sábado, 24 de janeiro de 2015

Despudoradas disputas políticas

Conforme notícia publicada na mídia, o ex-presidente da República petista vem liderando intensa campanha com ofensas à sua pupila presidente, tendo por objetivo a formação de clima de instabilidade institucional no país, com consequente perca de apoio político por parte dela, de modo que, com o enfraquecimento político, ela se sinta isolada a ponto de restar a alternativa de recorrer ao suporte do maquiavélico núcleo lulista do PT, de quem a petista se distanciou no seu segundo mandato, cuja ruptura não foi nem será digerida.
O processo de desgaste da petista começou com as declarações bombásticas da senadora petista por São Paulo, ao tecer pesadas críticas às políticas econômicas do governo, mostrando que sua administração é constituída de ministros incompetentes, tudo com a finalidade de irritar a presidente, que se mantém em completo fogo cruzado amigo, porém silente diante das propositais ofensas.
Os ataques foram potencializados com críticas ácidas do ex-ministro da Casa Civil da anterior gestão petista, condenado na ação penal do escandaloso caso do mensalão, que bateu com mão pesada desaprovando a condução da política econômica do governo, a par de sinalizar para a premência do enfrentamento de enormes dificuldades em curto prazo.
Veja-se que, após o anúncio dos ajustes fiscais do governo, a Fundação Perseu Abramo, do PT, critica a gestão petista, afirmando que ela “adota estratégia bastante conservadora e ortodoxa na política econômica. O problema é que, diante da continuidade de um mundo em crise e da desaceleração abrupta do mercado interno (ultimo motor de crescimento da economia nacional que ainda funcionava), a possibilidade desses ajustes aprofundarem as tendências recessivas da economia nacional não é desprezível”.
Outro petista, insatisfeito com os rumos das medidas econômicas adotadas no segundo mandato da petista, declarou que “Sou PT, mas não sou cordeiro nem omisso. Para enfrentar a crise, o governo optou por achacar os assalariados, como sempre fizeram os governos de direita, em vez de enfrentar os sonegadores e o grande capital. Não foi nisto em que votamos. Em defesa de nosso projeto e do PT, FORA LEVI. Não trairemos nosso projeto NEM QUE A VACA TUSSA!”.
Como se vê, a tática desenvolvida pelo ex-presidente é de se manter a distância, no comando das sessões de massacre e de críticas ao governo, que são destiladas em doses bem cuidadas, com o veneno de letalidade peculiar da especialidade estratégica petista de desconstrução e destruição das pessoas, com a finalidade de abater lentamente as forças da vítima, para que esta se sinta carente de apoio, que será, por inevitável, procurado justamente junto ao grupo responsável pela debilidade político-administrativa dela.
Tendo em conta que esse lastimável episódio se restringe na ferrenha disputa de poder entre grupos do próprio partido, seria da maior conveniência, para o bem do Brasil, que os petistas se engalfinhassem de morte entre si, de modo que, ao final da contenda, não restasse nenhum vivente sequer para contar essa história de imundície travada em razão de interesses contrariados.
Nunca se viu tanto apequenar de um país, em tão pouco tempo, em termos de condições social, econômica, política e democrática, em razão da incompetência na execução das políticas públicas, com destaque para a política econômica, cujo desempenho desastroso é evidenciado pelo ridículo resultado do Produto Interno Bruto, que, em 2014, se aproximou muito de zero e, em 2015, poderá atingir 0,5%, o que significa dizer que haverá terrível dificuldade para os investimentos públicos e privados, acarretando diminuição da arrecadação, retração da oferta de empregos, redução dos salários e principalmente forte tendência da desindustrialização, diante da falta de condições para a competitividade da produção nacional.
Não há a menor dúvida de que a situação econômica do país é desanimadora, em face da falta de reformas das estruturas pertinentes ao processo produtivo, notadamente pela resistência às reformas previdenciária - a partir da racionalização dos encargos, que são elevadíssimos - e tributária - mediante a diminuição da altíssima carga dos tributos -, além da falta de aperfeiçoamento e modernização dos mecanismos capazes de contribuir para fomentar os investimentos e a produtividade, que são indispensáveis à retomada do desenvolvimento do país.
Para completar a tragédia da gestão dos recursos públicos, cite-se, por ser inevitável, a terrível crise de credibilidade do governo, que não consegue se desvencilhar das corrupções endêmicas e sistêmicas, a exemplo dos escândalos da Petrobras, que desmoralizam por completo a administração do país, em face da demonstração de incapacidade para combater essa grave chaga que foi potencializada nos últimos anos, em evidente prejuízo para os interesses do país.
A sociedade precisa, com urgência, despertar-se da letargia que permite que a nação seja administrada de forma incompetente e ineficiente, à vista da situação caótica em que se encontra o país, sempre envolto em despudoradas disputas quanto à dominação político-administrativa, como se a República pertencesse ao partido que se consolida na perenidade no poder, em completa demonstração de desprezo ao salutar princípio de alternância no poder. Acorda, Brasil!   
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 24 de janeiro de 2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário