Um deputado escolhido para comandar o Ministério do
Esporte no segundo mandato da presidente petista, indignado com as críticas principalmente
originadas de setores do esporte, disse que teria sido alvo de “perseguição
implacável”, após sua indicação para a pasta.
O parlamentar disse que “A minha indicação pela presidenta da República para o cargo de Ministro
do Esporte vem sendo usada na luta política do nosso país de forma injusta e
desleal. Quero dizer que estou honrado com o convite e tão logo o recebi me
imbuí de toda a humildade e de toda a motivação no propósito de desenvolver o
desporto no nosso país, a começar das crianças, na base, até os jovens e
adultos do alto rendimento. Quero
dizer que, diante dos ataques injustos e da perseguição implacável gerados pela
luta política, reafirmo minha disposição em auxiliar a presidenta da República
a desenvolver o nosso país com justiça social. E que a sociedade pode esperar
de mim os melhores esforços para melhorar a realidade do nosso país por meio do
Esporte.”.
Na verdade, o nome do parlamentar foi objeto de
forte rechaço por renomados atletas brasileiros, compreendendo medalhistas
olímpicos e outros de variadas modalidades desportivas, pelo fato de o deputado
não ter qualquer histórico de envolvimento com a área do esporte, ou seja, a
indicação dele se justifica tão somente pelo critério do toma lá, dá cá, sob a
forma do jeitinho escolhido pelo governo de fortalecer a sua base de
sustentação no Congresso Nacional, com o loteamento de ministérios e empresas
públicas entre os aliados partidários.
A ONG Atletas pelo Brasil disse estar decepcionada
com a escolha do novo ministro do Esporte: “Às
vésperas das Olimpíadas, a Presidente Dilma abriu mão de uma oportunidade de
melhorar a gestão do esporte. Decepcionou todo um setor de atletas, jornalistas,
empresários, organizações, trabalhadores e amantes do esporte em geral”, tendo
acrescentado que o Ministério do Esporte tem sido usado “há anos” como barganha
política.
Pode até parecer compreensível que o nobre
parlamentar sinta-se rejeitado não somente pelo mundo desportivo, que
certamente esperava, em razão, mais especificamente, da proximidade da Olimpíada,
um especialista da área, mas pelos brasileiros, que imaginavam que a presidente
do país tivesse pensado melhor em nomear para tão importante cargo pessoa com
bastantes conhecimentos sobre as atividades do desporto e tivesse condições de
comandar o ministério responsável pelo fomento ao esporte e à formação de
atletas.
Nas circunstâncias, realmente não combina eficiência
administrativa com comando de ministério por quem se encontra apenas em
condições de apadrinhado político, com a finalidade de dirigir o desporto do
país, tão somente em razão da necessidade de acomodação de aliados em órgãos da
administração pública, como forma de fortalecimento da base de sustentação, sem
o compromisso com a otimização de resultados.
Não se trata, em absoluto, de perseguição implacável
contra o parlamentar, mas sim contra os brasileiros, por eles sempre terem a
presunção de que as nomeações para cargos importantes do primeiro escalão do
Executivo tenham por primacial critério a observância da qualificação
técnico-profissional para o preenchimento dos respectivos cargos, com
experiência e competência comprovadas, de modo que a sua participação não
merecesse questionamento nem contestação, eis que a satisfação desses
requisitos apenas estaria dando cumprimento à indispensável exigência da
eficiência compatível com a finalidade da administração pública, que deveria sempre
funcionar na busca da satisfação das carências públicas, em contraposição à pesada
carga tributária impingida aos contribuintes, que deveriam ser ouvidos ou, na
pior das hipóteses, levados em consideração seus sentimentos quanto à
necessidade da eficiência na governança do país.
A impressão que sobressai é a de que o novo ministro
do Esporte se encontra vítima desse processo que termina prejudicando os
interesses dos brasileiros, que podem usufruir o direito do voto e eleger também
o mandatário do país, mas são privados de opinar sobre as escolhas dos
principais assessores do governo, que não deveria ter o privilégio de nomeá-los
senão depois de sabatinados e aprovados quanto à competência
técnico-especializada, como forma de satisfação do essencial requisito de capacidade
para o exercício de importantes cargos, por força da representação conferida ao
presidente da República, que, na qualidade de chefe do Executivo, tem obrigação
constitucional e legal de primar pela indispensável eficiência da administração
pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 02 de janeiro de 2015
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