Nesta
data, os sobreviventes do terrível regime nazista e líderes mundiais
participaram da cerimônia em homenagem ao 70º aniversário da libertação, em 27
de janeiro de 1945, pelos soldados soviéticos, do campo de concentração de
Auschwitz, tendo como destaque, no evento, pedido à comunidade internacional
para se evitar que tragédia semelhante ao Holocausto se repita.
Segundo
as estimativas, devem ter sido mortas cerca de 1,1 milhão de pessoas em
Auschwitz, com predominância para judeus, que foram assassinados juntamente com
prisioneiros de guerra poloneses, romanos e soviéticos, além de vítimas de
outras nacionalidades. As pessoas eram mortas com gás, fuziladas, enforcadas e
depois incineradas no campo durante a Segunda Guerra Mundial, até a chegada
salvadora do Exército Vermelho, que derrubou seus portões no inverno de 1945.
O
local representa o principal símbolo do horroroso Holocausto, que exterminou
seis milhões de judeus, constituindo-se no maior e mais mortífero campo de
extermínio e de concentração nazista e o único preservado tal como foi
abandonado pelos alemães que fugiram do Exército Vermelho. Os demais campos de
concentração nazistas na Polônia, como Sobibor, Treblinka e Belzec, foram
totalmente destruídos pelos alemães, para eliminação das provas.
Apesar
de terem passados 70 anos do Holocausto, as lembranças dos sobreviventes de
Auschwitz são ainda vivas nas suas memórias, como se fosse agora, a exemplo dos
horríveis gritos dos eletrocutados, da angústia permanente de morrer e dos
rostos das mulheres e crianças a caminho das câmaras de gás.
Uma
sobrevivente disse-se ainda atormentada pelas recordações: “Ninguém pode imaginar o grito de uma pessoa
eletrocutada” quando, desesperada, se joga contra o alambrado para pôr fim
à sua vida. Ela disse que “Vi cadáveres
pendurados nas cercas de arames. À noite, as mulheres jovens saíam dos
barracões e iam se jogar contras as cercas elétricas. Era realmente horrível.”.
Outra
sobrevivente disse: "Acreditei que
seria incinerada aqui e que nunca viveria a experiência de meu primeiro beijo.
Mas, eu não sei como eu, uma jovem de 14 anos, sobrevivi".
Mais
um sobrevivente ressaltou que “É
possível esquecer todos esses assassinatos? É possível perdoar? Jamais poderei
esquecer as mulheres, as crianças levadas para a câmara de gás. Vamos travar uma guerra sem fim? Os mortos
não vão ressuscitar. Hoje estou contente de que haja reconciliação, de que haja
paz, de que tenham caídas as fronteiras. Estou contente e digo isso abertamente
aos alemães”.
Os
sobreviventes relembraram, com muita tristeza, os momentos difíceis e amargos passados
em Auschwitz e se emocionaram bastante diante da visita ao local onde foi palco
de martírio e de morte de milhares de pessoas inocentes.
Os
300 sobreviventes, que passaram pelos piores horrores da história humana,
aproveitaram o ensejo para advertir contra a repetição de crime semelhante ao
Holocausto.
O
presidente norte-americano fez advertência contra o ressurgimento do
antissemitismo e exortou o mundo com apelo para que genocídio como esse jamais
volte a acontecer. Ele pediu ao mundo que nunca esqueça os seis milhões de
judeus e as inúmeras outras vítimas assassinadas pelo regime nazista da
Alemanha.
Ele
ressaltou que "Os recentes ataques
terroristas em Paris servem como lembrete doloroso de nossa obrigação de
denunciar e combater o crescente antissemitismo em todas as suas formas, seja
através da negação ou da banalização do Holocausto".
O
Papa disse que "Auschwitz é um grito
de dor que, nesse grande sofrimento, está pedindo um futuro de respeito, paz e
encontro entre os povos.”.
De
sã consciência, não há o menor motivo que justifique o extermínio em escala
monstruosa e selvagem, sem que não aparecesse uma só criatura sensível e humana
para se opor ao penoso processo de matança apenas por capricho de mente
atrofiada, degenerada e contaminada pelo ódio e pela vingança, que foi capaz de
convencer seus pares sobre a infeliz necessidade das práticas tão horrorosas e
desumanas.
Os
fatos do Holocausto mostram à saciedade o quanto o homem é capaz de se
transformar em demônio pelo simples desejo de dominação, por inexplicável
conveniência social ou política, que ainda encontra respaldo no seio de pessoas
fanatizadas e mentalizadas sob o sentimento de que a maldade justifica os bestiais
ideais de domínio do homem sobre o homem.
Nunca
tanto crueldade foi perpetrada contra milhares de seres humanos, em
demonstração da mais bestialidade praticada por seu semelhante, sem a mínima
justificativa para extermínio em massa de pessoas indefesas, inocentes e puras,
que não cometeram nenhum crime para merecer o terrível castigo da morte com o
pior das crueldades.
Esta data,
há setenta anos, é marco importantíssimo na história da humanidade, por ter
sido a partir dela que o terror de uma época macabra teve fim, a qual deve ser
comemorada como símbolo de libertação e de alerta ao homem sobre a necessidade
de se respeitar a dignidade de seu semelhante, mesmo em situação de guerra.
O
holocausto significa o grau máximo da crueldade do diabo travestido de ser
humano, que não teve limite para disseminar a violência no seu esplendor
máximo, numa selvageria inominável, fato este que serve como inesquecível lição
para precaver a humanidade responsável sobre os perigos da reincidência de tão
tenebroso e injustificável caso de morticínio em massa de seres humanos. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de janeiro de 2015
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