indicação pela presidenta da República para o cargo de Ministro do Esporte vem sendo usada na luta política do nosso país de forma injusta e desleal. Quero dizer que estou honrado com o convite e tão logo o recebi me imbuí de toda a humildade e de toda a motivação no propósito de desenvolver o desporto no nosso país, a começar das crianças, na base, até os jovens e adultos do alto rendimento. Quero dizer que, diante dos ataques injustos e da perseguição implacável gerados pela luta política, reafirmo minha disposição em auxiliar a presidenta da República a desenvolver o nosso país com justiça social. E que a sociedade pode esperar de mim os melhores esforços para melhorar a realidade do nosso país por meio do Esporte.”.
Na verdade, o nome do parlamentar foi objeto de forte rechaço por renomados atletas brasileiros, compreendendo medalhistas olímpicos e outros de variadas modalidades desportivas, pelo fato de o deputado não ter qualquer histórico de envolvimento com a área do esporte, ou seja, a indicação dele se justifica tão somente pelo critério do toma lá, dá cá, sob a forma do jeitinho escolhido pelo governo de fortalecer a sua base de sustentação no Congresso Nacional, com o loteamento de ministérios e empresas públicas entre os aliados partidários. 
A ONG Atletas pelo Brasil disse estar decepcionada com a escolha do novo ministro do Esporte: “Às vésperas das Olimpíadas, a Presidente Dilma abriu mão de uma oportunidade de melhorar a gestão do esporte. Decepcionou todo um setor de atletas, jornalistas, empresários, organizações, trabalhadores e amantes do esporte em geral”, tendo acrescentado que o Ministério do Esporte tem sido usado “há anos” como barganha política.
Pode até parecer compreensível que o nobre parlamentar sinta-se rejeitado não somente pelo mundo desportivo, que certamente esperava, em razão, mais especificamente, da proximidade da Olimpíada, um especialista da área, mas pelos brasileiros, que imaginavam que a presidente do país tivesse pensado melhor em nomear para tão importante cargo pessoa com bastantes conhecimentos sobre as atividades do desporto e tivesse condições de comandar o ministério responsável pelo fomento ao esporte e à formação de atletas.
Nas circunstâncias, realmente não combina eficiência administrativa com comando de ministério por quem se encontra apenas em condições de apadrinhado político, com a finalidade de dirigir o desporto do país, tão somente em razão da necessidade de acomodação de aliados em órgãos da administração pública, como forma de fortalecimento da base de sustentação, sem o compromisso com a otimização de resultados.
Não se trata, em absoluto, de perseguição implacável contra o parlamentar, mas sim contra os brasileiros, por eles sempre terem a presunção de que as nomeações para cargos importantes do primeiro escalão do Executivo tenham por primacial critério a observância da qualificação técnico-profissional para o preenchimento dos respectivos cargos, com experiência e competência comprovadas, de modo que a sua participação não merecesse questionamento nem contestação, eis que a satisfação desses requisitos apenas estaria dando cumprimento à indispensável exigência da eficiência compatível com a finalidade da administração pública, que deveria sempre funcionar na busca da satisfação das carências públicas, em contraposição à pesada carga tributária impingida aos contribuintes, que deveriam ser ouvidos ou, na pior das hipóteses, levados em consideração seus sentimentos quanto à necessidade da eficiência na governança do país.
A impressão que sobressai é a de que o novo ministro do Esporte se encontra vítima desse processo que termina prejudicando os interesses dos brasileiros, que podem usufruir o direito do voto e eleger também o mandatário do país, mas são privados de opinar sobre as escolhas dos principais assessores do governo, que não deveria ter o privilégio de nomeá-los senão depois de sabatinados e aprovados quanto à competência técnico-especializada, como forma de satisfação do essencial requisito de capacidade para o exercício de importantes cargos, por força da representação conferida ao presidente da República, que, na qualidade de chefe do Executivo, tem obrigação constitucional e legal de primar pela indispensável eficiência da administração pública. Acorda, Brasil!     
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 02 de janeiro de 2015

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