A população de uma cidadezinha do interior do México,
cansada do crescente índice de violência e criminalidade que a atormentava,
houve por bem fazer justiça com as próprias mãos.
Uma multidão de mais de 100 pessoas se mobilizou e apanhou
quatro contumazes ladrões em ação, aplicou-lhes severo espancamento e depois os
deixou amarrados em árvores da localidade.
Os delinquentes foram flagrados roubando casas, que
eram invadidas com mais frequência à noite. A quadrilha que foi surpreendida
pela ação popular era integrada por dois homens, uma mulher e um adolescente,
que, depois de capturados, foram espancados e expostos na via pública de um
bairro.
A reação popular foi tão violenta que um dos integrantes
do grupo não resistiu aos maus-tratos e acabou morrendo. Embora a mulher
tivesse alegado estar grávida, mesmo assim não foi poupada dos violentos espancamentos.
Segundo um morador da região, “Nós avisamos. Avisamos uma, duas, várias vezes e eles sempre voltavam
para nos roubar. Avisamos que iríamos pegá-los e o fizemos”.
É induvidoso que a questão da violência é de
abrangência mundial, embora ela sobressaia com maior destaque nos países que descuidaram
da priorização das políticas públicas objetivando cuidar com intensificação das
suas causas, como forma eficiente para combatê-la e proteger a sociedade.
Também é evidente que os atos infracionais devem
ser punidos em consonância com as leis penais do país, não se justificando que
seja feita justiça com as próprias mãos, porque isso se coaduna muito mais com
medidas de irracionalidade que não contribuem, em pleno século XXI, para a
humanização. Não obstante, não se quer dizer com isso que deva haver tolerância
com a bandidagem e a criminalidade. Nada disso, porque existem os mecanismos
apropriados para se cuidar dos casos de delinquência, bastando apenas aplicá-los
adequada e racionalmente, à medida que houvesse interesse político para tanto.
Convém que haja esforço da sociedade prejudicada no
sentido de se conscientizar sobre a necessidade de se eleger representantes que
se comprometam a atuar com eficiência e presteza contra as mazelas consistentes,
em especial, na falta da prestação de serviços públicos de qualidade, inclusive
de segurança pública, de modo que o combate à criminalidade seja objeto de prioridade
permanente, especialmente nas regiões onde os índices de violência sejam em
potencial alarmantes, a exemplo do caso focalizado na reportagem, que ocorrem
com banalidade em muitas localidades brasileiras.
Não há dúvida de que a violência é fruto da
contextualização do país, cujos governantes vêm demonstrando completa leniência
com o status quo, possivelmente em
razão da falta de pressão, que é visivelmente inexistente por parte da sociedade,
como se ela estivesse conformada com a inconsistência e deficiência das
políticas de segurança pública, por falta de priorização e de maciços investimentos,
com vistas ao aperfeiçoamento das condições de funcionamento dos sistemas pertinentes,
com a melhoria das estruturas dos policiamentos, passando pelo aumento dos
efetivos das corporações, que devem ser preparadas com treinamento e aparelhamento
dos instrumentos capazes de contribuir para a eficiência e a eficácia do
combate à criminalidade e à violência.
Na realidade, a insegurança e a violência somente
tendem a piorar enquanto a sociedade for complacente com governantes
populistas, incompetentes, displicentes e irresponsáveis, permitindo que eles
continuem representando-a de forma prejudicial aos seus interesses,
principalmente nos moldes prevalecentes no país tupiniquim, à vista da péssima
remuneração dos responsáveis pela operacionalização da segurança pública, da
incompatibilidade dos efetivos das corporações com a população, quando esta
cresce inversamente à recomposição de pessoal daquelas unidades de policiais,
em evidente comprometimento da eficiência dos resultados de combate à
criminalidade.
Urge que haja transformação da mentalidade da
sociedade, notadamente na busca de solução racional para se combater, com
efetividade, a criminalidade, porque a barbárie dos espancamentos, tanto no
país tupiniquim como no exterior, somente contribui para aumentar ainda mais a
violência, que tem sido aliada da incompetência das autoridades públicas, ante
a sua cumplicidade com ela, em consonância com a demonstração da falta de
interesse para solucionar as causas da incidência da criminalidade.
Diante dos fatos recorrentes, principalmente no
país tupiniquim, convém que a sociedade faça verdadeiro exame de consciência, em
enorme esforço de mobilização, para exigir das autoridades públicas, com enfoque
maior para os governantes e os parlamentares, com vistas a se encontrar urgente
solução, de forma racional e humana, para o gravíssimo problema da insegurança pública
que tanto aflige a humanidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 07 de janeiro de 2015
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