segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

"Consternada e indignada", pode?

Uma Indonésia saudável é uma Indonésia sem drogas”. Joko Widodo, presidente da Indonésia
 
Em 2005, o traficante brasileiro morto na Indonésia deu entrevista a um amigo, na qual ele disse: “Sou traficante, traficante e traficante, só traficante”, “Nunca tive um emprego diferente na vida” e que tomei “todo tipo de droga que existe”. Veja-se que ele considerava a traficância de drogas como emprego.
Ele deu outros detalhes sobre suas proezas, como estas: “Ora, em todo lugar do mundo existem leis para serem quebradas” e “Se eu fosse respeitar leis nunca teria vivido o que vivi”. Por último, ele disse que “merece uma chance”.
Depois da morte do aludido traficante, a presidente da República disse estar "consternada e indignada" sobre o episódio trágico na Indonésia, em decorrência do julgamento e da condenação dele, por ter ingressado naquele país com 13,4 quilos de cocaína.
Anteriormente, a petista havia conversado com o presidente da Indonésia, na tentativa de convencê-lo a suspender a execução do brasileiro, alegando que se tratava de "pedido humanitário, como chefe de Estado e mãe", mas foi em vão o seu intento.
Em razão desse episódio, a presidente brasileira resolveu instalar crise diplomática com aquele país, ao afirmar que a decisão do presidente indonésio "afeta gravemente as relações entre nossos países", tendo, em consequência, chamado a Brasília, para consulta, o embaixador do Brasil em Jacarta.
O primeiro-ministro da Holanda, a propósito do fuzilamento de um holandês, também por tráfico de droga, disse que “É uma punição cruel e desumana que se compara a uma inaceitável negação da integridade e da dignidade humana...”.
Não há dúvida de que a pena capital e tudo isso e muito mais de barbárie que o ser humano seja capaz, inclusive de traficar drogas, que é igualmente desumano, por condenar o usuário à desgraça, à           violência, à destruição e à morte, cujo infortúnio não pode ser tratado com condescendência, sob pena da praga daninha se alastrar de forma incontrolável e devastadora.
Impende se ressaltar que a pena de morte sempre vem após transgressão igualmente letal e violenta à sociedade, que não pode aceitá-la pacificamente com medidas conciliadoras sob o bonito nome humanitário, que de humanitário teria sido se o ato praticado pelo traficante contivesse algo em benefício da humanidade, o que não é o caso de quem trafica drogas.
Diante das críticas dirigidas àquele país pela execução de seis réus, o procurador-geral da Indonésia pediu respeito às suas leis. Ele disse: "Podemos entender a reação do mundo e dos países que têm cidadãos que foram executados. No entanto, cada país deve respeitar as leis que se aplicam em nosso país".
Ele reiterou a defesa da pena capital como medida dissuasória na luta contra o tráfico de drogas e os delitos relacionados com o narcotráfico, tendo insistido que esses crimes vão continuar sendo castigados na Indonésia: "Acho que se compreenderá que a pena de morte está vigente na Indonésia".
A presidente petista poderia, numa atitude realmente digna e humana, demonstrar indignação e consternação sempre que um brasileiro, honesto, digno, pai de família ou simplesmente trabalhador é assassinado por usuário ou traficante de drogas, fazendo com que a sua sensibilidade não passe de mera hipocrisia, uma vez que até agora ela vem demonstrando absoluta indiferença para com as frequentes mortes de inocentes, ante a total banalização de casos dessa natureza no seu governo.
Na liturgia do relevante cargo de presidente do país como o Brasil, somente se justificaria que a mandatária brasileira intervisse em casos que tais quando houvesse provas suficientes e concretas de que o brasileiro é realmente inocente, ou seja, que não teria cometido o crime que dera origem à condenação.
Seria importantíssimo que os milhares comentários dos sites noticiando o ocorrido fossem colocados na mesa da presidente da República, para ela conhecer um pouquinho da indignação dos brasileiros pelo enorme despreparo do seu assessoramento, que não teve capacidade para impedi-la de cometer tamanha infelicidade na Presidência do Brasil, que não merecia que a titular do cargo tão importante viesse a público para defender, de forma apaixonada, intransigente e desrespeitosa à soberania da Indonésia, narcotraficante, em evidente demonstração de incompetência para o combate à criminalidade no seu governo, dando a entender que prefere proteger criminosos, em detrimento da segurança da população.
A atitude da presidente do país demonstra visível falta de preparo para lidar também com questões pertinentes à segurança nacional, principalmente pela falta de leis capazes de combater e punir com severidade os traficantes de drogas, que têm sido verdadeiro câncer que dizima a sociedade brasileira, justamente pela fragilidade das leis penais e do combate aos narcotraficantes.
A sociedade tem o dever cívico de repudiar e recriminar, com veemência, a atitude nefasta da presidente do país, por servir de estímulo aos traficantes de drogas, em verdadeira apologia ao crime que grassa no país.
É lamentável que o brasileiro tenha sido executado, mas mais lamentável do que isso foi ele ter infringido a legislação penal da Indonésia, onde, diferente do país tupiniquim, existe autoridade e pena dura para criminosos que traficam drogas letais, como os 13,4 quilos de cocaína conduzidos por ele.
A presidente brasileira tem toda razão de se indignar contra esse ato bárbaro contra um brasileiro, porque se ele tivesse sido preso no Brasil não teria acontecido absolutamente com ele. Ele até poderia ter sido preso, mas logo em seguida, mediante o pagamento de fiança, seria solto e voltaria a cometer crime similar, com a proteção da frágil legislação penal brasileira, que beneficia muito mais o criminoso do que o pune de forma exemplar.
Ao contrário, a população brasileira é que deveria se indignar e ficar estarrecida por perceber que a presidente da República está muito mais preocupada em proteger traficante de droga do que cuidar da proteção dos brasileiros, que são assassinados, estuprados, assaltados, roubados constantemente por essa horda de criminosos do mundo das drogas, sem que o governo tenha o mínimo de preocupação em proteger a população, mediante rigoroso combate ao narcotraficante.
A única justificativa para a presidente ficar indignada é demonstrar que não tem o menor compromisso em combater com efetividade o tráfico de droga no país, uma vez que o seu governo não adotou nenhuma medida para proteger a sociedade contra os narcotraficantes, que têm sido beneficiados com a fragilidade do controle do tráfico de drogas, a exemplo das fronteiras com os países, que são devassas e livres para a passagem das drogas.
A presidente do país precisa saber, com urgência, que a todo instante os traficantes e as drogas matam, no Brasil, muitas pessoas e o governo simplesmente fecha os olhos – se é que ele tem olhos – para essa terrível chaga social, que sacrifica vida e ninguém se indigna nem se consterna, mesmo que essa tragédia ocorra à frente das autoridades públicas incumbidas de combater a criminalidade.
Mais uma vez, a hipocrisia veio à tona para tentar desviar a atenção da mídia do lamaçal no qual se encontra atolada a Petrobras, cujo holofote o governo procura empurrar para assunto que ele tem muito pouca afinidade, qual seja, o efetivo controle ao tráfico de drogas.
Por sua vez, diante da balbúrdia que predomina no país tupiniquim, à vista do mar de corrupção e de desonestidade que repercutem intensamente na administração do país e ainda a reconhecida banalização da impunidade, ante a debilitada, fraca e anacrônica legislação penal, certamente que falta autoridade moral para a presidente tupiniquim tratar de assunto tão grave como o tráfico de drogas, pois a impunidade e a desordem reinantes no Brasil demonstram o descaso no cuidado e no zelo com os assuntos da própria casa.
A indonésia, apesar de ser um país pequeno, situado num arquipélago, demonstrou que é uma nação séria e preocupada em proteger a sua população, inclusive ela tem o cuidado de divulgar que a sua legislação pune com a pena de morte quem for pego traficando drogas, situação essa que por certo o brasileiro não ignorava. Essa situação de competência administrativa da Indonésia poderia servir de lição para o governo brasileiro, que despreza, de forma visível, a sua responsabilidade de proteger o seu povo contra a criminalidade.
 
