Um senador pelo PT de São Paulo pretende procurar o
ex-ministro da Casa Civil da Presidência da República, condenado no rumoroso processo
do mensalão, por sete anos e onze meses de prisão, por corrupção ativa, mas
somente ficou preso por pouco mais de onze meses e cumpre o restante da pena em
regime aberto, desde novembro.
O parlamentar disse que "Zé Dirceu é considerado na história do partido uma das pessoas que mais
colaborou para sua formação e organização. Ele foi julgado, teve direito de
defesa e recebeu a pena que tem cumprido. Um ser humano pode cometer erros, mas
pode procurar depois os caminhos de correção e superação de sua trajetória.
Portanto, ele pode dentro do PT ainda ter um papel significativo na medida em
que ele tiver cumprido sua pena".
É bastante difícil se compreender como pessoa
considerada malfeitora e condenada pelo Supremo Tribunal Federal, por crime
contra a administração pública, ainda possa ter o reconhecimento do partido com
capacidade para assumir "papel
significativo no PT", dando a entender que o partido não tem o mínimo
de interesse em preservar a dignidade na política e muito menos da administração
do país, por reconhecer, sem o menor escrúpulo, que um criminoso condenado e ainda
cumprindo pena seja capaz de contribuir com algo importante para as atividades
do partido.
O mínimo que se poderia esperar era que o partido, considerando
a gravidade dos fatos constantes do processo do famigerado mensalão, tivesse a
dignidade de expulsar da agremiação os filiados que não honraram os princípios
da ética, da moralidade, da honradez e dos bons costumes de cidadania.
A tentativa de resgatar a figura de político que
foi completamente desmoralizado por força do julgamento da ação penal do
mensalão demonstra, de forma cabal, a falta de liderança de partido que se
diluiu com seus atos de corrupção ao longo da sua história política e ainda se
mantém ativo muito mais por força do fanatismo de seus filiados que insistem em
não reconhecer o tanto de desacertos protagonizados em prejuízo aos bons
princípios, notadamente no que diz respeito à má administração do país, diante
do conjunto de irregularidades e da falta da prestação de serviços públicos de
qualidade e das contumazes corrupções na gestão dos recursos públicos.
Fica muito difícil se acreditar no partido que
demonstra enormes dificuldades em combater a corrupção ou até mesmo em punir
seus filiados envolvidos em atos irregulares, devidamente comprovados pela
Justiça, mas, ao contrário, os promove com o título honorifico de heróis, como
se eles tivessem contribuído para algo dignificante em benefício da sociedade,
quando os fatos evidenciam justamente a quebra dos conceitos de honradez e de dignidade,
o que se recomendaria era a imediata expulsão do partido dos envolvidos no
mensalão, como forma de mostrar, no mínimo, desaprovação aos atos de corrupção,
que têm o poder de macular para sempre a credibilidade da agremiação e de seus
integrantes.
Com certeza, qualquer partido político, com o
mínimo de seriedade e responsabilidade cívica, jamais seria capaz de se
aproximar de pessoas condenadas por corrupção, porque o fato em si deixa claro
que o vínculo com o mundo da criminalidade ainda persiste em plena vigência,
sem o menor receio de que isso opera em desfavor da moralidade e da dignidade
políticas.
Os fatos apenas mostram que o partido não tem a
menor preocupação com a necessidade da observância dos princípios da dignidade
e da moralidade, porque a memória curtíssima dos brasileiros jamais vai atentar
para os malefícios que os mensaleiros causaram ao país, em termos de menosprezo
ao regramento jurídico do país.
Compete à sociedade recriminar e abominar os políticos
que são incapazes de avaliar o quanto seus insensatos atos de aproximação com os
criminosos são prejudiciais à preservação dos princípios da dignidade e da
moralidade que devem prevalecer nas atividades político-administrativas do país,
como forma capaz de contribuir para se escoimar da vida pública os maus
políticos que estão muito mais preocupados com a satisfação de seus interesses
ou os de seu partido, em detrimento das causas nacionais que devem prevalecer sobre
quaisquer pretensões ou causas políticas. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
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