Fazendo plágio ao mandatário indonésio, pode-se afirmar que o Brasil saudável é um país sem drogas.
É frustrante se perceber que a presidente tupiniquim foi bastante ousada em tentar induzir a Indonésia a implantar a impunidade brasileira naquele país, mas não tendo conseguido, a alternativa da petista foi resmungar sob a forma de indignação e consternação, próprias de crianças mimadas quando não são atendidas.
A presidente de um país jamais deveria tentar influenciar ou modificar decisão adotada por outro país, nem mesmo por questão humanitária, que, no caso em comento, de humanitária não tinha absolutamente nada, porque o narcotraficante condenado à morte conduzia material letal à humanidade.
Ao se mostrar consternação e indignação pelo caso perdido do brasileiro condenado à morte, a presidente do país passa atestado para o mundo que é defensora e amiga de traficante de droga, de bandido, e isso não é bom para a reputação dela e do país, porquanto a sociedade aspira por que a presidente do país se conscientize sobre a gravidade da sua atitude de leniência com a criminalidade das drogas e a necessidade de realmente governar o país tendo em conta o estabelecimento de prioridades de políticas públicas, entre as quais deve se inserir o efetivo combate à criminalidade e à violência, principalmente com a aprovação de penas duras e sem piedade contra os narcotraficantes.
As autoridades públicas precisam se conscientizar sobre o verdadeiro espírito humanitário, para não ficarem defendendo graciosamente bandido em nome de princípio diametralmente contrário ao lema da criminalidade, a exemplo da mandatária brasileira, que fez uso indevido desse termo para defender declarado narcotraficante contumaz, que até poderia ter sido boa pessoa, mas seus atos não condizem com a integridade e a dignidade humana.
Convém que a presidente brasileira se esforce para atribuir prioridade ao aperfeiçoamento, à modernização e à mudança da legislação penal, com vistas a estabelecer punições duras para traficantes de drogas, ladrões, assassinos, estupradores, corruptos e demais criminosos, proibindo, de forma peremptória, que o presidente da República se abstenha, como forma de preservar a dignidade do cargo que exerce e por respeito à soberania, à independência e à autonomia das nações, com base no Direito Internacional, de intervir em favor de brasileiro condenado no exterior por crime grave. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
       Brasília, em 18 de janeiro de 2015

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